Perícia Preventiva: como empresas evitam multas e ações trabalhistas com a nova NR-01

O que pouca gente percebeu é que, junto com a mudança, cresce também o risco de autuações, ações judiciais e indenizações milionárias. E é exatamente nesse cenário que a perícia preventiva se torna uma das ferramentas mais estratégicas que uma empresa pode adotar.

Do Reativo ao Preventivo

Tradicionalmente, a perícia trabalhista só era lembrada quando o problema já estava na Justiça. Um colaborador afastado por burnout ou um processo por assédio moral eram gatilhos para acionar um perito.

Segundo Edgar Bull, professor, especialista em higiene ocupacional, engenheiro civil, bacharel em Direito, especialista em Segurança do Trabalho e perito assistente técnico,, essa lógica está ficando obsoleta:

“Esperar a ação judicial para agir é, na prática, abrir mão do controle. A perícia preventiva permite identificar pontos críticos antes que se transformem em um passivo milionário.”

Como Funciona a Perícia Preventiva

Ao contrário da perícia judicial, que é determinada por um juiz, a perícia preventiva é contratada de forma particular pela própria empresa. O objetivo é mapear potenciais riscos trabalhistas, elaborar diagnósticos e sugerir medidas concretas para adequação à legislação.

Essa avaliação inclui:

- Levantamento de riscos psicossociais.
- Análise de carga de trabalho e processos internos.
- Identificação de situações que possam ser interpretadas como assédio ou sobrecarga.
- Revisão de registros e documentação que podem servir de prova em eventual litígio.

O resultado é um relatório técnico robusto, que serve tanto para orientar melhorias internas quanto para blindar juridicamente a empresa.

O Impacto Direto no Caixa

Com a nova NR-01, empresas que não conseguirem comprovar ações efetivas de prevenção podem enfrentar multas, autuações e até interdições de atividades. Além disso, dados do Ministério da Previdência Social mostram que os afastamentos por questões de saúde mental cresceram 68% em um ano, totalizando 472 mil licenças em 2024 — um recorde histórico.

Cada afastamento prolongado representa não apenas custo direto com substituição de mão de obra, mas também risco de ações por dano moral e material.

“A perícia preventiva é muito mais barata que qualquer condenação trabalhista. É um investimento que protege a empresa e, ao mesmo tempo, melhora o ambiente de trabalho”, reforça Edgar Bull.

Vantagem Competitiva para Quem se Antecipar

Empresas que incorporarem a perícia preventiva ao seu Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) não apenas reduzem riscos legais, mas também fortalecem sua reputação como ambientes saudáveis e seguros.

No cenário atual, cumprir a lei já não é suficiente. É preciso estar preparado para provar, com dados e laudos técnicos, que a empresa atua ativamente para preservar a saúde física e mental de seus colaboradores.

Edgar Bull conclui: “A NR-01 não é apenas mais uma exigência burocrática. É uma mudança de paradigma que exige das empresas uma postura proativa. A perícia preventiva é o elo entre conformidade legal e inteligência de gestão, uma estratégia que pode salvar empresas de prejuízos milionários e preservar o capital humano que sustenta o negócio.”

Edgar Bull – Engenheiro e Perito Judicial Especialista em Segurança do Trabalho

Edgar Bull é Engenheiro Civil formado pela USP, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e Higiene Ocupacional e bacharel em Direito. Com uma trajetória sólida e ampla experiência em perícias judiciais, ele atua como perito nos Tribunais Regionais do Trabalho da 2ª e 15ª regiões, além de ser membro ativo da Comissão de Perícias da OAB e professor de pós-graduação do SENAC. Responsável técnico pela EST da METRA (Medicina e Assessoria em Segurança do Trabalho), Edgar é referência em segurança do trabalho e avaliação de riscos, com um olhar especializado para a proteção dos trabalhadores e a conformidade legal das empresas.