CEO que não assume protagonismo compromete confiança e resultados da empresa

A transparência radical (termo cunhado no Vale do Silício para descrever uma postura de abertura máxima com o mercado) vem ganhando força no Brasil. Ainda assim, em muitas empresas, esse movimento é tímido. No mercado B2B, onde as decisões envolvem múltiplos atores e ciclos longos de venda, a confiança não é mais um diferencial, é uma condição de sobrevivência.

Essa é a análise de Fernanda Nascimento, sócia da consultoria Stratlab e referência em posicionamento de marca para empresas B2B. Para ela, em um ambiente em que decisões são tomadas com base em reputação e percepção de valor, o papel do CEO vai além da gestão técnica: ele deve ser agente ativo na construção da confiança. “A liderança precisa se comprometer publicamente com a reputação da empresa. Isso exige mais do que discursos bem ensaiados. Hoje, o CEO é a vitrine viva da organização. Quando é inconstante ou incoerente, a credibilidade da marca entra em xeque”, afirma.

Estudos recentes reforçam esse cenário. O The State of B2B Marketing 2024, da LinkedIn B2B Institute, aponta que 78% dos decisores B2B consideram a reputação da liderança um fator determinante na escolha de fornecedores ou parceiros estratégicos. Já o Edelman Trust Barometer destaca que os atributos mais valorizados na construção de confiança hoje são: autenticidade, clareza de propósito e comunicação transparente.

“Não estamos mais na era em que reputação se protegia com campanhas publicitárias. Ela se constrói no dia a dia, nas redes sociais, em eventos, entrevistas e até nos silêncios. O líder que entende isso transforma sua imagem em um ativo de influência, conexão e diferenciação”, reforça Fernanda. A especialista defende ainda que empatia, propósito e vulnerabilidade se tornaram atributos estratégicos e que líderes que se posicionam com coragem e humanidade criam conexão real com o mercado. “E conexão gera engajamento, fidelidade e performance”, afirma.

Fernanda faz referência ao SXSW London 2025, que colocou em evidência a ressonância humana como o novo KPI da liderança. “O líder do futuro é aquele que constrói pontes, não apenas processos”, diz. Ainda segundo ela, essa presença precisa ser estratégica e prática: estar onde os stakeholders estão, seja LinkedIn, mídia especializada, fóruns e eventos, por exemplo, e comunicar de forma clara, contínua e coerente com os valores da marca. É necessário também alinhar discurso e prática com consistência, além de humanizar a presença digital com autenticidade.

A liderança, segundo Fernanda, também cumpre um papel social e emocional. CEOs que incentivam conexões autênticas, dentro e fora da organização, tornam-se curadores de comunidades, verdadeiros “Chief Social Health Officers”. Isso fortalece a cultura organizacional e protege a marca contra riscos reputacionais invisíveis, como ruído interno e desengajamento. “Marcas que criam pertencimento são mais seguidas do que marcas que apenas funcionam. O CEO que promove ambientes de conexão genuína transforma cultura em vantagem competitiva”, reforça.

Além da inteligência emocional, a capacidade de traduzir complexidades se tornou crítica para CEOs na era da IA e do ESG. Fernanda cita insights da futurista Amy Webb, também no SXSW: “O líder moderno precisa ser o tradutor oficial dos impactos tecnológicos. Não basta entender inovação, é preciso comunicá-la com clareza, visão e direção estratégica”, fala. Por fim, a especialista alerta: a atuação pública do CEO impacta diretamente indicadores como NPS, ciclo de vendas, conversão de leads e reputação institucional.

“Liderança não se exerce apenas na sala da diretoria. Ela acontece na timeline do LinkedIn, nas entrevistas para a imprensa, nos vídeos enviados a clientes. O CEO que entende isso fortalece sua marca, acelera negócios, atrai talentos e reduz riscos”, conclui.

Sobre Fernanda Nascimento

Fernanda Nascimento é planejadora de Marketing, fundadora e CEO da Stratlab, empreendedora, estrategista digital centrada no cliente e especialista em marketing e vendas B2B, que estuda e cria estratégias de marketing digital para empresas B2B. Com mais de 30 anos de mercado, atua na Stratlab, criando planejamentos integrados que priorizam a experiência do cliente, geram leads e convertem em vendas de alta qualidade. Possui Master’s Degree em Marketing pelo Chartered Institute of Marketing, tem especialização em Liderança e Estratégia pelo Insper e Columbia University. É professora convidada na Lemonade School, FGV e ESPM, ministrando cursos de Marketing Digital aplicado às áreas de Marketing, Vendas e Recursos Humanos. É influencer para o LinkedIn e Gartner e colabora com artigos sobre Estratégias Digitais e Thought Leadership para IT Forum e E-commerce, entre outros portais. Em 2017 foi certificada como Social Selling Expert pelo LinkedIn e em 2023 foi convidada a integrar o LinkedIn Sales [In]sider, grupo global de especialistas em vendas, sendo a única integrante latino-americana. É coautora do livro Thought Leadership: muito além da influência.

Sobre a Stratlab

A Stratlab é uma martech (empresa de tecnologia em marketing) que desde 2014 integra equipes multidisciplinares e ferramentas avançadas para contribuir para o crescimento e o desenvolvimento de negócios no ambiente digital. A empresa tem como principal objetivo empoderar os clientes em marketing digital, nas vendas estratégicas para mercados B2B e em Customer Experience (CX), garantindo a presença das marcas com inteligência em diferentes mídias profissionais. Ao longo da sua trajetória, a Stratlab já implementou com sucesso estratégias em mais de 300 empresas, com mais de R$ 150 milhões em negócios realizados, envolvendo mais de 10 mil profissionais. Para mais informações, acesse: www.stratlab.com.br.