Geração Z lidera mudanças e aplica estilo próprio de gestão nas empresas brasileiras
Profissionais com menos de 30 anos já ocupam cargos de liderança e Infojobs debate como esses novos líderes estão transformando a cultura corporativa com novos modelos, valores e prioridades
Enquanto muitas empresas enxergam a Geração Z como muito novos ou imaturos profissionalmente, eles estão não apenas integrando os quadros corporativos, como também já estão à frente de posições estratégicas e de liderança. Em áreas como tecnologia, marketing digital, vendas e inovação, não é raro encontrar profissionais com menos de 30 anos liderando times, decisões estratégicas e transformações culturais. De acordo com Hosana Azevedo, Gerente Sênior de RH da Redarbor Brasil — grupo que detém o Infojobs, site de empregos mais usado do país —, essa é apenas a ponta do iceberg de uma mudança que tende a se acelerar nesta década.
“Estamos vivenciando uma integração geracional que já é realidade dentro das empresas. A Geração Z não está apenas ingressando no mercado de trabalho, ela já lidera, promove transformações e contribui com resultados concretos. Essa geração tem pressa, propósito e coragem para questionar o status quo. E, quando bem integrada aos demais talentos da organização, é capaz de impulsionar mudanças relevantes e de impacto.”
Uma pesquisa do Infojobs mostrou que para o grupo, o fator mais decisivo para a escolha de uma carreira é, sem surpresas, salário e estabilidade financeira, apontado por 70% dos jovens como prioridade. Mas a remuneração não vem sozinha: equilíbrio entre vida pessoal e profissional (49,4%) e oportunidades de crescimento (48,2%) aparecem logo em seguida, mostrando uma geração que quer evoluir no trabalho— mas não às custas da saúde ou da qualidade de vida. “As companhias que querem atrair e reter os talentos GenZ precisam não somente oferecer bons salários e estabilidade, mas também promover a escuta ativa, feedbacks constantes, possibilidades de aprendizado, crescimento rápido e espaço para criação”, reforça a Gerente de RH do Infojobs.
E quando algo não vai bem, eles não hesitam em mudar. O principal motivo para pensar em deixar uma empresa, segundo 71,6% dos respondentes, é um ambiente tóxico ou uma cultura organizacional desalinhada com seus valores. A falta de reconhecimento (45,2%) e a ausência de equilíbrio (36,5%) também pesam na decisão.
“Eles não aceitam mais o discurso de que ‘é assim mesmo’, questionam e querem melhorar. Essa geração entendeu que respeito, inclusão e transparência são pilares fundamentais para a vida, incluindo a rotina de trabalho”, reforça Hosana.
A postura mais crítica e seletiva da Geração Z está impulsionando uma reconfiguração nas estratégias de gestão de pessoas. Empresas que insistem em manter modelos hierárquicos engessados, jornadas inflexíveis e culturas baseadas no medo e no controle estão, pouco a pouco, se tornando menos atrativas. Os jovens talentos estão atentos à coerência entre o que é dito e o que é praticado — e não hesitam em denunciar ou simplesmente sair de empresas que não entregam o que prometem.
Também há valorização profunda ao aprendizado contínuo. A pesquisa mostra que 41,7% dos entrevistados consideram as oportunidades de capacitação e desenvolvimento profissional como um fator essencial para permanecer em uma empresa.
Na prática, esse movimento representa uma renovação em frentes como employer branding, programas de aceleração de carreira e metodologias ágeis. “Cada vez mais, vemos empresas investindo no desenvolvimento e formação de novas lideranças, e confiando nelas para assumirem projetos estratégicos. Esse avanço não é casual, ele reflete uma transformação nas estruturas organizacionais, que estão mais abertas à liderança jovem, menos hierárquicas e mais orientadas a resultados. Quesitos como adaptabilidade, visão estratégica e capacidade de entrega podem pesar mais que o tempo de casa. E isso conversa diretamente com os desejos da Geração Z que quer crescer rápido, fazer a diferença e ser reconhecida pelo impacto, não apenas pela senioridade.”, complementa.
O que esperar dessa geração na liderança?
Mais do que uma questão etária, a presença da Geração Z em cargos de liderança representa um movimento de mente aberta. Esses novos líderes chegam com repertórios variados, são nativos digitais e atuam de maneira inclusiva, sendo pouco tolerantes a discursos vazios ou práticas ultrapassadas.
Isso se manifesta em rotinas mais horizontais, que priorizam feedbacks constantes e o engajamento com causas sociais e ambientais, sempre com foco em propósito e coerência corporativa. Além disso, esses líderes buscam ambientes colaborativos, falam abertamente sobre saúde mental e embasam suas decisões em dados, sem abrir mão da diversidade de perspectivas.
Principais características dessas lideranças:
1. Agilidade na adoção de inovações
Com repertórios diversos e pensamento sistêmico, esses líderes crescem em um ambiente onde a transformação digital não é um projeto, é o ponto de partida. Eles têm menos medo de experimentar, testam novas tecnologias com naturalidade e são protagonistas da automação inteligente. Para atrair e reter talentos, as empresas precisam estar abertas à experimentação constante.
2. Foco em impacto social e propósito corporativo
Para a Geração Z, não basta crescer: é preciso gerar valor para a sociedade. Por isso, causas ambientais, diversidade e responsabilidade social não são temas de marketing — são pautas estratégicas. Segundo pesquisa do Infojobs (2025), uma cultura da empresa que não condiz com os valores do funcionário é o principal motivo (71,6%) que leva a Geração Z a pensarem em deixar uma empresa.
3. Comunicação eficaz, transparente e constante
Essa geração não aceita decisões top-down sem antes entender os motivos. O diálogo aberto, a escuta ativa e o feedback contínuo são práticas comuns nas lideranças Z. Isso tem contribuído para ambientes mais horizontais e maior engajamento.
4. Valorização do bem-estar e da saúde mental do time
Falar sobre burnout, ansiedade e equilíbrio entre vida pessoal e trabalho deixou de ser tabu. A liderança Gen Z normaliza essas conversas e implementa práticas mais humanas no dia a dia. Em uma pesquisa global da consultoria Gallup, 62% dos colaboradores com líderes Gen Z afirmaram sentir-se mais seguros para falar sobre sua saúde mental no ambiente de trabalho.
5. Menor aceitação de hierarquias rígidas e processos engessados
Em vez de “comandar”, esses líderes co-criam. São mais colaborativos, flexíveis e têm aversão a estruturas engessadas. A cultura do comando e controle perde espaço para a cultura de confiança, onde o protagonismo é distribuído.
“E esse movimento que as lideranças Genz trazem não é resistência, é uma exigência legítima por coerência, impacto e protagonismo coletivo. Eles têm uma visão clara principalmente sobre o que não querem no mundo profissional, e isso desencadeia empatia e uma nova forma de lidar com os desafios das suas equipes.” comenta a Gerente de RH do Infojobs.
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