Férias produtivas: estude com leveza e sem pressão
Professor da Plataforma Professor Ferretto ensina a manter o equilíbrio entre lazer e revisão de conteúdos durante o recesso escolar; reservar tempo para descanso a outras atividades além do estudo é fundamental para bom desempenho no Enem
Para milhares de estudantes que se preparam para o Enem e outros vestibulares, julho é um mês desafiador: ao mesmo tempo em que o recesso escolar convida ao descanso, a pressão da reta final dos estudos começa a aumentar. Mas a boa notícia é que é possível, sim, aproveitar as férias sem perder o ritmo e, mais do que isso, usar esse tempo como aliado na preparação.
Pesquisas recentes reforçam a importância do descanso no processo de aprendizagem. Um levantamento da Universidade de Harvard mostrou que o sono e o lazer adequados melhoram a consolidação da memória e aumentam em até 20% o rendimento em tarefas cognitivas complexas, como resolver questões interdisciplinares, algo essencial nas provas do Enem.
Além disso, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 35% dos jovens brasileiros relatam níveis altos de estresse relacionados aos estudos, o que pode comprometer o foco, a retenção de conteúdo e até a saúde mental. Para evitar isso, o equilíbrio entre estudo e descanso se torna ainda mais essencial durante o período de férias.
“Estudar sem descanso não é sinônimo de produtividade. O cérebro precisa de pausas para processar e fixar o que foi aprendido. As férias são um ótimo momento para isso, desde que o estudante mantenha um mínimo de contato com os conteúdos”, explica o professor Michel Arthaud, da Plataforma Professor Ferretto, referência nacional na preparação para o Enem e vestibulares.
Segundo o especialista, o ideal é apostar em práticas mais leves, que mantêm o cérebro ativo sem gerar desgaste:
1. Ler livros da lista obrigatória dos vestibulares
A leitura de obras literárias exigidas em vestibulares, como Capitães da Areia (Jorge Amado), Vidas Secas (Graciliano Ramos) ou Quarto de Despejo (Carolina Maria de Jesus), é uma forma eficaz e leve de continuar aprendendo durante as férias.
Segundo razões científicas, como compiladas em uma pesquisa da PUCRS, a leitura ativa envolve um engajamento profundo do cérebro, ativando regiões como o córtex frontal, parietal, temporal e occipital, além de áreas específicas. Ela estimula a atenção, o pensamento crítico, a análise e a empatia, Essa prática também pode ajudar a proteger o cérebro contra o declínio cognitivo ao longo do tempo.
Além disso, a leitura fora do ambiente escolar favorece uma conexão mais profunda com os temas abordados. “O estudante que lê sem pressão aprende mais. As férias são uma oportunidade de se conectar emocionalmente com os personagens e refletir sobre os contextos históricos e sociais das obras. Isso ajuda não só na prova de literatura, mas também na redação e nas questões interdisciplinares”, afirma Michel Arthaud.
Ele lembra ainda que muitos vestibulares cobram análise contextual das obras, e não apenas seus resumos. “Entender a crítica social em Quarto de Despejo, por exemplo, amplia a visão do aluno sobre desigualdade e exclusão – temas cada vez mais cobrados em redações.”
2. Assistir a filmes e documentários com conteúdo interdisciplinar
Filmes e documentários também são ferramentas poderosas para manter o cérebro ativo durante o recesso. Segundo o Journal of Educational Psychology, estudantes que aprendem com recursos audiovisuais retêm até 40% mais conteúdo do que os que utilizam apenas métodos tradicionais.
Algumas sugestões para as férias:
- O Enigma de Kaspar Hauser (1974) – reflete sobre o que nos torna humanos, sendo excelente para Filosofia e redações com tema existencial;
- Que horas ela volta? (2015) – aborda desigualdade, mobilidade social e relações familiares, temas caros à Sociologia e à prova de redação;
- Democracia em Vertigem (2019) – documentário que contribui para compreender a recente história política brasileira e desenvolver repertório para questões de atualidades.
“Assistir a um bom documentário com olhar crítico pode ser tão útil quanto uma aula. A dica é anotar os principais pontos, refletir e até discutir com amigos. Essa troca de ideias ajuda a consolidar o aprendizado”, explica Arthaud.
3. Revisar temas recorrentes com leveza
As férias não precisam (nem devem) ser uma maratona de simulados. A recomendação do professor é usar o tempo para revisar conteúdos estratégicos, com foco nos temas mais recorrentes das provas.
Segundo o próprio Enem, temas como funções matemáticas, ecologia, interpretação de texto e cidadania aparecem com frequência nas edições mais recentes. “Vale revisar essas áreas resolvendo uma ou duas questões por dia, apenas para manter o contato com o conteúdo”, sugere Arthaud.
Ele reforça que o objetivo nesse período é mais manutenção do que avanço. “Estudar cerca de 30 a 40 minutos por dia já é suficiente para preservar o ritmo. Isso evita a chamada ‘ressaca cognitiva’ quando o aluno retoma os estudos em agosto”, diz.
4. Explorar outras formas de aprendizado
O uso de podcasts, vídeos e jogos educativos vem ganhando espaço como complemento ao estudo tradicional. De acordo com uma pesquisa da Pearson, 74% dos jovens da Geração Z acreditam que aprendem melhor com vídeos do que com aulas expositivas. Os canais no YouTube, como o Café com química ou o Ferretto Matemática, por exemplo, trazem revisões curtas e diretas ao ponto.
“Não é hora de estudar por cinco horas seguidas. Uma ou duas horas por dia, com foco em revisão e em atividades que despertem interesse, já são suficientes para manter o ritmo e, ao mesmo tempo, descansar de verdade”, afirma Arthaud.
5. Tirar uma semana inteira para relaxamento
É importante manter o ritmo para não perder o costume, mas descansar pelo menos uma semana completa, totalmente desconectado dos estudos, é fundamental para estudantes de vestibular que mantêm uma rotina intensa. Pesquisas mostram que pausas prolongadas ajudam a reduzir o estresse crônico e evitam o esgotamento mental, além de melhorar o desempenho cognitivo e a memória — habilidades essenciais para quem está se preparando para provas exigentes.
Um estudo publicado na Frontiers in Human Neuroscience destaca que períodos de descanso favorecem a consolidação do aprendizado e aumentam a criatividade na resolução de problemas. Além disso, o sono e o lazer durante esse intervalo contribuem para o equilíbrio emocional, a saúde física e o bem-estar geral, fatores que impactam diretamente na produtividade e na qualidade dos estudos após o retorno. “Não precisa estar conectado todos os dias, uma pausa generalizada pode te ajudar a voltar com mais força”, reforça Michel.
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