Aberje Trends 2025: CEOs Revelam a Importância da Comunicação Estratégica em Tempos de Instabilidade
No Aberje Trends 2025, executivos da Microsoft, Gerdau, McDonald's, Latam e BHP falam como a comunicação, no exercício da liderança, deve estar atenta à urgência de coerência, escuta ativa e responsabilidade pública
O cargo de CEO no Brasil exige cada vez mais um novo tipo de liderança: pública, transparente, comunicadora. Esse foi o tom da mesa “Comunicação e gestão: o desafio dos CEOs em meio ao caos global”, realizada no 9ª edição do Aberje Trends. O painel reuniu Priscyla Laham (Microsoft Brasil), Gustavo Werneck (Gerdau), Rogério Barreira (Arcos Dorados), Jerome Cadier (Latam Brasil) e Emir Calluf Filho (BHP Brasil) e teve a mediação da jornalista Mariana Segala, diretora de redação do InfoMoney.
Logo no início, os participantes refletiram sobre os desafios da gestão no contexto brasileiro. Para Emir Calluf Filho, presidente da BHP, “as mudanças acontecem em horas, mas o diferencial competitivo do país está na resiliência e criatividade dos brasileiros”. A CEO da Microsoft Brasil, Priscyla Laham, destacou a complexidade do ambiente, mas também sua riqueza: “Somos empáticos, adotamos tecnologia com rapidez e operamos em um contexto culturalmente vibrante”. Já Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil, avaliou que a imprevisibilidade brasileira pode preparar os líderes para o atual cenário global. O presidente da Arcos Dorados, Rogério Barreira, pontuou que liderar no Brasil exige escuta ativa: “O país é múltiplo. Entender suas diferentes culturas é essencial para tomar boas decisões”.
Questionados sobre a coerência entre discurso e prática, os executivos foram enfáticos: autenticidade não é opcional. Para o CEO da Latam, “honestidade radical é a única maneira de liderar em um mundo hiperconectado”. Priscyla Laham reforçou que a coerência começa na escuta e na escolha de quem representa a empresa. “Não existe mais separação entre vida pessoal e profissional”, afirmou. Representando a BHP, Emir alertou que os líderes hoje não têm margem para inconsistência: “Você representa a empresa 24 horas por dia. Se não for autêntico, vai escorregar”.
O executivo da Arcos Dourados ressaltou que a coerência é especialmente testada nas crises. Já o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, concluiu: “As empresas precisam mostrar o que pensam. A liderança não pode se esconder”.
IA como ponto de inflexão
O impacto da IA nas organizações gerou consenso. Priscyla classificou a tecnologia como a “maior transformação social desta geração”, e defendeu a regulação como chave para a competitividade brasileira. “Se o Brasil investir em letramento digital e construir uma infraestrutura robusta, pode se posicionar de forma estratégica nesse novo ciclo”, avaliou.
Diversidade e reputação: discurso e prática
Mesmo diante de recuos em políticas de inclusão no cenário internacional, Barreira reforçou que a Arcos Dourados mantém seu compromisso: “A marca é americana, mas a operação no Brasil é feita por brasileiros. A diversidade aqui é vivida, não apenas comunicada”. Segundo ele, diversidade é parte da estratégia de negócios e da experiência do cliente.
O debate também abordou como reputação e propósito influenciam decisões estratégicas. Priscyla lembrou que tudo comunica, e que cada ponto de contato com o público contribui para a imagem institucional. O presidente da Arcos Dorados citou a rastreabilidade da carne como exemplo: “Poderíamos abrir mão disso, mas seria incoerente com tudo o que defendemos”. Cadier explicou que a Latam trabalha com indicadores próprios para medir reputação, e que a pandemia foi um divisor de águas na relação da companhia com o poder público. Werneck, da Gerdau, destacou o papel dos comunicadores nesse processo: “Precisamos de ajuda para ouvir melhor, com os ouvidos, com os olhos e com o coração”.
Comunicação interna
Sobre o sucesso da comunicação com colaboradores, os CEOs citaram clareza, pertencimento e proximidade. Para Emir, “sucesso é quando todos sabem para onde a empresa está indo”. A executiva da Microsoft complementou: “Não basta transmitir informações. É preciso gerar conexão e propósito”.
Segundo Cadier, o papel dos gestores é fundamental nesse processo: “Hoje, ativar os líderes como agentes de reputação interna é mais eficaz do que campanhas institucionais”. Werneck alertou para o desafio do tempo: “A maior barreira é o tempo dos líderes. A comunicação precisa ser prioridade”.
Crises e política econômica
Werneck também abordou a pressão do cenário internacional sobre a indústria brasileira. Ao comentar a política tarifária dos EUA, defendeu a comunicação como ferramenta de equilíbrio: “O custo Brasil é estimado em R$ 1 trilhão. Precisamos defender nossas empresas com clareza, sem gerar pânico, mas com firmeza”.
Na mesma linha, o CEO da Latam ressaltou que, em um ambiente acelerado, a complexidade se perde: “Nem tudo cabe em 15 segundos. Precisamos explicar temas difíceis com profundidade”.
O líder da BHP compartilhou sua experiência após a tragédia de Mariana e o processo de reconstrução. “Reconstruímos duas cidades. Em um caso, um morador pediu que a pedra da casa antiga estivesse presente na nova. Isso é comunicação com escuta verdadeira”, relatou.
CEO como símbolo
No encerramento, os executivos discutiram se se consideram influenciadores. Para o presidente da BHP, “não tem como não ser. As pessoas observam o tempo todo”. A CEO da Microsoft completou: “Hoje, representar uma marca é representar uma cultura”. Barreira destacou que essa responsabilidade precisa ser compartilhada com toda a organização. Cadier alertou para os riscos da vaidade e reforçou o valor do propósito. E Werneck encerrou com um convite coletivo: “Como vamos transformar a imagem do CEO brasileiro nos próximos dez anos?
Sobre a Aberje: A Aberje - Associação Brasileira de Comunicação Empresarial é uma organização profissional e científica sem fins lucrativos e apartidária. Tem como principal objetivo fortalecer o papel da comunicação nas empresas e instituições, oferecer formação e desenvolvimento de carreira aos profissionais da área, além de produzir e disseminar conhecimentos em comunicação. Com mais de 1.000 empresas associadas, está presente em diversas partes do Brasil a partir dos seus Capítulos Regionais, e também possui forte representação em instituições internacionais, posicionando-se como um think tank da Comunicação Empresarial Brasileira.
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