Pesquisa mostra que empresas valorizam soft skills como comunicação e colaboração

O mercado de trabalho tem passado por mudanças significativas, impulsionado por uma economia mais dinâmica e por novas formas de organização profissional. Nesse cenário, empresas e áreas de Recursos Humanos têm ampliado seu olhar para além das competências técnicas, valorizando também as habilidades comportamentais, fundamentais para a adaptação, colaboração e crescimento dos profissionais. Atento a esse contexto, o Instituto Reciclar, em parceria com o CIEE, realizou um levantamento para identificar quais são as soft skills mais buscadas pelos empregadores na contratação de jovens entre 14 e 24 anos.

Conhecidas como soft skills, atualmente, as habilidades socioemocionais são apresentadas como requisitos essenciais nas vagas e anúncios de emprego, exigindo, principalmente dos jovens profissionais, além das competências técnicas, uma capacidade de desenvolvimento do comportamento humano. De acordo com a pesquisa realizada pelo Reciclar em 2023, as principais competências socioemocionais observadas pelos empregadores na hora da contratação estão: comunicação, proatividade, flexibilidade, trabalho em equipe, organização e capacidade de resolução de problemas, sendo a comunicação foi considerada a soft skill mais importante, citada por 76% dos empregadores, e a proatividade a segunda mais mencionada, por 63% dos respondentes.

A pesquisa aponta que essas habilidades são consideradas fundamentais para o desenvolvimento profissional e para a adaptação dos jovens às exigências do mercado de trabalho atual. As competências mais citadas estão diretamente ligadas à realidade de jovens entre 14 e 24 anos, favorecendo uma inserção mais autônoma, segura e expressiva no mundo do trabalho. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o aumento da empregabilidade nesse grupo contribuiu diretamente, em 2024, para a redução da taxa de desemprego no país e para o fortalecimento da economia.

“Essa alta na taxa de empregabilidade das novas gerações no mercado de trabalho, mostra que o investimento em desenvolvimento pessoal e profissional, principalmente das Gerações Z e Alpha, pode gerar um impacto positivo em toda a cadeia produtiva no país e contribuir para uma transformação na economia brasileira. Por isso, é preciso preparar os jovens para lidar com problemas reais e construir habilidades socioemocionais que ficarão para além dos programas de estágio ou jovem aprendiz, mas acompanharão cada um deles ao longo de suas carreiras”, afirma Carlos Henrique Lima, diretor-executivo do Instituto Reciclar.

Quando as soft skills mudam vidas

A jovem Tamires Couto, 23 anos, é um exemplo de como o desenvolvimento socioemocional pode impactar diretamente na trajetória profissional. Nascida no Norte do Brasil, ela chegou a São Paulo com a mãe e três irmãos, enfrentando inúmeros desafios e inseguranças. No Instituto Reciclar, encontrou oportunidades de crescimento.

“Em São Paulo, tudo era novidade para mim, a escola, a casa e a oportunidade de me juntar ao Reciclar, mas eu era extremamente tímida, evitava contato visual, falava baixo e se retraía diante de qualquer exposição”, relata Tamires.

Foi nas aulas de teatro, oferecidas pela instituição, que ela encontrou um espaço seguro para se expressar e desenvolver autoconfiança. Com o apoio do Programa Educacional do Reciclar, Tamires fez curso técnico em Análises Clínicas e concluiu a graduação em Farmácia. Hoje, atua como laboratorista no Hospital Israelita Albert Einstein.

“É interessante que, ao longo do tempo, Tamires passou a se posicionar com mais segurança, a interagir com colegas de forma mais aberta e até mesmo a ajudar outros estudantes mais tímidos. Hoje ela se tornou uma referência positiva no grupo e segue sua trajetória profissional com mais autonomia e autoestima, demonstrando que, com apoio e oportunidades, é possível transformar dificuldades em crescimento pessoal”, comenta Carlos.

Outra trajetória transformadora é a do jovem Luiz Arruda, 20 anos. Com ótimo desempenho escolar, mas dificuldades de socialização, Luiz ingressou no Instituto Reciclar em 2021 e participou do Programa de Mentoria.

“Minha mãe conta que sempre fui um aluno exemplar, de ótimo desempenho escolar e boas notas. Mas, por outro lado, apresentava dificuldades de socialização e tinha como principal desafio vencer a timidez. Foi assim que cheguei ao Reciclar”, conta Luiz.

Com apoio do mentor e da equipe da entidade, ele construiu com clareza seu projeto de vida e carreira, reconhecendo suas potências e enfrentando os desafios pessoais. Hoje, atua como Desenvolvedor Assistente de Sistemas na Noovi, empresa de tecnologia, e está cursando tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

Em 2024, o Instituto Reciclar já atendeu mais de 355 mil pessoas em diferentes regiões do Brasil, contribuindo para a inclusão produtiva, o acesso à educação e o desenvolvimento de competências essenciais à empregabilidade. A pesquisa reforça um ponto cada vez mais claro para o mercado: desenvolver soft skills é fundamental não apenas para conquistar uma vaga, mas para formar jovens mais preparados, autônomos e resilientes ao longo de suas carreiras

Sobre o Instituto Reciclar: O Instituto Reciclar é uma organização sem fins lucrativos que atua há 30 anos com o objetivo de promover a educação e a inclusão produtiva de jovens em situação de vulnerabilidade social, por meio de diferentes iniciativas e programas sociais focados na educação e formação profissional. No último ano, 355 mil pessoas foram impactadas pela atuação da organização em diferentes regiões. Pelo 8º ano consecutivo, o Instituto Reciclar foi eleito uma das 100 Melhores ONGs do Brasil e pelo 2º ano A Melhor ONG de Geração de Renda do País.