Desafios e oportunidades para brasileiros que desejam empreender nos EUA

Com o sonho de expandir seus horizontes e empreender nos Estados Unidos, muitos brasileiros buscam alternativas para investir em um mercado mais amplo e promissor. No entanto, o caminho até o sucesso não é simples. De acordo com Fernanda Spanner, CEO da Spanner Consulting, muitos empreendedores brasileiros enfrentam barreiras culturais, fiscais e financeiras que podem comprometer suas chances de sucesso.

"Empreender nos EUA é uma oportunidade de crescimento, mas também exige muita preparação. O primeiro passo é sempre o planejamento — jurídico, financeiro e estratégico", afirma Fernanda Spanner. Ela explica que o empresário deve, inicialmente, decidir o tipo de negócio que deseja abrir e entender como funciona a estrutura legal americana, que oferece opções como LLC, Corp e S-Corp. Além disso, é crucial buscar o suporte de um contador especializado para lidar com questões fiscais internacionais.

Erros comuns de empreendedores brasileiros nos EUA

No entanto, o sonho de empreender nos EUA pode ser frustrado por erros comuns cometidos logo no início da jornada. De acordo com a CEO da Spanner Consulting, muitos brasileiros não compreendem a complexidade do sistema tributário americano. "Não entender o funcionamento do sistema fiscal dos EUA pode ser um erro fatal. Muitos empreendedores falham por não planejar adequadamente suas obrigações fiscais, o que pode levar a multas pesadas", alerta Fernanda.

Outro erro recorrente é tentar aplicar modelos de negócios brasileiros diretamente nos EUA, sem considerar as diferenças culturais e legais. “O que funciona no Brasil nem sempre funcionará nos Estados Unidos. A adaptação cultural e o entendimento do consumidor americano são essenciais para o sucesso do negócio”, explica Fernanda.

Setores com baixa barreira de entrada

Embora existam desafios, há setores mais acessíveis para quem deseja começar a empreender nos EUA. De acordo com Fernanda Spanner, áreas como contabilidade para imigrantes, e-commerce, serviços de limpeza, construção, estética e alimentação rápida são algumas das opções com barreiras de entrada menores. "Franquias e negócios home-based também podem ser uma ótima opção para quem quer começar de forma mais estruturada, com o suporte de uma marca já estabelecida", diz a CEO.

Um alerta importante é que a fluência no inglês é, sem dúvida, um diferencial competitivo para quem deseja se estabelecer no mercado americano, mas, segundo Fernanda, o nível de domínio do idioma pode não ser um impedimento no início. "Se o seu público-alvo são brasileiros ou hispânicos, o inglês intermediário já pode ser suficiente. No entanto, à medida que o negócio cresce, o domínio do idioma vai se tornar um fator importante", explica a especialista.

Fernanda ressalta que, mais importante do que a perfeição do inglês, é ter clareza na comunicação, atender os clientes de forma profissional e estar disposto a aprender continuamente.

Comportamento do consumidor e adaptação do negócio

O comportamento do consumidor nos EUA também exige uma adaptação. "O americano valoriza praticidade, pontualidade, clareza nas políticas de devolução e, principalmente, um excelente atendimento", destaca Fernanda. "Se o empreendedor brasileiro não conseguir entregar um serviço ou produto com o nível de qualidade esperado, pode perder rapidamente a credibilidade no mercado."

No entanto, há uma vantagem quando o negócio se destina a imigrantes brasileiros ou hispânicos. "A afinidade cultural e a confiança mútua facilitam a adaptação inicial. Mesmo assim, é fundamental que os empreendedores adaptem seus produtos e estratégias de marketing ao mercado local para conseguir expandir além dessas comunidades", aconselha Fernanda.

O desafio da assessoria especializada

Embora haja muitos contadores e consultores nos Estados Unidos, Fernanda Spanner aponta a carência de profissionais que compreendam as particularidades fiscais e culturais entre Brasil e EUA. "Muitos brasileiros se deparam com dificuldades por não contar com profissionais experientes nas especificidades da tributação internacional e da estruturação de negócios binacionais", explica a CEO.

Ela recomenda que os empreendedores busquem consultoria especializada para evitar erros graves que possam prejudicar o negócio, como problemas com dupla tributação ou uma estrutura societária inadequada para imigrantes.

O poder do Networking

O networking é outro ponto crucial para quem está começando a empreender nos EUA. "Participar de comunidades de imigrantes e grupos de apoio pode ser uma excelente forma de compartilhar experiências, encontrar oportunidades de negócio e criar uma rede de contatos", afirma Fernanda Spanner.

Ela destaca que, para muitos empreendedores, o networking é fundamental, especialmente quando não há grandes recursos financeiros para investir em marketing e estrutura. "Essas comunidades funcionam como uma verdadeira rede de apoio, onde é possível aprender com as dificuldades de outros empreendedores e encontrar soluções criativas para os desafios iniciais", conclui Fernanda.

A realidade do retorno ao Brasil

Embora o sonho de empreender nos EUA seja comum, a CEO da Spanner Consulting observa que muitos empreendedores acabam retornando ao Brasil após enfrentar dificuldades. “Isso pode ocorrer por vários motivos, como falta de preparo financeiro, barreiras com o idioma ou problemas migratórios. A ausência de uma assessoria especializada também é um fator crítico, levando a erros fiscais graves e prejuízos”, afirma Fernanda.

Contudo, ela explica que esse retorno não é necessariamente um fracasso. “Muitos brasileiros que retornam ao Brasil acabam levando o aprendizado da experiência nos EUA, o que pode resultar em uma nova tentativa de empreender, agora com mais preparo e visão estratégica”, conclui Fernanda Spanner.