Mercado de Fretamento Cresce com Volta ao Trabalho Presencial

O vai e vem dos ônibus fretados, comum nas ruas da Grande São Paulo antes de 2020, está, aos poucos, voltando a fazer parte da rotina de milhares de trabalhadores. A paisagem urbana, que ficou mais silenciosa durante a pandemia, passa a se movimentar novamente com o embarque dos funcionários nos coletivos corporativos. Para Gabriel Nunes, diretor da empresa de transportes de passageiros Santa Maria, esse é um dos sinais mais concretos de que o modelo presencial de trabalho está ganhando terreno novamente.

“A retomada do fretamento empresarial é um verdadeiro termômetro das políticas internas das empresas”, afirma o executivo. “Quando o serviço começa a ser reativado, é porque há um movimento real de retorno ao escritório.” A Santa Maria, que atua fortemente no setor e tem sua base operacional de fretamento na Região Metropolitana de São Paulo, com ênfase no ABC, viu sua carteira de clientes minguar durante os períodos mais críticos da pandemia, especialmente entre empresas do setor administrativo. Contratos com companhias como Alelo, Cielo e Banco Volkswagen foram encerrados não por migração para concorrentes, mas pela decisão das empresas de adotar o home office ou o modelo híbrido como solução.

Esse cenário, no entanto, começa a se inverter. Em 2024 e agora em 2025, a Santa Maria voltou a operar com um volume de clientes equivalente ao período pré-pandemia, e o crescimento não tem se limitado a contratos tradicionais. “Conquistamos três novos clientes no modelo circular e estamos investindo no fretamento entre unidades diferentes de uma mesma empresa, o chamado interpolos, como já fizemos com o Itaú em 2019, com uma operação de 24 vans”, Relata Gabriel Nunes. A estratégia tem sido ampliar o portfólio, adaptando os formatos de serviço às novas realidades corporativas, que visam não apenas eficiência logística, mas também bem-estar e retenção de talentos.

A recuperação do setor acompanha uma tendência maior de retorno ao regime presencial, ainda que gradual. Segundo pesquisa da Robert Half, 35% das empresas brasileiras já operavam totalmente de maneira presencial em 2024. Outros levantamentos mostras que cerca de 27% dos trabalhadores buscam novas oportunidades por insatisfação com o retorno ao escritório. Este é um sinal de que o modelo presencial, mesmo com resistência, está sendo imposto por boa parte do mercado.

No caso da Santa Maria, a prospecção do mercado de fretamento, no contexto da retomada do trabalho presencial, tem sido cautelosa, mas consistente. A empresa optou por manter sua atuação concentrada na Grande São Paulo, sem grandes expansões para o interior, como parte de uma estratégia de controle operacional mais rigorosa. Ainda assim, o cenário da região tem seus desafios, como a retração industrial vivida por algumas empresas relevantes, que impactam diretamente a demanda por transporte de funcionários.