Com a pandemia e o isolamento social as vendas online dispararam. As empresas passaram a investir nas chamadas “lives shopping" - também conhecidas como "live shop" ou "live commerce"- que nada mais são do que lives de vendas: uma forma de proporcionar ao cliente uma experiência de compra ao vivo, com apresentadores e chats com a participação dos internautas. Ao contrário do que muitos pensam, esse modelo veio para ficar e será cada vez mais usado.

Esse “fenômeno” não chega a ser uma novidade. A China já usava esse modelo de vendas há algum tempo. Por lá, os vídeos ao vivo já eram parte da vida do consumidor. Para se ter uma ideia, o shopping Shanghai New World fez três transmissões ao vivo com 12 horas de duração, em março, que foram assistidas por 130.000 pessoas. No Brasil, o modelo já vinha sendo testado desde 2017. Jana Moraes, precursora na profissão, começou a apresentar lives de vendas para lojas como a rede Leader Magazine desde essa época, quando o mercado ainda nem imaginava que teria que avançar anos em meses, por conta do isolamento.

“A live commerce veio para fortalecer as vendas pela internet pois além de gerar conteúdo sobre os produtos funciona como uma forma de entretenimento para o público, aumentando e retendo a audiência. Como faço o papel dos olhos dos clientes, mostrando tudo o que vou vendo na loja, eles vão descobrindo produtos e sempre comentam: "amanhã vou na loja", "adorei, quero comprar", "tem tamanho maior?", "até quando vai a promoção?". É um super incentivo no aumento de vendas! Seja online ou até mesmo, estimulando as pessoas a irem nas lojas físicas”, explica.

De uma forma dinâmica e bastante comunicativa, a apresentadora mostra as novidades e promoções da loja e dá dicas de moda feminina, masculina e infantil. O envolvimento do público foi tão grande que Leader Magazine vai criar um site exclusivo para os clientes que acompanham as lives terem descontos e benefícios exclusivos.

“A quantidade de pessoas varia. No início tinha mais quantidade, incluindo muitos curiosos. Agora temos um público muito mais fiel. Inclusive criamos a hashtag #soufiel pra quem assiste todas as lives até o final. Estamos construindo uma comunidade muito bacana! A gente conversa com o cliente durante a apresentação online, conhecendo e fidelizando ele, e a interação também acontece espontaneamente entre eles”, explica Jana Moraes.

Os números confirmam que o modelo de negócio é rentável. A consultoria iiMedia estima que o faturamento desse modelo de vendas será de 129 bilhões de dólares em 2020, um crescimento de 111% em relação a 2019. A empresa de tecnologia Cisco estima que 80% do tráfego de dados na internet será de conteúdo de vídeo até 2021 e a tendência é que isso cresça ainda mais.

Apesar de muitas influenciadoras e celebridades estarem entrando nesse universo e apresentado lives de vendas, Jana explica que não é pra qualquer um: "experiência é fundamental. Trabalhei 4 anos no canal Shoptime como apresentadora e vendedora e ficava horas ao vivo vendendo pela TV. Isso faz toda a diferença no meu trabalho atual pois sei usar os gatilhos certos para ajudar nas vendas".

Jana explica ainda que os apresentadores não precisam ser influenciadores e celebridades pois por serem profissionais da área, vendem muito do mesmo jeito.

O fato é: a empresa que investir em live shopping sairá na frente. Esse é o futuro, e ele já chegou.