O Machismo no Live Marketing
*Mônica Schimenes, fundadora e CEO da MCM Brand Group
Foi apenas em 1962 que a mulher pôde começar a criar sua própria vida. Com a mudança no Estatuto da Mulher Casada, deixamos de ser tutela de nossos maridos e nos tornamos indivíduos, com a possibilidade de termos um número de CPF próprio e perspectiva de um futuro independente. O quão longe está 1962 de hoje? Apesar de muitas leis pregarem equidade entre os gêneros, a realidade pode ser muito diferente, principalmente quando falamos do mercado de trabalho, onde a desigualdade entre homens e mulheres não diminui há 27 anos, segundo a Organização Mundial do Trabalho (OIT).
Nas empresas eles são maioria, ganham mais, estão em mais cargos de liderança e possuem maior poder de decisão. Fora dali, somos 6,3 milhões de mulheres a mais do que homens, além de sermos responsáveis por 85% das decisões de compra, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas a comunicação sempre nos viu somente como mães comprando produtos para casa, isso quando não nos estereotipam como objetos sexuais. Afinal, por que as campanhas não conversam com a gente?
Os cargos de criação são ocupados majoritariamente por homens, apenas 26% dos casos possuem mulheres à frente dessas posições. Essa discrepância pode gerar problemas na relação entre consumidores e empresas, considerando que uma pesquisa realizada pelo TrendWatching revelou que, para 65% das mulheres no Brasil, a comunicação não gera vínculo nenhum com a marca por não se sentirem representadas. E mais, o estudo feito pelo Think Eva mostrou que, para 62,4% das mulheres, a comunicação das marcas parece ser sempre 'mais do mesmo'.
A representatividade da mulher é de extrema importância, viver presenciando campanhas feitas com - e para - mulheres perfeitas com vidas sublimes fere a autoestima das pessoas reais. Hoje, por exemplo, apenas 4% da população feminina se considera bonita e a comunicação das marcas possui uma responsabilidade muito grande nesse dado assustador. As mulheres atuais desejam ser representadas por inteligência e independência.
Com equipes mistas e equilibradas, esse posicionamento tende a ser explorado de forma correta. Mentes diversas estimulam a criatividade e podem propor iniciativas de forma ágil, com a soma de ideias e vivências. É importante entender que não somos todas iguais. Nem sempre somos casadas ou temos filhos, nós também consumimos cervejas, dirigimos carros, assistimos - e jogamos - futebol.
A única forma de estabelecermos uma relação ganha-ganha nesta equação é andarmos juntos, homens e mulheres, compartilhando cargos, salários, lugar de fala, dores e privilégios como iguais. O sucesso vai acontecer quando entendermos que a realidade entre ambos é muito diferente, aceitando que precisamos trabalhar lado a lado para gerar os melhores resultados possíveis. A equidade na comunicação e na vida é o que buscam as mulheres atualmente.
*Mônica Schimenes, 45 anos, formada em Comunicação Social - Relações Públicas, pela Fundação Cásper Líbero, é fundadora e CEO da MCM Brand Group, grupo de comunicação integrada e live marketing comprometido com a diversidade e inclusão e signatária ativa do Fórum de empresas e Direitos LGBTI+. Foi eleita a mulher empreendedora de 2019 pela Weconnect Internacional, associação que identifica, certifica, apoia e conecta o empreendedorismo feminino no mundo e também é conselheira da ONG Integrare (Centro de Integração de negócios), responsável por incluir fornecedores de minoria na cadeia de compras de grandes corporações. Além do seu lado empreendedor, Mônica atua como cantora e palestrante musicista e também é mãe do Leo.
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