Falta de suporte e orientação aumenta risco de empresas fecharem já em sua fase inicial

A cada 100 brasileiros, 36 se aventuraram em alguma atividade empreendedora em 2017. Os dados da pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), encomendada pelo Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa (Sebrae), revelam que mais de 50 milhões de brasileiros já realizaram alguma atividade empreendedora. Porém, o fato de não buscar suporte e ajuda no início do negócio representa um dos principais motivos para a falência e o fechamento das empresas no Brasil.

De acordo com o Sebrae, 61% dos empreendimentos fecham nos primeiros cinco anos anos de negócio porque não procuraram instituições ou algum tipo de suporte e orientação para seu negócio. Com o objetivo de reverter essas estatísticas, em Goiás, diversos projetos de incubadoras ajudam na sobrevivência desses empreendimentos, principalmente aqueles que estão no seu estágio inicial. Tais iniciativas, desenvolvidas especialmente, por universidades e faculdades, oferecem suporte técnico, mercadológico e gerencial para empreendedores iniciantes ou quem tem uma boa ideia e quer fazer negócio com isso.

Em Goiânia, as incubadoras da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) e da Unievangélica são responsáveis por auxiliar mais de 80 empresas que estão incubadas ou em processo de pré-incubação. Os empreendedores interessados em participar passam por um processo seletivo, em que se avalia a viabilidade do negócio com base em informações do mercado. O coordenador da incubadora da PUC Goiás, Cárbio Waqued, afirma que os principais projetos estão voltados para a área de tecnologia. “Cerca de 70% são relacionados aos negócios que apresentam novos formatos e modelos tecnológicos, como propostas de novos aplicativos”, explicou.

Os projetos que ainda estão em fase de desenvolvimento passam por um processo de pré-incubação, onde são oferecidas assessorias para o amadurecimento das ideias para, posteriormente, serem incubadas. De acordo com a gerente do Centro de Empreendedorismo e Incubação da UFG, Emília Rosângela Pires, o foco da incubadora de empresas da universidade vai além da criação de negócios, mas também envolve a formação dos empreendedores. “Até 2014, trabalhávamos apenas com o processo de incubação, mas decidimos que seria importante focar também na formação empreendedora, principalmente no direcionamento dos negócios”, explicou.

O analista do Sebrae, Francisco Lima Júnior, vê nas universidades espaços importantes para a geração de conhecimento e inovações para os novos empreendimentos. “Há vários movimentos na academia que possibilitam essa evolução, como o acréscimo de disciplinas na grade, premiações para negócios inovadores e programas que estimulem a educação empreendedora”, disse.

Suporte para ideias

Aqueles que têm apenas ideias para desenvolver os projetos podem procurar instituições especializadas no atendimento aos novos empreendedores. A diretoria regional do Sebrae, Elaine Moura, afirma que a entidade possui um serviço de diagnóstico empresarial que contribui para direcionar e apresentar os principais riscos e possibilidades de se investir em cada setor com base em pesquisas do mercado. “Muitos não veem quais são os principais problemas de seus negócios e necessitam escutar um especialista. Ao procurar o Sebrae, a pessoa recebe um diagnóstico com algumas orientações como cursos de gestão financeira e participação em eventos”.

Moura destaca que o Sebrae oferece mais de 200 cursos a distância e é parceiro de importantes eventos sobre empreendedorismo que são realizados em Goiás, como o RiseUp Experience, summit que ocorrerá no próximo dia 8 de dezembro e busca despertar o lado empreendedor nos jovens, que tentam emplacar ideias inovadoras por meio do compartilhamento de experiências de empreendedores consolidados no mercado.

“É um evento que tem uma pegada de inovação e busca estimular a criatividade das jovens com inovação. O nosso papel é estar ao lado, dando suporte para aqueles que querem empreender”, afirmou.

Aceleradoras e investidores-anjo

Algumas empresas ainda podem contar com a ajuda das aceleradoras, investidoras de capital empreendedor que se tornam sócias da empresa. O foco dessas instituições são empresas que tenham o potencial de crescimento rápido e são lideradas por empreendedores e investidores experientes.

O instituto de inovação Gyntec, por exemplo, é responsável pela captação de investidores-anjo e, em conjunto com a aceleradora Ace, passaram a investir em startups com inovação disruptiva. Atualmente, o grupo conta com seis empresas sendo aceleradas, todas com evalution acima de R$ 5 milhões. De acordo com o presidente do conselho da Gyntec, Marcos Bernardo Campos, a cada 100 projetos que passam pelo instituto de inovação, apenas uma tem condição de seguir adiante. “Além de auxiliar o crescimento dessas empresas, também protegemos os interesses dos investidores. Então, a aceleradora já pega uma startup, por exemplo, com estrutura pronta. Hoje, por exemplo, temos uma que tinha um evalution de R$ 1,5 milhão e, em dois anos, passou a valer R$ 12 milhões”, afirmou. As empresas que estão sendo aceleradas são do ramo de logística, automação de força de vendas, agritec e big datas, sendo quatro de Goiás, uma do Distrito Federal e uma de Minas Gerais.

As empresas ou pessoas físicas que fazem investimentos com seu próprio capital em empresas que possuem alto potencial de crescimento são chamados de investidores-anjo. A Tropical Urbanismo, juntamente com o CMC/BCI, foi responsável pelo Hub de Empreendedorismo Gyntec e pelo planejamento do empreendimento. A empresa atuou no processo de atração de novos investidores-anjos do setor imobiliário, permitindo o investimento para o aprimoramento tecnológico das startups. Segundo estimativa da Anjos do Brasil, cerca de 7 mil empresas investem em empreendimentos no estágio inicial. A Gyntec conta com 30 investidores-anjo.