Brasil está de vez no radar chinês para investimentos

Há mais de uma década o capital chinês desembarca em terras brasileiras. Desde então, já foram investidos aqui mais de R$ 123,9 bilhões nos mais diversos setores, segundo o Ministério do Planejamento. Uma das mais recentes - e grandiosas - aquisições chinesas no país foi a da plataforma de transporte 99, feita pela Didi Chuxing, avaliada em R$ 1 bilhão. Outro exemplo é o da Fosun, gigante com participações no Cirque du Soleil e na rede hoteleira Club Med que investiu recentemente mais de R$ 700 milhões em ativos da Rio Bravo Investimentos e Guide Investimentos. Esse cenário comprova uma política externa voltada ao aumento de escala e de participação mais ativa em negócios com potencial de crescimento em países emergentes.

Foto: (Divulgação) Montagem do mPie, um dos kits da Microduino utilizado em escolas do Brasil, China e EUA.

Dentre os mercados em expansão no Brasil está o de educação ligada a tecnologia. O chamado EDTECH tem chamado a atenção pelo desejo de diversas instituições em buscar novas maneiras de ensinar, acompanhando assim as novas gerações, naturalmente nativas no meio digital. Nesse contexto, aparece a única empresa chinesa dentro do mercado nacional até então, a Microduino. Fundada em 2013 por um grupo de entusiastas por tecnologia, a Microduino traz, desde o ano passado, o propósito de ajudar as escolas brasileiras a implementar a mão na massa no dia a dia em sala, tornando o aprendizado das disciplinas mais integrado por meio da criação de projetos de eletrônica e robótica.

"Criamos kits divididos por faixas etárias com os quais os educadores têm condições de apresentar situações reais aos alunos. Antes era possível aprender somente por meio de livros e apostilas", conta o Diretor da Microduino Brasil, Gustavo Chien. Para Bin Feng, cofundador da Microduino que esteve presente durante a última edição da Bett Educar, a empresa está recebendo uma demanda maior dos brasileiros porque há o desejo real de investir mais na metodologia STEAM, um acrônimo em inglês para as disciplinas Science, Technology, Engineering, Arts e Mathematics. Essa é a base para a criação de todos os kits da Microduino, priorizando justamente o ensino baseado em projetos, com o objetivo de formar pessoas com diversos conhecimentos, desenvolver valores juntamente com os conteúdos abordados e preparar alunos e cidadãos para os desafios do futuro.

Tendo impactado oito milhões de jovens em todo o mundo, atualmente a empresa trabalha com aproximadamente 30 instituições no Brasil e em 2019 já estará presente em mais de 500. Para além disso, os planos incluem tornar o país seu terceiro mercado em cinco anos, representando de 15% a 20% do faturamento global da empresa. "Enxergamos um grande potencial no país, porque é um segmento ainda relativamente inexplorado. Muitas das empresas que trabalham com educação tecnológica não se atentaram à importância de adaptar suas soluções ao contexto brasileiro, até porque isso requer um alto investimento e o nosso atual cenário econômico não tem nos incentivado tanto nesse sentido", pontuou Chien

Sobre a Microduino

A Microduino foi fundada em 2012 por quatro amigos que se conheceram no Makerspace Beijing, o primeiro makerspace da China. Em agosto de 2013, a empresa anunciou seu primeiro projeto no Kickstarter: a menor placa baseada no Arduino do mundo na época. Desde sua criação, a Microduino cresceu exponencialmente, tornando-se uma das principais empresas desenvolvedoras de soluções para ensino STEM/STEAM a nível mundial. Possui hoje quatro linhas de kits divididos por faixa etária e objetivos.