Você já ouviu falar em cinesiofobia? Medo de sentir dor interfere na recuperação e na qualidade de vida
- Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por Paulo Novais
- SEGS.com.br - Categoria: Saúde
Crença de que o movimento pode piorar a dor faz pacientes evitarem exercícios essenciais para a reabilitação, aponta fisioterapeuta
Você já passou por uma cirurgia e, mesmo liberado pela equipe médica, teve receio de levantar o braço, caminhar ou realizar tarefas simples por medo de piorar a dor? Ou convive com dor na coluna há anos e evita exercícios por acreditar que qualquer esforço pode “inflamar” a região? Esse comportamento, comum em consultórios e clínicas de reabilitação, tem nome: cinesiofobia, o medo excessivo de se movimentar por receio de sentir dor ou provocar uma nova lesão.
A dor crônica já faz parte da rotina de milhões de brasileiros. Um estudo publicado na revista PLOS One mostrou que cerca de 23 por cento dos adultos no país relatam dor crônica na coluna, quadro que aparece entre as principais causas de incapacidade no Brasil. A fisioterapeuta Dra. Mariana Milazzotto, mestre em Ciências Médicas, explica que a cinesiofobia não é frescura, nem falta de esforço do paciente, “Muitas pessoas evitam se movimentar porque acreditam que o movimento vai piorar a dor ou abrir uma nova lesão. Elas suspendem fisioterapia, evitam caminhar, deixam de levantar o braço, mesmo quando já estão liberadas clinicamente. Esse medo pode se tornar um fator que mantém a dor e impede a recuperação”, afirma.
A cinesiofobia costuma ser avaliada por meio de questionários específicos, que mede crenças e medos relacionados ao movimento e à dor. Pontuações mais altas indicam maior grau de medo e tendência à evitação de atividades, o que influencia tanto no nível de incapacidade quanto na resposta ao tratamento em quadros de dor crônica.
Pesquisas com sobreviventes de câncer de mama, por exemplo, mostram que o medo de se movimentar não é raro. Um estudo com mulheres em reabilitação após o tratamento identificou que aproximadamente um terço das pacientes apresentava cinesiofobia, índice que subia entre aquelas com linfedema no braço operado. Nesses casos, o medo de movimentar o membro comprometido se associou a maior limitação funcional, mais sintomas de ansiedade e depressão e pior qualidade de vida. Em outro trabalho, o grupo de pesquisa liderado por Van der Gucht observou que cinesiofobia e pensamentos catastróficos sobre a dor explicavam parte importante da incapacidade relacionada à dor em sobreviventes de câncer de mama.
Na prática clínica, esses dados se traduzem em histórias reais. A jornalista Taís Gomes, viveu um episódio recente após uma lesão lombar.
“Eu fiquei com muito medo de me movimentar. A dor foi tão intensa que até alongar eu evitava. Caminhar, subir a escada ou até lavar o cabelo se tornaram tarefas difíceis. Qualquer movimento me remetia à dor anterior e eu parava imediatamente”, relata. Após atendimento de emergência, exames e acompanhamento ortopédico, ela iniciou fisioterapia e começou a retomar rotinas simples com mais segurança. “Hoje eu já consigo caminhar mais, fazer alongamentos e me sento com mais tranquilidade. Ainda estou no processo, mas entender o diagnóstico e ter orientação me deixou mais confiante”, diz.
Casos como o dela explicam por que o medo do movimento não se limita ao corpo, mas alcança emoções, rotina e autonomia. “A dor deixa de ser apenas um sinal físico e passa a ocupar um espaço emocional e comportamental. A pessoa teme o próximo passo, a próxima sessão, a próxima tentativa. Sem uma abordagem adequada, esse medo alimenta o ciclo de dor e limitações”, afirma Mariana.
Segundo a fisioterapeuta, identificar a presença de cinesiofobia logo no início do acompanhamento ajuda a ajustar expectativas e estratégias. Em vez de apenas prescrever exercícios, o profissional precisa explicar o que acontece com músculos, articulações e sistema nervoso, mostrar quais movimentos são seguros e propor metas graduais. “O foco não está em forçar o corpo, e sim em reconstruir confiança no movimento. Muitas pacientes melhoram porque entendem que o corpo suporta determinado esforço e que dor não significa, automaticamente, dano novo”, destaca.
A atuação da fisioterapia inclui recursos físicos e exercícios, mas também educação em dor e orientação para o dia a dia. Sessões que combinam fortalecimento progressivo, treino de equilíbrio, trabalho respiratório e ajustes na rotina doméstica reduzem o impacto da dor e do medo sobre a autonomia. “Quando o paciente compreende por que sente dor, aprende a distinguir sinais de alerta reais e descobre maneiras seguras de se movimentar, o medo perde força. A cinesiofobia não desaparece por decreto, ela cede espaço à informação e à experiência positiva com o próprio corpo”, avalia Mariana.
A fisioterapeuta lembra que a condição não afeta apenas pacientes que convivem com câncer ou doenças neurológicas, mas também pessoas com dor nas costas, tendinites, artrose ou que passaram por traumas. Em todos esses contextos, crenças sobre movimento, repouso e risco de nova lesão podem favorecer comportamentos de evitação e agravar a limitação funcional. “Perguntas como ‘posso voltar a caminhar?’, ‘este exercício é seguro?’, ‘e se a dor piorar?’ fazem parte do consultório. Elas não traduzem fraqueza. Traduzem medo. O papel da fisioterapia é acolher essas dúvidas, oferecer respostas baseadas em evidências e, aos poucos, mostrar que movimento orientado pode ser aliado, não inimigo”, conclui.
Sobre a Dra. Mariana Milazzotto
Fisioterapeuta com quase 20 anos de atuação, mestre em Ciências Médicas e especialista no tratamento clínico do lipedema. Criadora da Jornada Desvendando o Lipedema, programa que forma fisioterapeutas e terapeutas corporais no atendimento a mulheres com diagnóstico confirmado ou suspeita da doença. É referência no Brasil por sua abordagem humanizada e baseada em evidências científicas.
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