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Brasil adota as canetas para perda de peso e especialista alerta para cuidados com a saúde óssea

Crédito: Adobe Stock Crédito: Adobe Stock

*Por Dra. Mayra Macena, endocrinologista

Muito tem se falado sobre o uso de medicações no tratamento da obesidade e sobre as consequências dessas terapias para o organismo. Com a proximidade do verão e das festas de fim de ano, períodos em que aumentam as buscas por métodos rápidos de emagrecimento e definição corporal, esse tema ganha ainda mais destaque. Atualmente, um em cada três brasileiros vive com obesidade, segundo dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025 (World Obesity Atlas 2024), da Federação Mundial da Obesidade. Essa é uma doença crônica e recidivante, na qual diversos fatores, genéticos e ambientais, estão envolvidos. Por isso, o tratamento precisa ser contínuo. A base desse cuidado envolve mudanças de estilo de vida, com foco em hábitos saudáveis, como a melhoria da alimentação e o aumento da atividade física; porém, na prática, essas medidas nem sempre são suficientes para promover uma perda de peso duradoura.

Ao longo da história da medicina, diferentes estratégias já foram propostas para tratar a obesidade. É até surpreendente pensar que, em determinado momento, a amarração da mandíbula para limitar a abertura bucal chegou a ser apresentada em publicações científicas como uma alternativa terapêutica. Diversas medicações também já entraram e saíram do mercado. Mais recentemente, observamos o surgimento de uma nova geração de fármacos destinados ao tratamento da obesidade: os análogos ao GLP-1, que, segundo relatório do BTG Pactual baseado em dados da consultoria IQVIA, devem movimentar mais de R$ 5 bilhões no varejo brasileiro apenas neste ano.

Antes de qualquer coisa, é fundamental reforçar que essas medicações se destinam ao tratamento de uma doença crônica: a obesidade. Portanto, não devem ser chamadas de “medicações para emagrecer” ou “canetas emagrecedoras”. A perda de peso pode ter, para muitas pessoas, um objetivo estético associado a padrões de beleza, mas utilizar essas expressões passa a ideia equivocada de que tais remédios são indicados apenas para quem deseja emagrecer. Isso distorce a finalidade do tratamento, reforça estigmas e contribui para a disseminação de desinformação.

Nos últimos meses, a possível repercussão dessas medicações sobre a saúde óssea ganhou grande destaque e passou a ser motivo de preocupação para muitos pacientes que precisam utilizá-las. Diversos estudos, realizados tanto em modelos animais quanto em humanos, já analisaram esse desfecho. Até o momento, as evidências mostram que o efeito dessas moléculas nas células ósseas é de aumento da formação óssea e redução da reabsorção. Ou seja, os estudos não demonstram um efeito direto prejudicial dessas medicações sobre a saúde dos ossos.

Por outro lado, é importante lembrar que a perda de peso, por diferentes mecanismos, pode reduzir a densidade mineral óssea. Essa nova geração de medicações promove redução do apetite e perda de peso mais rápido. Além disso, muitos pacientes acabam restringindo o consumo de leite e derivados, o que diminui a ingestão de cálcio. A combinação desses fatores, como perda de peso acentuada e restrição alimentar, incluindo menor consumo de cálcio e outros micronutrientes, pode contribuir para a redução da densidade mineral óssea.

Dessa forma, é essencial que pacientes em tratamento da obesidade sejam acompanhados por uma equipe multidisciplinar, formada por médico, nutricionista e educador físico. Estudos mostram que a prática de exercícios durante o tratamento ajuda a reduzir tanto a perda óssea quanto a perda de massa muscular associadas ao emagrecimento. No Brasil, porém, cerca de 40% a 50% da população adulta não pratica atividade física na frequência e intensidade recomendadas, conforme a mesma pesquisa da Federação Mundial da Obesidade. Com acompanhamento adequado, o paciente consegue aproveitar plenamente os benefícios da perda de peso, reduzindo o risco de perda de densidade mineral óssea.

*Dra. Mayra Macena é médica endocrinologista pela USP e membro da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO).

Sobre a ABRASSO

A ABRASSO – Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo, representa a união das três principais sociedades médicas dedicadas ao estudo da osteoporose e do osteometabolismo no Brasil: SBDENS (Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica), SOBEMOM (Sociedade Brasileira para Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral) e a SOBRAO (Sociedade Brasileira de Osteoporose). Fundada em 2011, conta com cerca de 1.500 associados de diversas especialidades médicas, além de outros profissionais da área da saúde que, juntos, têm a missão de difundir o conhecimento científico, estimular o ensino e a pesquisa e realizar ações preventivas da saúde junto ao público leigo.


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