Entenda como funciona a cirurgia de redesignação sexual!

A transexualidade infelizmente ainda gera polêmicas em nossa sociedade e com isso causa algumas confusões entre os termos utilizados pela medicina para descrevê-la e explicá-la. O termo se refere à condição do indivíduo cuja identidade de gênero difere daquela designada no nascimento. Parece simples, e de fato é!

Muitas pessoas sofrem ao não se encaixarem no gênero designado no nascimento, masculino ou feminino, e através das informações cada vez mais expostas sobre o assunto, elas podem ter acesso a tratamentos e acompanhamento psicológico.

Foi assim, que há sete anos nasceu em Blumenau a TRANSGENDER CENTER BRAZIL, composta por uma equipe multidisciplinar responsável pelo diagnóstico e atendimento de pacientes transexuais. Competindo com os principais centros especializados do mundo, principalmente na Tailândia, a Transgender se tornou referência no assunto no Brasil, atraiu pacientes dos Estados Unidos e Europa.

Sob a direção do médico cirurgião, Dr. José Carlos Martins, a clínica dedica-se ao atendimento de pacientes Transgêneros em transição de Masculino/Feminino e Feminino/Masculino. “Buscamos oferecer apoio e suporte aos pacientes que nos procuram, por isso montamos uma equipe engajada na causa e respeito a esse grupo de pessoas, baseado numa formação médica sólida e pautada nas orientações mundiais da WPATH (Associação Mundial para a Saúde de Transgêneros), explica o Diretor da Transgender Center.

Com dupla formação em Medicina e Odontologia, José Carlos Martins Jr. está entre os três profissionais médicos do mundo que atuam na feminização da face, com o chamado “double degrede” o que lhe confere habilidades para cirurgias do esqueleto facial. Iniciou seu treinamento em Cirurgia do Esqueleto Facial em 1997, no Hospital Municipal Souza Aguiar (RJ) - (maior hospital de Trauma da América Latina). Também ganhou uma bolsa de estudos no serviço de Cirurgia Reconstrutora Craniomaxilofacial na University Hospital of Basel (Suíça), onde fez seu programa de Fellowship com Dr. Hans Zeilholfer.

Sua experiência é comprovada pelos mais de 500 pacientes operados somente no Brasil, entre Blumenau, a sede principal, e atendimentos na cidade de São Paulo. A maioria dos pacientes que buscam a TRANSGENDER são pessoas biologicamente do gênero masculino, que se identificam como mulheres e o principal procedimento realizado é o de feminização facial.

A transição, conforme explica o médico José Martins é dividida em três etapas: Primeiro na face, com a feminização facial, feita em homens que desejam uma aparência mais feminina. Nela muda-se a estrutura dos ossos do crânio e da face lixando os maxilares e a testa, puxando o couro cabeludo para frente para deixá-los mais harmoniosos e menores. Juntamente se mexe em outros tecidos moles, como lábios, orelhas e nariz. Na mesma cirurgia vem a Feminização corporal, isso após o uso de hormônios, que dá contornos mais femininos ao corpo, com a colocação de próteses, mamárias, de glúteos, lipoaspirações e lipoesculturas.

Por último vem a Redesignação sexual, ou mudança de sexo, que consiste na transformação do aparelho genital masculino em feminino, ou vice e versa.

Para os homens trans a cirurgia mais procurada e mais realizada pela equipe é a mastectomia masculinizadora, retirada das mamas, seguida de alongamento do clitóris para deixa-lo em um formato e tamanho que lembra um órgão sexual masculino.

Dr. José Martins explica que o percentual de pacientes que de fato, chegam a mudar o sexo biológico é muito baixa, representando apenas 5%. “A maioria busca pela feminização facial, ou remodelação corporal, poucos de fato chegam a redesignação”.

Uma outra cirurgia oferecida pela clínica é a retirada do útero e dos ovários em homens trans. O procedimento, feito nos homens trans que passam por terapia hormonal evitam complicações ao longo do tempo e permite que se diminua a dose de hormônios com a retirada dos ovários.

Segundo Dr. José Martins o número mais baixo de pacientes que chegam à fase de mudar o sexo biológico, se deve ao fato delas serem ativas sexualmente, e a identidade de gênero não tem relação com a orientação sexual. “As pacientes transexuais podem ser heterossexuais, homossexuais, bissexuais ou assexuadas”, acrescenta.

Conforme explica o médico, o que faz uma paciente procurar pela mudança da face, ou face e corpo, ou face / corpo e genital é a chamada Disforia de Gênero, termo usado dentro da Transexualidade para definir o grau de insatisfação, ou infelicidade que a pessoa tem ao não se ver com no gênero de nascimento. “Quanto maior o grau de disforia de um paciente, mais inclinado para a cirurgia ele é”, explica o médico.

A cirurgia de redesignação sexual

Antigamente chamada de ‘mudança de sexo’, (hoje o termo não se encaixa mais), a redesignação sexual passa por várias etapas antes da mesa de cirurgia.

Após o diagnóstico de transexualidade os pacientes passam por um ano de acompanhamento psicológico, além de terapia hormonal. Aí sim vem a cirurgia, que devido a uma alteração do CFM (Conselho Federal de Medicina) baixou de 21 para 18 anos a idade em que este tipo de procedimento ser realizado.

O procedimento pode levar até 6 horas e requer centro cirúrgico e equipe especializada. A transição do masculino para o feminino requer a “construção” de uma neo vagina, onde o pênis é retirado e um novo órgão sexual é feito. Já do feminino para o masculino, o procedimento é a faloplastia, método mais complexo, onde enxertos de pele, músculos, vasos sanguíneos e nervos de outro local do corpo, como do antebraço ou coxa, são usados para a criação do novo órgão genital.

A recuperação exige fisioterapia no local três meses depois a paciente posso utilizar o novo órgão.

Para José Carlos Martins, mais do que números numa planilha, as centenas de pacientes que já passaram pela Trangender Center Brazil, representam histórias de luta, superação, resistência e coragem. Para ele, a marca de 500 cirurgias demonstra que as pessoas estão mais confiantes em se assumir como são e que vêm enfrentando uma sociedade tradicionalmente preconceituosa, em busca de sua identidade.

O médico, que já teve seu trabalho divulgado em mais de 40 países ao operar as irmãs gêmeas mais jovens do mundo neste procedimento, caso até hoje inédito na medicina é foi considerado pela imprensa como o Pitanguy da cirurgia trans no Brasil e fez do país um polo da mudança de sexo, competindo com a Tailândia. A cidade catarinense também é considerada a ‘capital’ da mudança de sexo no Brasil.

- “Não lidamos apenas com estética, realizamos sonhos! Quando uma paciente chega até nós, ela vem cheia de dúvidas, de medos, muitas vezes sem nem saber direito quem é. Nossa equipe multidisciplinar a acompanha, orienta e fornece todo o apoio que ela precisa para tomar as decisões mais assertivas, que vão ao encontro do que ela realmente procura”, diz José Martins.