Crise de ansiedade tira atleta de torneio e revela o quanto é importante a preparação mental

Estar sobre os 'flashes' dos celulares e ouvir seu nome cantado pela torcida, são o objeto dos sonhos de qualquer atleta que busca o estrelato. Para quem já é da elite do esporte, é algo até corriqueiramente comum, pois já foi conquistado depois de muito suor e dedicação. No entanto, recentemente uma situação chamou a atenção dos fãs do esporte, em especial do tênis. Tudo porque a jovem tenista Emma Raducanu, de apenas 18 anos de idade, desistiu de seguir no torneio de Wimbledon após não conseguir lidar com a pressão do ambiente. Vale lembrar que ela chegou a passar mal durante a partida que disputava em função da ansiedade com a competição.

“Em disputas intensas como a do torneio de Wimbledon é quase um crime o atleta ir à competição sem o mínimo do preparo comportamental e mental”, é o que destaca o treinador mental de atletas de alta performance, Lincoln Nunes. “Imagina, hoje, um atleta entra na semifinal da competição e testa positivo para Covid? Se ele não estiver bem preparado para um baque desse mentalmente, pode acontecer uma aposentadoria precoce, é algo muito sério.”

Mas, quais as razões que levam a um atleta ter uma crise de ansiedade como essa? Segundo Nunes, “geralmente, as preocupações externas são consequência do nervosismo e da pressão que sentimos. Essa pressão afeta áreas cognitivas do cérebro, como o córtex pré-frontal, associado à memória de curto prazo. A partir dessas preocupações, surgem pensamentos ligados à baixa autoestima, capacidade e noção de merecimento. Essas ideias negativas esgotam a capacidade da memória de curto prazo. Então, é nesse momento em que travamos, falhamos, bloqueamos e até passamos mal, como o caso da tenista”.

Lincoln acrescenta ainda que o atleta pode ser o melhor do mundo na sua modalidade, mas é primordial que além do seu desempenho físico haja o devido preparo comportamental e mental. “Sem isso, a performance pode cair bruscamente na hora H, porque os pensamentos relacionados à pressão imediatamente aparecem”. E ele destaca: “Quando isso acontece, ninguém consegue manter o foco no que realmente é importante. Se você não confia no seu potencial, como vai dar o seu máximo? Enfim, é importante lembrar que os atletas reconhecidos como extraordinários, têm mentes igualmente extraordinárias. Muitos treinam até se esgotar ou lesionar, porém não enxergam que a chavinha que te leva aos títulos é o cérebro bem preparado”, conclui o treinador.