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Novas diretrizes para controlar a hipertensão arterial reacendem a necessidade de medidas preventivas para a doença

*Rui Póvoa

Coração, cérebro e rins: assim como os vasos sanguíneos, estes são os principais órgãos afetados por uma doença sorrateira, que se instala anonimamente e só “dá as caras” depois de prejudicar o funcionamento de algum desses sistemas do corpo. Trata-se da hipertensão arterial (HA), patologia crônica multifatorial, que depende de condições genéticas, ambientais e sociais, entre outras, e se caracteriza por elevação persistente da pressão arterial (PA). 26 de abril é o dia Nacional de Controle da Hipertensão Arterial, uma maneira de conscientizar a sociedade sobre o tema.

A hipertensão é um atalho e tanto para doenças cardiovasculares (DCVs) – principal causa de morte, hospitalizações e atendimentos ambulatoriais no mundo, doenças renais crônicas (DRCs) e morte prematura. Em 2019, o DataSUS apurou a ocorrência de 1.314.103 óbitos no Brasil, sendo que 27,7% decorreram de DCVs. Por sua vez, a hipertensão estava associada a 45% destas mortes cardíacas.

A estimativa é de que cerca de 25% dos brasileiros sejam hipertensos e, após os 60 anos, este percentual gire em torno de 65%. Nas faixas etárias mais jovens, a pressão arterial é mais elevada entre homens, mas após os 60 anos são as mulheres as mais sujeitas à PA elevada.

A relevância do tema fez com que, no ano passado, fosse divulgada uma nova diretriz para classificar a hipertensão arterial. Até então, era considerada hipertensa a pessoa com “máxima” (pressão sistólica) igual ou acima de 140 e mínima (diastólica) até 90 mmHg (≥14x9). O novo parâmetro, porém, apresenta o indivíduo como pré-hipertenso com pressão máxima entre 13 e 13,9 e mínima entre 8,5 e 8,9. A pressão ideal agora é a que registra números abaixo de 12x8. As faixas entre 12 e 12,9 e 8 e 8,4 são consideradas normais, mas não ótimas. Por isso, aqueles que registram estes parâmetros nas medições em consultório, serão orientados a iniciar o controle.

Apesar das consequências graves, o diagnóstico e tratamento de hipertensos é relativamente simples e eficaz, com mudanças no estilo de vida e introdução de medicamentos anti-hipertensivos, que causam pouco ou nenhum efeito adverso.

A maior preocupação, entretanto, é a gestão destes pacientes pois a hipertensão é uma doença absolutamente assintomática. Por não ter sintomas não reconhecerem a hipertensão, e boa parte desses pacientes segue a vida e só toma conhecimento do problema depois que a HA já causou estragos.

Correr na frente

Existe uma relação direta entre sedentarismo, sobrepeso e obesidade, dieta inadequada, ingestão de sódio e potássio, álcool, tabagismo e pouca espiritualidade e elevação da pressão arterial.

O sedentarismo é um dos dez principais fatores para a mortalidade global, causando cerca de 3,2 milhões de óbitos por ano. Todos os adultos são aconselhados a fazer de 150 minutos de atividades físicas moderadas ou 75 minutos de exercícios mais vigorosos semanais. Os aeróbicos – caminhada, corrida, ciclismo ou natação – devem tomar 30 minutos diários, de cinco a sete dias por semana.

Já a obesidade geral e a gordura abdominal estão associadas ao aumento do risco de hipertensão. Do lado oposto, a redução de peso promove a diminuição da PA, tanto naqueles com pressão normal como em hipertensos. Além de todos os benefícios de se manter dentro da faixa da normalidade do IMC (Índice de Massa Corpórea), este também é o melhor caminho para prevenir a doença hipertensiva.

Banho de sal

O uso excessivo de sódio é apontado como o mais relevante para o desenvolvimento da doença e a recíproca é verdadeira: a moderação é um eficiente meio de controle da hipertensão e das DCVs, sendo que o efeito redutor é maior em negros, idosos e diabéticos.

A ponderação do uso de sal entre a população brasileira é prioridade das políticas de saúde pública, mas requer um esforço combinado entre indústria, governos e sociedade. É necessário romper com costumes “de família” de salgar demais a comida e adquirirmos o hábito de analisar os níveis de sal em embalagens, uma vez que 80% do consumo acontece involuntariamente, por meio de alimentos processados. A recomendação da OMS é de apenas 5 gramas por dia, o equivalente a uma colher de chá. E o brasileiro consome o dobro (cerca de 10 gramas/dia). Países como o Uruguai, onde o índice de hipertensos é um dos maiores do mundo, uma lei de 2014 proíbe saleiros nas mesas dos restaurantes para inibir a adição.

Além da redução do sódio, há várias propostas de dietas para a prevenção da HA, que também contribuem para a saúde como um todo: dieta DASH e suas variantes (baixa quantidade de gordura, mediterrânea, vegetariana/vegana, nórdica, baixo teor de carboidratos etc.), a dieta comedida com frutas, verduras, legumes, cereais, leite e derivados e a diminuição drástica de gordura no cardápio do dia a dia.

O consumo excessivo de álcool é responsável por até 30% dos casos de hipertensão arterial e por 6% da mortalidade mundial. A ingestão responsável deve ser limitada a uma garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 ml); duas taças de vinho (12% de álcool, 250 ml) ou uma dose (42% de álcool, 60 ml) de destilados como uísque, vodca ou aguardente. Isso com muita cautela e para quem tem problemas com o alcoolismo, a recomendação é banida.

A equação tabagismo mais hipertensão arterial também tem resultado desastroso: a nicotina gera ativação do sistema nervoso simpático e provoca aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e da contração miocárdica.

A medicina também considera que fatores psicossociais, como o estresse, podem contribuir para a HA, assim como a espiritualidade. Já há evidências científicas de que valores morais, emocionais, comportamentais, além de atitudes com relação aos estímulos sociais podem interferir benéfica ou maleficamente no controle da pressão.

Portanto, o mal que a hipertensão representa é grande. Mas, felizmente, as possibilidades de cortar este mal pela raiz são ainda maiores.

*Rui Póvoa assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP, chefe do Setor de Cardiopatia Hipertensiva e professor da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo


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