Estudo inédito indica que vacinação em SP deve priorizar bairros periféricos para otimizar imunização coletiva
- Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por Juliana Stern
- SEGS.com.br - Categoria: Saúde
Dados mostram que vacinar apenas por critério de faixa etária não garante a imunização da população mais atingida pela pandemia e atrasa proteção de toda a sociedade;
População negra que reside em áreas de periferia é mais afetada pela pandemia, principalmente entre os idosos, que morrem quase duas vezes mais do que o esperado em relação à população total nessa faixa etária;
Segundo a análise, a população idosa de distritos como Sapopemba, Brasilândia, Freguesia do Ó e Grajaú deve ser priorizada na aplicação dos imunizantes
Vacinar grupos etários prioritários (idosos) em regiões específicas das cidades é uma estratégia mais eficiente do que uma distribuição que desconsidera a geografia da pandemia. É o que mostra estudo inédito do Instituto Pólis realizado a partir do mapeamento de hospitalizações e óbitos por Covid-19 na cidade de São Paulo ao longo de 2020. Os dados revelam que priorizar bairros periféricos, onde estão as populações mais afetadas pelo vírus – pessoas negras – é fundamental para avançar na tarefa de imunizar toda a população da capital paulista.
Ainda de acordo com a análise, a territorialização da estratégia de vacinação não deve substituir o plano de imunização vigente, e sim complementar os critérios por idade. Segundo o estudo, negros que residem em áreas de periferia estão sendo mais afetados pela pandemia. Utilizando o método de padronização, que possibilita que duas populações de diferentes composições etárias sejam comparadas, o Pólis observou que as taxas de óbitos por Covid-19 de pessoas negras superam a de pessoas brancas. Em 2020, morreram 52% mais homens negros do que brancos e 60% mais mulheres negras do que brancas.
Essa diferença também pode ser observada principalmente entre os idosos negros, que morrem quase duas vezes mais do que o esperado em relação à população total nessa faixa etária.
O levantamento do Pólis em São Paulo mostra que morreram mais negros acima dos 70 anos do que a média municipal, enquanto as mortes de brancos na mesma faixa etária ficaram abaixo da média. Esse é um critério importante a ser levado em conta principalmente quando considera-se que a longevidade da população branca no município é maior do que a negra, o que faz com que existam mais brancos acima dos 70 anos do que negros.
“O planejamento da imunização e as ações de vigilância e controle epidemiológico não podem ignorar os efeitos desiguais da pandemia sobre a população e é fundamental que fatores como raça e a localização da mortalidade sejam entendidos como elementos-chaves nas ações de combate ao coronavírus”, afirma Vitor Nisida, pesquisador do Instituto Pólis.
Utilizar critérios territoriais para a imunização, concentrando as vacinas disponíveis em determinadas zonas, deve criar "bolhas de imunidade" mais rapidamente. “Essas bolhas se comportariam como barreiras físicas à circulação do vírus, com potencial de reduzir a taxa de contágio nas cidades como um todo, além de imunizar alguns segmentos populacionais por inteiro, ainda que localmente”, explica Jorge Kayano, médico sanitarista e pesquisador do Pólis
Índices padronizados mostram regiões mais vulneráveis
Os dados que apontam a necessidade de acrescentar critérios geográficos à estratégia de vacinação mostram que indivíduos da população negra, que reside principalmente em locais de vulnerabilidade social, são os que mais morrem de Covid-19.
As taxas padronizadas também possibilitaram uma leitura sobre quais áreas da cidade registram sobremortalidade, isto é, regiões em que o número de óbitos observados é maior que o de óbitos esperados, considerando a distribuição etária local em relação ao perfil demográfico geral do município. Em geral, a sobremortalidade é maior entre negros e negras do que entre brancos e brancas na quase totalidade dos 96 distritos administrativos da capital paulista.
Distritos com menor proporção da população negra e de maior padrão de renda apresentam baixa ou nenhuma sobremortalidade. Essa constatação também vale para pessoas acima dos 60 anos, já que as maiores taxas de sobremortalidade dessa parcela da população foram observadas em distritos onde se concentram os moradores negros da capital.
Regiões mais centrais, que somam 4,33% de habitantes com 75 anos ou mais em relação ao total do município, registraram 2,81% dos óbitos entre idosos com essa mesma idade em São Paulo. Por outro lado, a porção norte do distrito de Sapopemba, por exemplo, na zona leste, onde residem apenas 0,97% da população mais idosa da capital paulista, é onde estão 1,46% das mortes totais de pessoas com 75 anos ou mais.
Outro critério utilizado foi o mapeamento de hospitalizações e óbitos por Covid-19 -observa-se que onde foram registrados maiores números de hospitalizações e óbitos também são distritos com grande incidência de negros e pessoas de baixa renda.
Territórios prioritários
Segundo as análises realizadas, o Instituto Pólis afirma que as populações idosas de distritos como Sapopemba, Brasilândia, Freguesia do Ó, Iguatemi e Jardim Helena devem ser priorizadas na aplicação dos imunizantes. Essas áreas da cidade apresentam os maiores números de óbitos excedentes de pessoas pretas e pardas e contam com alta concentração espacial de óbitos gerais.
Seguindo o critério de priorizar locais em que há sobremortalidade da população negra combinada com a concentração de mortes pelo coronavírus, áreas em São Mateus, Cachoeirinha, Jd. Ângela, Grajaú, Jd. São Luís, Cidade Tiradentes e Cidade Ademar também entram na lista. Em distritos centrais como Consolação, Santa Cecília e República, apesar de a sobremortalidade ser baixa ou nula, há uma grande concentração espacial de óbitos e hospitalizações, o que também indica necessidade de priorização na vacinação.
Sobre o Instituto Pólis | Organização da sociedade civil (OSC) de atuação nacional, constituída como associação civil sem fins lucrativos, apartidária e pluralista. Desde sua fundação, em 1987, o Pólis tem a cidade como lócus de sua atuação. A defesa do Direito à Cidade está presente em suas pesquisas, trabalhos de assessoria ou de avaliação de políticas públicas, sempre atuando junto à sociedade civil visando o desenvolvimento local na construção de cidades mais justas, sustentáveis e democráticas. São mais de 30 anos de atuação com equipes multidisciplinares de pesquisadores que também participam ativamente do debate público em torno de questões sociais urbanas.
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