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Família é “paciente oculto” e deve ser tratada junto com o doente, diz médico humanista

Em recente artigo publicado na revista mexicana “Archivos en Medicina Familiar”, o médico Vinícius Rodrigues da Silva conta como foi passar de paciente – depois do diagnóstico de um câncer na tireoide – a médico humanista. “Perceber a importância da equipe multiprofissional que tratou a mim e a minha família, que era um paciente oculto, me fez ingressar no projeto da Sobramfa – Educação Médica & Humanismo para me capacitar nesse tipo de atendimento que leva em consideração a história e as narrativas de cada doente. Ainda que possa existir uma doença igual a outra, não existe um paciente igual a outro. Cada um traz consigo recursos internos que o tornam um ser único”. Na opinião do jovem médico, tratar clinicamente pode até parecer uma tarefa desafiadora, mas é incomparável o resultado quando se trata o paciente com carinho, zelo e humanismo.

De acordo com Pablo González Blasco, fundador da Sobramfa que há 30 anos dedica esforços na formação médica humanista, a tecnologia substituiu parte da história clínica em medicina. “A genética permite predizer o risco de inúmeras doenças. Mas não está tão claro qual é o benefício real para o paciente. Ou seja, tudo está muito focado na doença, mas quem adoece é a pessoa. É preciso reforçar o objetivo principal do médico, que continua sendo o juramento hipocrático: curar, aliviar e/ou acompanhar o paciente. Mas não exatamente nessa ordem, como se confortar o paciente fosse um prêmio de consolação quando não se consegue a cura de sua doença. Confortar é algo que deve ser feito sempre, pela altíssima prevalência. O curar apresenta uma prevalência muito menor. Por isso, a educação médica deve contemplar essa proporção para produzir melhores médicos. Trata-se de um caso muito claro de que a ordem dos fatores altera o produto”.

Blasco defende a tese de que o erro médico, por exemplo, é sobretudo uma insuficiência no campo humanístico. “O que protege o médico é a confiança do paciente, bem como da família do paciente. Quando o profissional aparece como um técnico brilhante, mas se mostra incapaz de se aproximar do paciente e sintonizar com sua afetividade, o risco de enfrentar adversidades parece maior. Quando nos aprofundamos nas queixas do paciente – seja por imperícia, seja por falha técnica –, sempre encontramos insuficiência no terreno afetivo. Descobrimos, então, que todo aquele ‘erro médico’ começou porque ‘o médico nem me examinou’, ou porque ‘o médico não explicou nada para mim ou para minha família do que poderia acontecer’ e ‘nem prestou atenção no que estávamos falando’. O golpe que se acusa é sempre na alma, não na deficiência técnica; essa vem depois, para dar corpo ao processo”.

O sofrimento humano e a morte são realidades no quotidiano do médico. Por que, então, se vê um despreparo crescente do profissional em lidar com essas situações? Na opinião de Blasco, o gerenciamento da morte implica em se perguntar a todo o momento sobre o que é melhor para o paciente, antes de tomar as medidas “de praxe”, como internações desnecessárias, transferências para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tratamentos ineficazes quando se trata do processo de morrer. “É fundamental que o médico, em determinadas situações, converse franca e carinhosamente com a família, embora sem dividir responsabilidades, assumindo a conduta com caráter profissional. O gerenciamento da morte implica diretamente no cuidado simultâneo do paciente e da família. A família coloca questões que têm pouco caráter técnico, mas de vital importância. Quer saber, por exemplo, se o paciente está sofrendo e se pode ser feita alguma coisa a mais. E sempre requer explicações do que está acontecendo”.

Quando o quadro do paciente é grave e pouco ou nada se pode fazer para revertê-lo, vale dizer que ele sabe mais do que o médico imagina que sabe. É um sentido a mais que a condição de moribundo lhe confere. Por isso, espera do médico realismo, conforto e acompanhamento profissional. Para ele e para sua família. Portanto, há que se preparar médicos cada vez mais aptos a vivenciar esse tipo de situação inerente à sua profissão. “Vivemos tempos em que a morte é elemento quase ignorado. Mas, na prática, há duas coisas infalíveis na vida de um ser humano: sua limitação e sua morte certa. Numa sociedade que foge sistematicamente da dor, que cultua o prazer como meta suprema, não é de se estranhar que o enfrentamento da morte se dê em inferioridade de condições. Saber morrer é, antes de tudo, saber viver, pois a morte é o último passo no caminho da vida. Essas considerações são de capital importância, independentemente da profissão que se desempenha. No caso do médico, cuja matéria‐prima de atuação é o ser humano, trata-se de uma condição imprescindível de competência”, conclui Blasco.

Fontes:

Dr. Vinícius Rodrigues da Silva, médico que integra o Projeto de Capacitação em Medicina Humanista da SOBRAMFA.

https://www.medigraphic.com/pdfs/medfam/amf-2019/amf193f.pdf

Prof. Dr. Pablo González Blasco, Doutor em Medicina e diretor científico e fundador da SOBRAMFA - Educação Médica & Humanismo, www.sobramfa.com.br


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