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A hora e a vez da economia regenerativa

Por Guilherme Karam*

No futuro próximo, prosperarão as empresas que incorporarem as reais necessidades ambientais e sociais, colocando seu impacto positivo no centro da estratégia dos negócios

Seria possível atribuirmos às forças econômicas o papel de regenerar nosso planeta? Talvez não integralmente, dado seu histórico vinculado, em sua maioria, à degradação ambiental que se espalha por todo o globo. Porém, é fato que, se elas não estiverem conosco nesta empreitada, esse objetivo nunca será atingido.

Isso se torna ainda mais relevante se considerarmos o relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão de maior autoridade do mundo em ciência do clima, publicado em agosto de 2021. O documento reforça que mudanças climáticas são causadas por ações humanas, que o mundo já aqueceu 1,1°C desde a Era Industrial e que condições climáticas extremas se tornarão mais comuns, a menos que reduções drásticas nas emissões de gases na atmosfera sejam realizadas agora. Já!

Somente mudanças transformadoras em nossa sociedade e na economia permitirão manter o aumento da temperatura global em até 1,5°C até o fim do século, limite que os cientistas indicam ser necessário para prevenir os piores impactos climáticos.

Se considerarmos que, no Brasil, cerca de três quartos das emissões de gases de efeito estufa estão relacionados com os setores de Mudanças do Uso da Terra e Florestas – basicamente causadas pelo desmatamento – e Agropecuária, esforços no sentido de reduzir essas emissões possuem relação direta com a conservação e recuperação de nossas áreas naturais, responsáveis pela provisão de serviços ecossistêmicos indispensáveis para nosso desenvolvimento socioeconômico e bem-estar social, como disponibilidade de água, regulação climática e da qualidade do ar e polinização de nossas culturas agrícolas.

O braço da economia que busca apoiar a regeneração ambiental e social em nossa sociedade, por meio de novos modelos de negócios que, mais do que reduzirem seus impactos negativos, se propõem a gerarem impactos socioambientais positivos, chama-se economia regenerativa. Entre esses possíveis modelos, encontram-se, por exemplo, negócios que recuperam a biodiversidade e os ecossistemas ou que capturam mais carbono do que emitem.

Acredito que, em um futuro próximo, as empresas que prosperarão serão aquelas que incorporarem as reais necessidades ambientais e sociais em seus planos, colocando seu impacto positivo no centro de sua estratégia de atuação. Isso não se dará mais devido a riscos regulatórios, mas sim porque encontrarão dificuldades de engajamento de clientes, sócios, colaboradores e, também, investidores, que já começam a perceber vantagens em investir em negócios que incorporam impacto positivo em suas estratégias.

Exemplo dessa visão de futuro é o Programa Natureza Empreendedora, desenvolvido pela Fundação Grupo Boticário com o objetivo de despertar o potencial dos negócios sustentáveis aliado à conservação de nossos ecossistemas. Com três edições já realizadas na Grande Reserva Mata Atlântica, a maior área remanescente do bioma, que engloba 50 municípios entre os estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, o programa chegou também à região hidrográfica da Baía da Guanabara, no Estado do Rio de Janeiro, para acelerar negócios de impacto socioambiental positivo.

A chegada do programa ao Rio de Janeiro está embasada em um mapeamento que identificou 69 negócios em setores como turismo, pesca, agricultura, saneamento e demais produtos e serviços sustentáveis, os quais contribuem para a conservação da biodiversidade, segurança hídrica e resiliência costeiro-marinha.

O estudo indicou que a maior parte dos empreendimentos está em fase inicial de maturidade e que apenas 8% dos negócios já estão nas fases de pré-escala ou escala. Em decorrência disso, apenas 22% desses negócios são sustentáveis financeiramente e mais da metade busca ser acelerada, o que reforça a necessidade de programas voltados ao apoio e ao fortalecimento deste público.

Para transformar todo o potencial existente em resultados positivos, entretanto, será necessário unir esforços de múltiplos atores. Por meio de arranjos produtivos locais sustentáveis e políticas públicas inteligentes e inovadoras – reunindo visões complementares do poder público, iniciativa privada, terceiro setor, universidades, movimentos sociais, entre outros parceiros –, será possível, enfim, compreender que economia, sociedade e meio ambiente devem ser pensados de forma harmônica, e, jamais, antagônica.

*Guilherme Karam é gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário


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