A pesquisa “Panorama do IoT no Brasil 2025”, conduzida pela Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) e pelo portal TI Inside, mostra que a Internet das Coisas vem se consolidando como um componente estratégico para empresas brasileiras — principalmente com a crescente adoção da inteligência artificial. Porém, o estudo mostra que o avanço da tecnologia ainda enfrenta barreiras e carece de políticas públicas claras para atingir seu maior potencial.

De acordo com o levantamento, 81,7% das empresas fornecedoras de soluções IoT já oferecem (38%) ou estão desenvolvendo (43,7%) aplicações com IA embarcada. Esse dado indica um movimento claro de ampliação da oferta e mostra que a Inteligência Artificial já é uma realidade concreta em muitas operações, sendo utilizada para análise preditiva, automação de processos, otimização de recursos e aumento da eficiência. Apenas 18,3% afirmaram não ter planos para adotar IA em seus produtos ou serviços de IoT. “Esse número relativamente baixo reforça a percepção de que a integração entre IoT e IA deixou de ser tendência e se tornou um caminho natural para empresas que querem transformar dados em valor estratégico”, afirma Rogério Moreira, diretor de tecnologia da ABINC. “Mas esse caminho exige infraestrutura robusta e um ambiente regulatório que inspire confiança”.

Apesar do entusiasmo com as tecnologias de IoT, o Raio-X produzido pela ABINC e pelo TI Inside revela obstáculos significativos. O custo de implementação ainda é apontado como o principal entrave por 23,9% dos entrevistados, seguido pela infraestrutura de conectividade (22,5%) e pela baixa adesão dos clientes (21,1%). Dentro das empresas que adotam essas tecnologias, os desafios também incluem, além dos custos (25%), a segurança e privacidade dos dados (20%), falta de conhecimento técnico (15%) e dificuldade para escolher fornecedores confiáveis (15%).

“Mesmo com o avanço das tecnologias de IoT, muitas organizações ainda enfrentam dificuldades para escalar projetos de forma sustentável. A falta de mão de obra qualificada e de integração com sistemas legados agrava o problema”, completa Moreira.

Outro dado relevante do levantamento é a percepção sobre o papel do governo: 10% dos respondentes apontam a regulamentação e políticas públicas como fator estratégico para o futuro do setor. A ausência de uma regulamentação clara impacta diretamente a confiança do mercado, a segurança jurídica e a atração de investimentos — especialmente em áreas como segurança de dados, espectro de frequência e incentivos fiscais.

Além disso, a expectativa de integração entre IoT e IA é citada por 63,3% das empresas como tendência-chave para os próximos anos. O levantamento aponta ainda, em segundo lugar, com 13,3%, a expansão do 5G como uma infraestrutura considerada essencial para o avanço de aplicações em tempo real, veículos autônomos, cidades inteligentes e automação industrial em larga escala. No entanto, para que essa convergência se torne realidade no Brasil, será essencial que o setor público avance com clareza na regulamentação e no estímulo à inovação.

“A ABINC tem discutido internamente e com algumas pessoas do governo sobre atualizar o Plano Nacional de IoT, instituído em 25 de junho de 2019. Foi uma ação muito bem executada pelo governo, que gerou muitos frutos, mas que agora precisa de uma revisão, para se adaptar às novas tecnologias e tendências”, finaliza Rogério Moreira.

Sobre a pesquisa

A pesquisa “Panorama do IoT no Brasil 2025” ouviu empresas fornecedoras e usuárias de soluções de IoT de diferentes setores, como tecnologia, indústria, varejo, saúde, logística e agronegócio. O objetivo é mapear as tendências, barreiras, aplicações e investimentos em um dos mercados mais promissores da transformação digital.