De acordo com o Relatório de Identidade e Fraude 2025, divulgado em março pela Serasa Experian, o extravio de dados é uma das formas de se iniciar fraudes. Em 2024, 16,3% dos entrevistados informaram terem os documentos roubados ou perdidos. A pesquisa identificou ainda que 19% dos entrevistados admitiram já ter compartilhado os dados pessoais com terceiros, “expondo-se a riscos ainda maiores”. As razões para o compartilhamento de dados mais citadas foram compras online (73,7%), abertura de contas bancárias (20,4%) e obtenção de empréstimos (15,2%).

O advogado criminalista Gabriel Fonseca elenca quais dados costumam ser clonados das pessoas. “Informações de identificação como nome completo, CPF, data de nascimento e RG. Dados de contato como e-mail, telefone e endereço. Informações financeiras como dados de cartão de crédito (número, validade, código de segurança) e dados de contas bancárias. Além de senhas de e-mails, redes sociais, aplicativos e serviços”, pontua. “Os criminosos utilizam os dados clonados para cometer uma série de crimes, principalmente em ambientes digitais, como criação de contas falsas, golpes financeiros, empréstimos e financiamentos, abertura de empresas, etc”, completa.

Segundo o especialista, que integra o escritório Celso Cândido de Souza Advogados, os principais crimes utilizados com os dados roubados ou clonados são: “Golpe do PIX, quando enviam mensagens ou e-mails falsos solicitando pagamentos urgentes. Golpe do falso parente ou amigo, quando criam um perfil falso de alguém que você conhece e pedem dinheiro emprestado, alegando uma emergência. Golpe do falso boleto, ele geram boletos falsos para compras ou pagamentos de contas, direcionando o dinheiro para a conta deles. E golpe da portabilidade de número (SIM Swap), quanto transferem seu número de celular para um novo chip, conseguindo acesso a aplicativos de banco e redes sociais que usam a verificação em duas etapas por SMS”.

Tarde demais

Gabriel Fonseca destaca que a maioria das pessoas só percebe a clonagem quando já é vítima de um golpe. “Quando vê uma compra que não fez, um empréstimo em seu nome ou uma conta falsa”, cita. Ele ressalta que existem situações para investigar como estão nossos dados. “Acessando sites que demonstram como está sua situação cadastral no CPF e instituições que falam sobre dívidas, como Serasa”. O especialista explica que existem vários caminhos que os criminosos traçam para conseguir clonar os dados. Os mais comuns e que mais requerem cuidados são:

Phishing e Spear-Phishing: Envio de e-mails, SMS ou mensagens falsas que se passam por empresas ou instituições conhecidas (bancos, lojas, serviços de streaming, etc.) para que a vítima clique em um link malicioso e insira seus dados em um site falso.

Vazamentos de dados: Isso acontece quando empresas que armazenam dados de clientes sofrem ataques cibernéticos e os criminosos roubam essas informações. Muitas vezes, esses dados são vendidos na dark web.

Malwares e Spywares: Programas maliciosos instalados em computadores e celulares que roubam dados, senhas e informações de cartão de crédito sem que a pessoa perceba.

Ataques em redes Wi-Fi públicas: Redes de internet gratuitas em shoppings, aeroportos ou cafés podem ser inseguras. Criminosos podem interceptar o tráfego de dados e roubar informações de quem está conectado.

Engenharia social: É a manipulação psicológica para que a pessoa, sem perceber, forneça seus dados. Isso pode ocorrer por meio de ligações telefônicas, mensagens ou até mesmo abordagens presenciais.

Cuidados

De acordo com o advogado criminalista Gabriel Fonseca é possível ter alguns cuidados para evitar ter seus dados clonados ou vazados. Confira a seguir:

Usar senhas fortes e únicas: “Crie senhas complexas para cada serviço e use um gerenciador de senhas para ajudá-lo”.

Ativar a verificação em duas etapas (2FA): “Ative-a em todos os serviços que permitem. Ela adiciona uma camada extra de segurança”.

Desconfiar de links e mensagens estranhas: “Nunca clique em links ou baixe anexos de e-mails ou mensagens de remetentes desconhecidos”.

Manter softwares atualizados: “Mantenha o sistema operacional e os aplicativos do seu celular e computador sempre atualizados, pois as atualizações frequentemente incluem correções de segurança”.

Evitar redes Wi-Fi públicas: “Prefira usar a internet do seu celular ou uma VPN (rede privada virtual) ao se conectar a redes públicas”.

Monitorar seus dados: “Utilize serviços de monitoramento de CPF para ser notificado sobre qualquer uso indevido de seus dados”.