Mônica Salmaso é a convidada do Papo de Música desta semana e fala sobre transformar a arte do outro em sua própria arte

Os streamings demoraram para entrar na vida de Mônica Salmaso. Mas com o impacto destas plataformas na indústria, foi inevitável não se aprofundar no novo jeito de consumir músicas. “Tem um lado disso que a gente precisa rever”, declara a artista, que caminha para os 30 anos de carreira. “O produtor do conteúdo é a pessoa mais prejudicada nessa história do streaming. Poder ter isso [música] praticamente de graça, é oficializar a pirataria. Você ensina as pessoas que música não custa”, pontua, antes de lembrar que, para quem trabalha na área, o processo de trazer novas sonoridades ao mundo é algo caro.

Mesmo achando que “nada substitui ter um disco na mão”, Mônica também reconhece o lado positivo das plataformas digitais. “Acaba sendo uma fonte de pesquisa”, diz. O constante desenvolvimento da relação com tecnologia possibilitou, inclusive, a realização de lives que ela tem feito desde o início da pandemia, no projeto Ô de Casas, com participação de outros artistas, como Chico Buarque e Chico César. Outro tópico da conversa foi o potencial cultural e educativo da produção sonora brasileira, responsável por formar opiniões sobre diversos assuntos, na avaliação da cantora. “A Joyce Moreno tem uma frase maravilhosa e ela tem toda a razão: ‘a música brasileira tem resposta pra tudo’. Desde a dor de cotovelo até a solução para todos os problemas filosóficos e práticos da humanidade”, conta ao concluir que a pluralidade musical do país é “a realização concreta do que o Brasil poderia vir a ser, em relação às misturas com que ele é feito”.

A passagem de Mônica Salmaso pelo Papo de Música encerra a temporada de maio do programa semanal. Além da intérprete, Fabiane Pereira também recebeu o rapper Marcelo D2, a cantora Joelma e o cantor Samuel Rosa.