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Aluna dos meus alunos

  • Quinta, 13 Janeiro 2022 08:04
  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Central Press
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*Michelle Floriani

Tempo, partilha, generosidade. Parecem termos saídos de um conto de Natal, mas são lições, palavras que me atravessam no cotidiano de convivência com alunos e crianças. Para mim, cada uma delas pode ser entendida como um ensinamento aprendido, sentido e absorvido no encontro entre sujeitos. A escola e a sala de aula são assim: espaços de encontros. Neles convivemos, trocamos, acolhemos, construímos parcerias, estabelecemos vínculos, respeitamos uns aos outros.

O tempo nos permite conhecer quem são as crianças e os alunos, fortalece os laços de afeto e mostra que aprender não está no calendário ou no relógio, mas no tempo que dispomos para o diálogo, a observação, as tentativas e as descobertas. Nos intervalos que oferecemos para a compreensão de que cada um aprende no seu momento, a partir das suas vivências e trajetórias, que são partilhadas nos espaços escolares. Por isso, um professor nunca é apenas professor. Também é aluno - e aprende todos os dias, renova seu universo de conhecimentos, volta às carteiras da infância e recupera a chance de usar de novo cada uma das cores disponíveis na caixa de giz de cera.

Para viver esse resgate, é preciso partilhar conhecimentos, saberes, informações, histórias de vida e vivências, refletir sobre os acontecimentos e conteúdos, experienciar. Ter generosidade na escuta e no diálogo. Buscar nas crianças e alunos suas potências e referências e costurar com os saberes escolares, uma vez que eles chegam aos espaços pedagógicos conhecedores do mundo.

Toda a sociedade ganha quando somos alunos dos nossos alunos. Podemos exercitar essa prática por meio de uma escuta sensível e um olhar atento para com as crianças e alunos, reconhecendo suas histórias e abraçando suas trajetórias. Reconhecer que a aprendizagem também acontece fora da escola, nos diversos espaços de convívio, e que, ao chegar, os pequenos têm muito a acrescentar.

Quando escuta e abre espaço para o diálogo sobre os assuntos abordados em sala de aula, o professor tem a oportunidade de se apropriar das visões de mundo de seus estudantes, especialmente porque eles circulam em espaços de informação diferentes. Isso inclui a tecnologia, as redes sociais, a mídia, as brincadeiras e jogos, as leituras, os espaços sociais, as referências familiares. Todo esse conjunto abre espaço para a diversidade e favorece o estar do professor no espaço dos alunos. É a troca entre gerações que propicia a transição de uma escola rígida, marcada pelas filas, o silêncio, o medo, a transmissão de conteúdos, a mecanização e as escolhas unilaterais para uma escola dialógica, que constrói coletivamente, com sujeitos – professores, alunos, crianças e comunidade – pertencentes, que faz das práticas reflexivas atreladas aos conteúdos as pontes necessárias para a aprendizagem.

O professor tem um papel importante no diálogo e na articulação entre os saberes de fora da escola e os conteúdos escolares. Para isso, precisa estar aberto a reconhecer que ensinar e aprender acontecem simultaneamente. Um professor que dialoga com seus alunos faz com que as questões sociais estejam presentes nos espaços da escola. Ao escutar, promover o debate e reconhecer os sujeitos aprendentes como também capazes de ensinar, os muros da escola diminuem e pontes são construídas com a sociedade. Os temas que permeiam a vida dos estudantes estão presentes nas relações com os conteúdos, as histórias de vida são respeitadas e isso garante a equidade na relação de ensino e aprendizagem.

O professor não se limita a uma lista de conteúdos, mas estabelece relações com tudo que acontece para além das salas de aula. Conhecer alunos e crianças permite um diálogo com a sociedade, pois cada um desses educandos é um sujeito histórico, cultural e social, que leva para dentro dos espaços pedagógicos suas referências. Validar a voz desses pequenos seres humanos é validar a sociedade. É dizer que cada um ali é importante em sua inteireza - e isso faz com que eles tenham algo a dizer. Educação se faz na troca entre sujeitos.

*Michelle Floriani é consultora pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil.


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