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Brasil se posiciona como protagonista na transição energética com investimentos em hidrogênio sustentável

Crédito: Freepik Crédito: Freepik

Seminário realizado pelo Conselho de Hidrogênio da Abimaq, no dia 28 de agosto, apresentou as oportunidades, gargalos e avanços tecnológicos para a construção de uma indústria nacional de hidrogênio de baixo carbono.

O seminário “Perspectivas e Oportunidades na Indústria de Hidrogênio Sustentável no Brasil”, evento inserido no contexto do Grupo de Estudo 8 do Programa Rede Colaborativa Made in Brasil Integrado (MiBI), coordenado pelo MDIC, demonstrou que o Brasil tem tudo para ocupar um papel de liderança na economia global do hidrogênio de baixo carbono e já está bastante avançado nas providências necessárias para alcançá-lo.

O encontro destacou o potencial brasileiro para liderar a economia do hidrogênio, apontando oportunidades para a indústria nacional de máquinas e equipamentos, além dos desafios de infraestrutura e regulatórios para o setor, deixando claro que conta com vantagens comparativas únicas para impulsionar essa nova cadeia de valor.

O hidrogênio sustentável representa, também, uma oportunidade de reindustrialização verde, geração de empregos qualificados e fortalecimento tecnológico do país, que já dispõe de capacidade fabril instalada com todos os requisitos necessários para atender os padrões internacionais, restando adotar as medidas para adaptá-la às demandas de produção, armazenamento e distribuição do hidrogênio. Para isso, é o momento de investir na engenharia nacional, ampliar parcerias entre universidades, centros de pesquisa e empresas, além de criar programas de formação técnica.

Na avaliação de Rafael Serpa, presidente do Conselho de Hidrogênio da ABIMAQ, a citada integração é fundamental para transformar esse potencial em realidade. E o objetivo do evento foi conectar fornecedores e consumidores, criando um ambiente propício para negócios e inovação, pois considera que a indústria nacional tem capacidade, tecnologia e competência para atender as demandas de máquinas e equipamentos que serão demandadas nos projetos estratégicos do setor.

Camilo Adas, coordenador do programa Made in Brasil Integrado (MiBI), defendeu o protagonismo nacional na cadeia de valor e apostou em uma indústria integrada para acelerar a transição energética. Quanto ao programa MiBI e o Grupo de Estudo 8, dedicado ao hidrogênio, esclareceu que tem como objetivo acompanhar a produção da molécula e suas aplicações em diversos setores, como, por exemplo, na mobilidade, siderurgia e fabricação de cimento.

Segundo Adas, a indústria brasileira tem potencial para produzir mais de 40% dos bens e serviços necessários para essa nova cadeia, graças ao domínio prévio da indústria de gás natural, pois muitos componentes são os mesmos ou podem ser adaptados.

Mônica Saraiva Panik, especialista no setor de hidrogênio e células a combustível, apresentou um mapeamento inédito da capacidade brasileira de fornecer equipamentos e componentes para plantas de hidrogênio de baixo carbono, amônia verde e metanol.

O estudo por ela apresentado indica que até 80% dos itens podem ser nacionalizados, criando empregos e atraindo tecnologia. A falta de infraestrutura e de marcos regulatórios adequados são alguns desafios ainda a serem vencidos, ocasionando adiamentos nos investimentos, pois alguns projetos previstos para 2025 só devem sair do papel em 2029 ou 2030.

Para ela, o setor vive um ponto de inflexão, dado que o país já tem uma base industrial robusta, e o desafio agora é criar escala e atrair investimentos para consolidar o Brasil como fornecedor global de soluções para o setor de hidrogênio.

Complementando a análise, Fernanda Delgado, diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde - ABIHV, apresentou dados dos impactos econômicos que os projetos anunciados trarão para o Brasil: R$ 63 bilhões em investimentos até 2026, R$ 188 bilhões até 2030 e um potencial de R$ 7 trilhões no PIB até 2050.

Considera que, apesar de desafios, como a necessidade de infraestrutura de transmissão, definição de políticas de precificação de carbono e criação de demanda para as moléculas verdes, o Brasil tem todas as condições para desempenhar um papel estratégico na nova economia global, estando muito próximo de uma nova ordem econômica verde, restando acelerar políticas que combinem proteção ambiental, desenvolvimento industrial e competitividade internacional.

O Evento também trouxe à baila a força dos investimentos em projetos concretos. Rodrigo Santana, diretor da Atlas Agro, apresentou a futura planta de fertilizantes verdes em Uberaba (MG), com investimento de US$ 1,15 bilhão. A unidade vai produzir 40 mil toneladas/ano de hidrogênio e 500 mil toneladas/ano de fertilizantes nitrogenados, reduzindo em 1,1 milhão de toneladas as emissões anuais de CO₂ e diminuindo a dependência de importações, que hoje chega a 95%.

A unidade será abastecida com eletrólise de água e tecnologia avançada no processo Haber-Bosch, com 12 melhorias incrementais, incluindo duas patentes internacionais em andamento.

O empreendimento está trocando o hidrogênio proveniente de fonte fóssil por renovável, sendo uma mudança de paradigma. O Brasil terá fertilizante verde produzido aqui, com tecnologia própria e com a participação da indústria nacional, lembrando que, apesar de o projeto representar apenas 4% da demanda nacional de fertilizantes nitrogenados, pode abrir caminho para outras plantas semelhantes no Brasil.

O objetivo da Atlas Agro é criar uma indústria de fertilizantes verdes que, ao mesmo tempo, permitirá que o agricultor tenha acesso a fertilizantes nacionais e que a indústria tenha oportunidades de fornecer bens, serviços e tecnologia.

Outro projeto de destaque foi apresentado no evento pela Fortescue, quarta maior mineradora de ferro do mundo e que investirá R$ 18 bilhões em uma planta de hidrogênio e amônia verdes no Porto do Pecém (CE). Segundo Luiz Viga, Brazil Country Manager da Fortescue, a planta terá capacidade inicial de 1,2 GW de eletrólise para produção de hidrogênio verde, que será convertido em amônia para exportação, atendendo principalmente ao mercado europeu.

A Fortescue aposta na amônia como combustível marítimo do futuro, já que seu transporte é mais viável que o do hidrogênio puro e a navegação internacional está caminhando para a descarbonização. Assim sendo, o Brasil tem um potencial enorme de liderar o fornecimento de amônia verde. Apesar dos avanços, o executivo ressaltou que a competitividade do hidrogênio verde ainda depende de incentivos governamentais, especialmente para equilibrar a diferença de custos em relação ao hidrogênio produzido a partir do gás natural e viabilizar investimentos locais.

Para demonstrar a capacitação nacional no fornecimento de máquinas e equipamentos, representantes de empresas associadas à Abimaq, apresentaram exemplos que deixaram clara a robustez do setor para atender à crescente demanda do mercado de hidrogênio. As apresentações reforçaram que o país possui capacitação técnica, engenharia própria e um parque industrial diversificado para suprir desde a geração de energia até a distribuição do hidrogênio.

Segundo o presidente da Câmara Setorial de Projetos e Equipamentos Pesados, uma das 40 Câmaras da Abimaq, Adriano Meirelles, os fabricantes do setor já dispõem de soluções completas para compor uma planta de hidrogênio, com equipamentos fabricados nacionalmente, com suporte técnico local.

Por seu turno, Jackson Lenzi, presidente da Câmara Setorial de Bombas e Motobombas, reforçou a presença de fabricantes brasileiros em todas as etapas do processo de produção, purificação, compressão e distribuição do hidrogênio. Ressaltando que, apesar de bombas parecerem ser itens simples, são essenciais em várias fases, inclusive nas mais críticas, como a compressão do hidrogênio líquido. O Brasil já conta com fabricantes prontos para atender esse mercado.

Denis Soncini, presidente da Câmara Setorial de Ar Comprimido e Gases, enfatizou a integração do setor que representa com a cadeia de valor do hidrogênio e a tradição brasileira na fabricação de compressores e sistemas de tratamento de gases, com fornecedores de compressores de ar e gases, válvulas e sistemas de engenharia que podem contribuir significativamente para o desenvolvimento desse mercado no país.

Item presente em todos os processos, o setor de válvulas Industriais foi apresentado no evento por Djalma Bordignon, presidente da Câmara que congrega os fabricantes do segmento, que ressaltou a importância de valorizar o conteúdo local e a expertise das empresas brasileiras, informando que cumprem as exigências técnicas específicas para válvulas de hidrogênio, como resistência a alta pressão, baixas temperaturas, sistemas de vedação especiais e certificações ISO. Acrescentou que já há empresas brasileiras certificadas para fabricar válvulas para hidrogênio, com tecnologia nacional.

Encerrando o seminário, representantes das empresas WEG, Siemens Energy e Neuman & Esser, apresentaram seus cases de sucesso e estratégias para impulsionar o setor.

Daniel de Oliveira Vargas, coordenador de vendas de novas energias da WEG, comentou o esforço da empresa para ampliar o conteúdo nacional na cadeia de fornecimento do hidrogênio, enfatizando que todas a iniciativas da WEG são pensadas globalmente, mas sempre com um olhar para nacionalização. A empresa já dispõe de condições hoje para fornecer soluções completas para plantas de hidrogênio, baterias, renováveis e subestações.

Entre os projetos citados, está a participação da WEG no fornecimento de retificadores para a EDP no Pecém e a primeira planta de geração de hidrogênio verde da Petrobras, instalada no Rio Grande do Norte, em parceria com o SENAI. A empresa também desenvolve, em Jaraguá do Sul (SC), um laboratório próprio com eletrolisador para descarbonizar processos internos.

A Siemens Energy foca em hidrolisadores PEM e tecnologia global. Segundo Armando Juliani, diretor executivo de negócios em energia, informou que a Siemens é responsável pela primeira grande planta de e-metanol da Europa, localizada na Dinamarca, com capacidade de 50 MW e produção de 1.000 kg/h de hidrogênio verde, abastecida por energia solar.

Segundo Juliani, a Siemens tem apostado no uso de hidrolisadores PEM devido à flexibilidade operacional, maior pureza do hidrogênio e menor impacto ambiental, apesar do CAPEX inicial mais alto. O importante é que boa parte da engenharia e dos equipamentos é feita no Brasil, reforçando o potencial nacional de fornecimento de soluções completas para o mercado global de hidrogênio.

Encerrando o evento, Rafael Serpa, representando a Neuman & Esser reforçou a capacidade da indústria nacional de participar ativamente da transição energética global, de modo a atender à crescente demanda pelo hidrogênio sustentável e comentou a decisão estratégica da empresa em investir na produção local de eletrólise com tecnologia PEM, fabricada no país. A NEA terá até 2026 cerca de 10 MW de eletrólise em operação, com 60% de conteúdo nacional. É um passo importante para preparar a cadeia de fornecimento e posicionar o Brasil como potência na transição energética, alertando a importância de as empresas olharem não apenas para grandes projetos de exportação, mas também para iniciativas menores de descarbonização no mercado interno, estruturando a cadeia de fornecedores para estar pronta quando os grandes investimentos chegarem.


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