Na contramão da crise: empresário de academia do DF mostra como superou a pandemia e conseguiu manter plano para expansão

A pandemia do novo Coronavírus mudou a nossa rotina, exigindo cuidados extremos com a saúde, como o isolamento e o distanciamento social e o fechamento de diversos setores da economia para evitar a disseminação do vírus. Mas, no começo do mês de julho, o Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, liberou a nossa retomada. De lá pra cá vi muitos empreendimentos fecharem em definitivo. De acordo com o nosso Sindicato, pelo menos 100 empresas e 8 mil pessoas foram demitidas desde a paralisação das atividades.

Este é um momento de grande dificuldade para o setor, que tenta se reerguer em meio a tantas portas fechadas. E apesar do momento, que foi duro para todos nós, conseguimos nos reinventar, manter os funcionários e colocar em prática nosso plano de expansão. Temos, atualmente, oito academias em funcionamento, todas abertas e seguindo um rígido protocolo de segurança e pretendemos até o fim de 2022 estar com mais nove funcionando.

Acho que se pudermos pensar em algo positivo que a pandemia nos trouxe, foi a consciência do quão importante é a saúde física. Vemos que a procura por pessoas com comorbidades cresceu. Doenças que antes não eram tratadas com a devida importância pela população, como o diabetes, a hipertensão e a obesidade, hoje podem ser a chave no combate e tratamento do novo Coronavírus.

E é, por isso, que nós fazemos questão de passar uma mensagem que vá além da estética. Para nós, o mais importante é que a população entenda que saúde tem de vir em primeiro lugar e que atividade física é muito importante. Essa foi uma das lições que a pandemia deixou. Se não tivermos saúde, nenhuma outra área da nossa vida vai para frente, daí a importância do nosso setor.

Claro que para conseguirmos nos manter durante a pandemia também tivemos que cuidar da nossa empresa. Não estancamos nossa receita, trabalhamos com recorrência, ou seja, o aluno cadastra o cartão de crédito no nosso sistema e todo mês debita. E apesar da quarentena e do fechamento, os cartões continuaram sendo debitados e nós garantimos aos alunos o estorno pós volta das atividades. Assim, garantimos o nosso fluxo de caixa ativo.

Colocamos uma equipe relativamente grande para entender e conversar com todos os alunos. Aqueles que não quiseram continuar pagando, tiveram seus contratos congelados, para que não houvesse cobrança. Fizemos questão de explicar para cada um dos alunos o desafio do momento e manter uma boa relação com eles, mesmo assim, tivemos alguns cancelamentos.

Estamos com ações de marketing para entender qual é a dor do cliente nesse momento de pandemia, pensando principalmente no medo que ele tem de retomar às atividades nas unidades e o tempo sem exercício. E se eu puder dar dicas para quem trabalha neste ramo, ela com certeza será de extrema importância cuidar da gestão financeira do negócio.

Acredito que este é o momento de reduzir custos e ter um fundo de reserva, isso é essencial. Obviamente, ter uma relação bacana com as pessoas também fortalece muito. Quando eu falo pessoas, eu falo desde colaboradores aos seus alunos, as pessoas que estão pagando mensalmente sua academia. Isso sem dúvida faz total diferença, seja qual for o momento, seja um momento como esse de dificuldade, seja um momento positivo, porque o aluno quando está feliz na sua academia, frequentando o serviço que você oferece, ele divulga para outras pessoas e isso não tem preço.

E, por mais que se tenha o digital forte, eu acho que o boca a boca continua sendo essencial. Em relação à motivação, temos que entender o lado do aluno, ver sempre a dor das pessoas que estão ao nosso lado. Seja aluno, seja colaborador, a ideia é ter uma conversa sincera para que, a partir do momento em que você entender a dor, você busque soluções claras para ajudar as pessoas. E aí com certeza a relação se torna mais forte e o resultado aparece.

Vinícius Santana é sócio-fundador da rede de academias Evolve Gymbox, que conta atualmente com oito unidades, no Distrito Federal e em Goiás.