MP do futebol e oportunidades internacionais
A Medida Provisória 984/2020, editada pela Presidência da República no dia 25 de junho de 2020 alterando o artigo 42 da Lei Pele (Lei 9.615) traz grandes oportunidades para o futebol brasileiro. Os clubes mandantes de jogos agora vão poder vender as transmissões de cada jogo individualmente para redes transmissoras no Brasil e no mundo. Esta é uma oportunidade de repensar o futebol brasileiro como um todo, para que possa sair mais forte comercialmente, com uma maior relevância no mundo.
O Campeonato Brasileiro nunca conseguiu ser relevante em grandes centros comerciais no mundo. As agencias que comercializavam o futebol nacional ao exterior, não o colocaram no topo das suas prioridades, e nossos clubes deixaram de ter “market share” em mercados externos. Após a Lei Bosman, e os clubes europeus virarem corporações, aumentou exponencialmente o poder de compra e domínio global deles, com uma diferença abissal de penetração de mercados, comercialização de produtos em comparação com os Brasileiros. Esta imersão global não é sequer discutida em uma esfera realista pelos clubes brasileiros, para a visualização de seus jogos ou monetização internacional de produtos licenciados. Nossos clubes não criaram um modelo em que se gerasse interesse por torcedores de outros países para serem discutidos globalmente. Com esta medida, clubes podem vender em diversas plataformas digitais globais de transmissão.
Os grandes clubes brasileiros precisam se unir em torno de algo maior como uma liga. A Premier League foi fundada após o futebol Inglês na década de 80 estar sucateado. Eles tiveram dois desastres na década nos estádios de Heysel e Hillsborough. Na investigação de Hillsborough, o Juiz Lorde Taylor recomendou que todos os estádios tivessem assentos. A medida era algo muito caro para clubes financiarem uma obra desta magnitude. A solução veio com a formação da Premier League financiada pela Sky Sports, sendo hoje um show de marketing esportivo no mundo. Após quase 30 anos, o torneio caminha para se tornar a “NBA do futebol” nas palavras do Presidente da Liga Espanhola, Javier Tebas.
A La Liga Espanhola possui escritórios comerciais em regiões estratégicas do globo, promovendo todos os seus clubes. Eles promovem ações de marketing diversas, desde conseguir um patrocínio local nos Emirados Árabes até negociação de amistosos entre os clubes. No ano de 2015, a La Liga promoveu o celebrado “El Clássico” entre Real Madrid x Barcelona com Fan Fests pontuais no mundo. A falta de uma Liga brasileira impede um movimento de marketing neste sentido que possa ser eficaz.
Cada clube brasileiro indo para lados contrários é péssimo para todos. A falta de padronização nas transmissões será muito errática. Como será a qualidade da imagem, narração sobre este novo futebol? Alguns clubes podem se beneficiar a curto prazo, porém no longo prazo as distancias orçamentárias ficaram cada vez maiores, infligindo na atratividade do espetáculo, acarretando queda de interesse do público e de receita. Precisamos ter cuidado para não ocorrer a “Espanholização” do campeonato em que só dois times são realmente competitivos, ou da Alemanha em que o Bayern de Munique ganhou o campeonato 8 vezes seguidas. A força do nosso futebol consiste no equilíbrio técnico, tornando atraente.
Torna-se necessário “tropicalizar” esta visão do futebol. Os Campeonatos Estaduais, como plataforma de desenvolvimento de jogadores e oportunidades de trabalho em diversas regiões do Brasil. A desenvoltura em revelar talentos não pode ser deixada apenas para clubes grandes, pois não há espaço para eles comportarem os milhares de jogadores e técnicos que existem no país. Seria uma medida que corta e oportunidade de vários profissionais e revelações.
O futebol do Brasil está passando por uma transformação rápida, em que provavelmente não haverá volta ao modo operacional antigo. Porém, necessitamos pensar nas variáveis para o nosso calendário, os Estaduais, os pequenos clubes sobreviverem e também a internacionalização das nossas grandes marcas. Precisamos pensar nas particularidades do Brasil, um país único e no futebol, e torna-lo rentável a nível global comercialmente, com faturamento em moeda estrangeira para que nossos clubes possam ter uma maior relevância no mundo.
Dennys Mark M. Silva, Institucional do Bastos Freire Advogados, ex- gerente Intl do G4 Aliança Paulista, bacharel em Business & Marketing pela Florida International University
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