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O que acontece quando a Compliance Officer sofre assédio moral?

Patricia Punder - Divulgação Patricia Punder - Divulgação

Patricia Punder

No dia 08 de março foi o Dia Internacional das Mulheres e apesar de ter celebrado esta data, considero que todos os dias tal celebração deve ser realizada. As mulheres, apesar de muitas barreiras, já são a grande maioria das “chefes” de família no Brasil. Sustentando suas casas com dignidade, trabalho e respeito.

Entretanto, apesar das celebrações e mensagens bonitas publicadas nas mídias sociais, ainda temos um câncer instalado em nossa sociedade: o assédio moral contra a mulher. Trata-se do elefante cor-de-rosa que existe em todas as empresas e instituições e poucos tem coragem de falar e agir para, de fato, resolver este grave problema.

O assédio moral acontece em todo os mercados, independentemente da idade dos envolvidos, do nível educacional, etc. Simplesmente acontece porque existem algumas pessoas preferem a ganância à ambição, outras porque são psicopatas/sociopatas e outras por que são verdadeiramente desonestas ou tem um ego enorme.

Ademais, infelizmente, ainda existe o componente do “machismo” na sociedade latino-americana. Claro que não são todos os latinos que agem desta forma, contudo, muitos ainda tem a visão que a mulher, que possui conhecimento e que assume uma posição de liderança, pode ser um incômodo pessoal e profissional.

Em muitas situações, podemos dizer que a origem do assédio moral também está relacionada com o medo ou a inveja de um superior, normalmente menos competente ou capaz que seu subordinado, que acredita que está diante um competidor que precisa ser eliminado a fim de que sua posição seja mantida. Entretanto, as vítimas de assédio moral podem ser também funcionários íntegros que precisam ser extirpados de um determinado setor da empresa exatamente para que atos ilícitos possam ali ser praticados com mais facilidade. Fica fácil perceber, assim, que pode existir uma vinculação direta entre o assédio moral e o controle que deve se estabelecer dentro das organizações.

Muitas mulheres que atuam na posição de Compliance Officer, não somente no Brasil, mas em todo o mundo, já sofreram ou estão sofrendo assédio moral. Pouco se fala sobre isso, talvez por medo, vergonha, síndrome da impostora, etc. Muitas são demitidas sem justa causa, já outras escolhem sair de seus empregos ou entram em licença médica por depressão, síndrome de ansiedade generalizada e até o famoso “burnout”.

O fato é que o assédio moral é uma violência totalmente invisível, pois, na maior parte das vezes, apresenta-se de uma forma que, apesar de rotineira, não é ostensiva. Assim, pode-se concretizar por meras insinuações, críticas difusas, não ditos, posturas rudes dentre outros comportamentos sutis e inadequados. O assediador age de forma absolutamente dolosa, mas procura sempre dar uma roupagem de normalidade a sua conduta, buscando fazer com que as providências que adota representem a rotina normal dentro de um ambiente profissional.

Não podemos negar que o mundo dos negócios não é um ambiente tranquilo. A pressão que os executivos, sejam nacionais ou internacionais sentem para gerar lucro rapidamente pode ser desumano. E as consequências do fracasso podem significar demissão ou substituição por outro profissional.

Neste momento, terceirizar a culpa do fracasso tem se tornado um habito comum no mundo dos negócios, quase um modismo. Ninguém mais é culpado por nada. A culpa é da concorrência, da economia, da pandemia, da Compliance Officer que não deixa o negócio fazer o que quiser, mas nunca do executivo que tem a responsabilidade por atuar com profissionalismo, integridade e transparência.

A boa notícia é que o mundo cada vez mais conectado, a sociedade pode usar sua voz (“speak up”), pois estão cada vez mais empoderados e possuem total consciência de que agora sua voz poderá ser ouvida pelo mundo todo. Se ocorre o vazamento que uma empresa ou executivo é um assediador habitual e que a alta direção decide proteger o assediador e passa a vítima do assédio como um problema a ser eliminado, isso repercute nas redes sociais, podendo eventualmente manchar a reputação da empresa. Perante a sociedade, o executivo e a empresa tornando-se cúmplice do conflito, principalmente quando a origem do assédio está exatamente nos mais altos postos do poder da empresa ou da administração pública.

Sendo assim, gostaria de concluir com a seguinte convicção: “Sonho com um mundo sem discriminação, assédio, preconceito de gênero e violência contra a mulher. Que um dia todas as mulheres tenham o direito de falar sem serem interrompidas ou tratadas com desprezo ou sarcástico. Que possam trabalhar e atingir altas posições sem ter que se corromper com a corrupção e uma cultura organizacional tóxica. Que a meritocracia seja um fato real e não dependa do seu chefe gostar de você. Que o respeito, integridade e respeito sejam o dia-a-dia de nossas vidas no mundo empresarial”.

Patricia Punder, advogada é compliance officer com experiência internacional. Professora de Compliance no pós-MBA da FIA e LEC – Legal Ethics and Compliance (SP). Uma das autoras do “Manual de Compliance”, lançado pela LEC em 2019 e Compliance – além do Manual 2020.

Com sólida experiência no Brasil e na América Latina, Patrícia tem expertise na implementação de Programas de Governança e Compliance, LGPD, ESG, treinamentos;
análise estratégica de avaliação e gestão de riscos, gestão na condução de crises de reputação corporativa e investigações envolvendo o DOJ (Department of Justice), SEC (Securities and Exchange Comission), AGU, CADE e TCU (Brasil).


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