2020 ano das IPOs: empresas digitais são as que mais ganham destaque em participações

Por Gabriel Lima, CEO da Enext e autor do livro Líderes Digitais um ensaio sobre como gerir negócios digitais na visão de 21 líderes brasileiros

Neste ano o mercado de capitais brasileiro tem vivenciado uma grande intensificação de empresas nacionais interessadas em fazer seu IPO (Oferta Pública Inicial). As vendas de novas ações já giraram mais de R$ 66 bilhões em 47 operações, considerando companhias que venderam ações pela primeira vez na Bolsa e as organizações já listadas que decidiram aumentar a quantidade de papéis no mercado. Outras 45 empresas aguardam autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para iniciar as negociações, sendo 35 companhias completamente digitais, consideradas como o grande filão da próxima década.

Essas empresas digitais, aliás, são atualmente as mais atraentes aos olhos do mercado financeiro pelo potencial de crescimento nos próximos anos. Isso acontece porque elas já nascem sob o prisma digital, conseguindo captar os clientes interessados em soluções que ofereçam maior agilidade e praticidade em seu dia a dia. É o caso, por exemplo, de e-commerces, marketplaces nichados, programas de recompensas e outros negócios online.

Neste ano, no Brasil, empresas digitais como Enjoei, Méliuz e Housi fizeram recentemente o IPO. Essa é a primeira vez que esse tipo de companhia entra em processo de abertura de capitais, movimento que pode ajudar a revolucionar o aumento de participações de negócios digitais em IPO, quebrando um padrão que antes era visto apenas pelas companhias de grande porte.

Outro case interessante é o caso da Petz - varejista de produtos para animais de estimação, que foi vista com a maior estreia do ano, que movimentou até agora R$ 3,03 bilhões, considerando os lotes extras. A empresa que possui lojas físicas, tem o seu lado de tecnologia digital, antes do pedido de IPO, a Petz aumentou a presença digital e olhou para o mercado digital. Pode se destacar que a entrada da companhia no canal online trouxe um grande crescimento. Realizando uma análise, em apenas quatro anos a empresa deve multiplicar por 10 vezes a receita das chamadas vendas digitais, saindo de R$ 23 milhões para uma perspectiva de R$ 250 milhões em 2020 se mantiver a mesma razão de crescimento do início do próximo ano.

Esse crescimento é resultado de uma estratégia para atingir de forma eficiente os canais digitais. Podemos citar a força da omnicanalidade. Esse é um dos pontos mais interessantes que podemos observar da Petz, a empresa comercializa através de seu site próprio, aplicativo e superapps. Possui um centro de distribuição central, mas 77,1% das vendas realizadas por meio de canais digitais são de produtos entregues a partir de lojas ou retirados pelo cliente diretamente na loja. Ou seja, o forte crescimento da receita apresentado teve como alavanca o crescimento das lojas físicas, assim como a integração entre os canais, que exigiu a capacitação de sua força de vendas, o time das lojas físicas e um grande alinhamento cultural.

Um fato muito interessante do negócio é o crescimento consistente da margem EBITDA saindo de 7,7% em 2017 para 20% em 2020. Claramente o crescimento do digital puxou este indicador para cima, pois seu crescimento foi significativamente maior que o aumento das vendas das lojas físicas. Este é um fato positivo muito interessante e que reforça o discurso de que empresas com forte presença omnicanal tem um melhor impacto do ponto de vista de experiência do consumidor, como também são mais eficientes operacional e financeiramente. Além disso, a Petz menciona em seu prospecto que está nos seus planos investimentos para potencializar ainda mais a distribuição omnicanal, assim como criar uma experiência digital voltada para o ciclo de vida do pet, potencializando o engajamento da marca com seus clientes.

Por fim, a dica primordial para as empresas que estão em busca de IPO. Elas precisam estar bem estruturadas e maduras para protocolar os seus registros e segura dos processos que são necessários nessa preparação para o IPO. É importante saber e conhecer as expectativas do mercado para assim ter uma boa performance que chama atenção dos investidores e os faz querer comprar as ações da companhia.

Sobre Gabriel Lima

Gabriel Lima é CEO e fundador da Enext, consultoria especializada em comércio eletrônico do grupo WPP. Mestre em administração de empresas pelo Insper, é autor dos livros Comércio Eletrônico: Melhores Práticas do Mercado Brasileiro e Líderes Digitais. Entre 2017 e 2020, foi representante do Brasil na UNIDO para desenvolvimento sustentável de negócios digitais nos países BRICS (Goal #9) . Exercendo seu papel, representou o Brasil na China, Índia, Suíça e Áustria liderando o desenvolvimento dos relatórios sobre o panorama do ecommerce brasileiro.

Sobre a Enext

A Enext é uma empresa do grupo WPP focada em soluções para negócios digitais. Os serviços abrangem desde planejamento estratégico e transformação digital, passando por implantação de plataformas, Mídia, Business Intelligence e CRM. A empresa é responsável por projetos digitais para grandes marcas, como: BASF, PUMA, C6 Bank, Mondelez, Novartis e Sephora.

Fundada em 2008, a empresa com sede em São Paulo conta com mais de 200 colaboradores e mais de 70 clientes ativos, e credita o seu sucesso à tríade: foco no cliente e nos seus desafios, na capacitação e engajamento das pessoas, e na excelência das entregas e dos resultados.