Home office: como liderar e manter colaboradores produtivos e engajados?

Todo processo de manter colaboradores produtivos e engajados começa com ações que mantenham as pessoas percebendo sua importância no processo em que estão incluídos. Geralmente os gestores e as empresas têm uma cultura de pensar de uma forma antiquada, na qual o funcionário, muitas vezes, não sabe o motivo pelo qual faz uma determinada tarefa. Estes funcionários simplesmente trabalham para cumprir o seu horário, com o menor erro possível, e assim garantem seu salário no final do mês. Quanto menos problema esse funcionário causa, com o número menor de erros, está ótimo. Muitos funcionários têm medo de oferecer sugestões, de indicar possíveis mudanças na forma de fazer alguma atividade. Esse medo está vinculado ao fato de que sua sugestão possa realmente não melhorar o processo, pode tornar o processo mais vulnerável. Se isso acontecer o processo indica que esse funcionário não é bom, fica exposto e pode até mesmo ser mandado embora. O funcionário que faz o padrão raramente tem problemas nas avaliações e, permanecendo na empresa, não raro recebe promoções, assim é encorajado a não trazer inovações.

Por que fiz esse relato inadequado de comportamento profissional mas que é inconscientemente encorajado dentro das empresas? Afinal vamos falar de liderar e manter colaboração e desenvolvimento do trabalho no ambiente Home office. A resposta pode ser simples, porém é bem complicada. Precisamos mudar todos estes princípios.

Não podemos achar que formação acadêmica, formação técnica, conhecimentos das práticas habituais irão resolver tudo agora. Precisamos de pessoas que gostem do que fazem, precisamos de chefias que não tenham medo de perder seu cargo. Temos que ter humildade em trazer a equipe para uma conversa e mostrar para eles que nosso sucesso depende de todos estarmos juntos. Não adianta querer controlar a hora que as pessoas entraram no sistema e que horas saíram, precisamos estabelecer metas a curto prazo e acompanhar o que está acontecendo. Precisamos, como líderes, ter um diálogo próximo com nosso supervisionado, com nossa equipe, desta forma podemos entender problemas pessoais, problemas técnicos, diminuindo os impactos destes na vida das pessoas desta equipe.

Num momento como esse, o medo está instalado em todos, sem exceção. Não saber que rumos iremos seguir a curto prazo é um dado que precisamos entender e saber estar ao lado de nossa equipe. Precisamos ter planos alternativos para o desenvolvimento das atividades, não podemos ter ações na mão de apenas um funcionário, existe a possibilidade deste funcionário adoecer ou alguém de sua família ter problemas de saúde, neste momento precisamos estar prontos para apoiar e colocar o plano alternativo em funcionamento, transmitindo para toda equipe que essa ação é de apoio. Não de apenas uma substituição fria.

O funcionário precisa entender que é importante, e agir com ele na necessidade mostrando essa importância, e deixando a equipe toda saber do apoio dado, ajuda a diminuir os medos da equipe. Também ser transparente com o momento da empresa e quais planos de ação que ela está preparando e executando para conseguir superar o momento difícil dos negócios, ajuda a equipe entender o quanto é importante sua dedicação.

Poderíamos resumir a ideia em uma ação única, porém que muda muito a forma de ser e pensar de diversos gestores. Nossos funcionários são nossos parceiros, não são inferiores a nós, são parte de uma equipe e cada um tem um papel e mais do que nunca, precisamos entender esse papel na equipe.

Nelson Destro Fragoso é coordenador da Incubadora de Empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie e professor de psicologia da UPM.