Profissional deve cuidar da saúde como cuida do currículo

Geralmente o primeiro passo dado pelos profissionais que estão à procura de uma colocação no mercado de trabalho é a elaboração de um bom currículo, bem redigido, de forma clara e objetiva, com informações sobre todas as formações e qualificações, apresentado da melhor maneira possível o perfil e qualidades do candidato. Mas, muita gente se esquece de um fator fundamental para o desempenho de qualquer função e que quase sempre passa despercebido por quem pleiteia uma vaga ou busca ascensão na carreira: a sua saúde ocupacional, requisito que pode causar impacto decisivo na conquista ou não de uma nova oportunidade de trabalho.

Conforme estabelecido pela Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho NR-7, o Atestado de Saúde Ocupacional (ASO) deve ser emitido no momento do Exame Admissional, nos Exames Periódicos, no Exame de Retorno ao Trabalho, Exame de Mudança de Função e no Exame Demissional. Dados do Seconci Goiás – Serviço Social da Indústria da Construção - entidade responsável por emitir o ASO para várias empresas do setor da construção civil no Estado, apontam que parte dos trabalhadores avaliados recebe indicação de restrições no atestado. Isso pode, inclusive, limitar os profissionais de desempenhar algumas funções, ou seja, dependendo do tipo de trabalho, a pessoa pode não ser selecionada para determinada atividade por não apresentar condições de saúde necessárias ao ofício.

De acordo com a cardiologista do Seconci Goiás, Flaviana de Sousa Carneiro, é sempre importante que o trabalhador, estando empregado ou não, cuide constantemente de sua saúde, mantendo seu bem-estar físico e mental e estando apto para aproveitar as oportunidades que o mercado de trabalho pode lhe oferecer.

Segundo a médica esses cuidados são simples e não requerem grandes gastos. São eles: a realização de um check-up de saúde anualmente (consulta médica e exames específicos); praticar regularmente atividade física; ter uma alimentação saudável, evitando ingerir alimentos ricos em gordura e açúcar para prevenir o colesterol alto, o diabetes e a hipertensão. Conforme a especialista, no caso específico de pessoas que já têm diagnosticado um quadro de hipertensão, é importante aferir a pressão arterial regularmente; seguir todas as orientações médicas e tomar o medicamento corretamente, de acordo com a prescrição médica.

Restrições

Segundo a médica do trabalho Patrícia Montalvo Moraes, coordenadora da Área Médica e do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) do Seconci Goiás, algumas condições de saúde podem resultar em restrições para atividades específicas.

No setor da construção civil, por exemplo, para a emissão do ASO do trabalhador que executará trabalho em altura (acima de 2 metros de altura), devem ser realizados exames voltados às patologias que poderão originar mal súbito, com risco de queda de altura. A médica alerta que devem ser considerados também os fatores psicossociais no exame médico ocupacional dos trabalhadores que executarão esse tipo de trabalho. Caso o candidato possua alguma patologia associada ao risco de mal súbito, como por exemplo, cardiopatia descompensada, crise de asma, diabetes descompensada , fobia à altura (acrofobia), epilepsia ou que tenha algum tipo de deficiência congênita ou adquirida, como por exemplo, cegueira de um olho, certamente o ASO será emitido pelo médico examinador com restrições, com o intuito de preservar a saúde e a segurança do trabalhador. Algumas restrições são temporárias e outras são definitivas, dependendo da avaliação e acompanhamento regular do médico examinador e do médico assistente do trabalhador.

No Seconci Goiás são realizados diversos exames para os trabalhadores que executarão trabalho em altura, como o eletrocardiograma, para detectar cardiopatias; o hemograma completo, para detectar anemia, alterações de plaquetas; glicemia de jejum, para detectar alterações na glicemia (hipoglicemia, diabetes); avaliação psicossocial, que poderá ser solicitada, no caso das empresas contratantes que autorizam a realização desse exame, para detectar alguma fobia de altura, transtorno psiquiátrico, etc.

Outra atividade que requer atenção quanto às condições de saúde é o carregamento/levantamento manual de peso. Mulheres grávidas, profissionais com cardiopatias; hérnia abdominal (inguinal, umbilical) ou em coluna vertebral; insuficiência em membros inferiores (varizes calibrosas) e limitações ortopédicas em coluna e membros podem receber um ASO “Apto com Restrições” para esse tipo de função.