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Quando o parto é diferente do planejado

  • Crédito de Imagens:Divulgação - Escrito ou enviado por  Fabiana Cardoso
  • SEGS.com.br - Categoria: Saúde
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Quando o parto é diferente do planejado

Relato de parto da fisioterapeuta e influencer Renata Abate. Esposa do obstetra e especialista em reprodução humana, Rodrigo Rosa, ela montou seu plano de parto dos sonhos. Mas a realidade sabe pregar umas peças...

O blog Materhood tem como principal iniciativa formar uma rede de apoio virtual, através da troca de experiências entre mamães. Nossa ideia é que a superação de uma mamãe possa ajudar a outra.

Pensando nisso, trazemos mais um relato de parto. Renata Abate desejou muito esse momento, mas o acontecido foi bem diferente do idealizado. Cada detalhe importa e nos faz reviver esse dia junto com a família.

Renata se preparou de todas as formas possíveis, e aqui nos conta todo seu trabalho de parto e os motivos que fizeram a equipe médica tomar a decisão pela cesárea – e como foi difícil para ela aceitar esse tipo de parto (extremamente necessário no seu caso). Ela fala um pouco também de como foi a chegada da pequena Giovanna e como tudo fez sentido naquele momento para ela e seu esposo. Acompanhe essa história emocionante:

"Após duas noites de contrações arrastadas e doloridas, perdi o tampão na manhã do dia 07/09/18. Na madrugada do dia 08, acordei à 1h da manhã com contrações cada vez mais rítmicas, e às 3h da manhã elas ficaram mais fortes e dolorosas. Acordei meu marido e ele falou para eu ir para banheira, o que aliviou um pouco. Mas quando saí de lá as dores pioraram, e às 5h20 elas já vinham a cada 3 minutos com intensidade muito alta e acompanhadas de uma dor lombar muito grande!

Nesse momento avisamos toda a equipe e a minha doula Cacau Prado (um anjo na minha vida) veio imediatamente para minha casa e não saiu mais do meu lado até a Giovanna nascer. Ela chegou às 7h, e eu estava com apenas 1cm de dilatação, com dor, debaixo do chuveiro e abraçada com a bola.

Resolvemos seguir em casa e esperar entrarmos na fase ativa antes de irmos para o hospital. Ela colocou o TENS (aparelho que utiliza estimulação elétrica nervosa transcutânea com finalidade analgésica) na minha lombar, fazia massagem a cada contração, utilizou aromaterapia para diferentes situações e me colocou para dormir um pouco.

Mas as contrações eram tão intensas que eu não conseguia relaxar. Por isso levantei e fui fazer exercícios na bola. Nesse momento minha enfermeira obstetra Julia chegou (mais um anjo na minha vida!). Ela fez massagem e me examinou, eu estava com apenas 1 cm e meio de dilatação, e ela propôs que eu tentasse realmente descansar. Eu estava desde o dia 4 sem dormir direito. Não consegui novamente!

Cacau sugeriu que eu descansasse na banheira para eu tentar relaxar, mas eu não tinha descanso entre as contrações. O Rodrigo e a Cacau permaneceram ao meu lado em todo o tempo, e se revezavam me fazendo massagens a cada contração. Eu não encontrava nenhuma posição confortável na banheira e percebia que elas vinham cada vez mais intensas. Lembro de nessa hora repetir algumas vezes que não sabia se aguentaria se piorassem muito mais. O Rô e a Cacau me deram força, me empoderaram, me fizeram acreditar que eu aguentava sim – e eu aguentei!

Saí da banheira, fui para a bola novamente, mas as dores só pioravam.

A Talyta, amiga e madrinha da Gi, me trouxe comida, eu realmente precisava me alimentar. Dei um gole no suco e uma mordida no misto, mas não consegui engolir. Veio outra contração e vomitei.

Nesse momento, deitei-me no chão, estava com muita dor! O Rô decidiu me examinar: eu estava com 4 centímetros, colo bem fino e contrações seguidas. Nessa hora ele decidiu: vamos para o hospital!!

Tomei um banho. Começamos a pegar tudo que esquecemos de separar, o Rô fez a mala dele em 2 minutos. A Cacau e a Talyta pentearam meu cabelo e me ajudaram a me maquiar. Me despedi das cachorras e fomos para o hospital.

Foram longos 12 minutos dentro do carro. Na primeira contração eu pulei para o banco de trás, ajoelhei no banco e agarrei o encosto. E assim foi até chegarmos ao hospital.

O Dr. Gustavo Ventura já estava me esperando na porta com uma cadeira de rodas, já tinha dado minha entrada no hospital para adiantar tudo e me levou direto para a sala de parto normal.

O Rô foi estacionar e se trocar, pouco tempo depois entrou na sala. Nos abraçamos. Um abraço de amor, cumplicidade e compaixão. E dentro dele, muitas contrações. Apertava a roupa do meu marido com tanta força!

Como no parto normal e para a minha equipe a mulher é a protagonista do seu parto e pode fazer o que quiser, decidi ir para a banheira. Estava bem quentinha, o Rô e a Cacau me fizeram companhia, massagens, jogavam água na minha lombar. A Julia chegou e ficou comigo, sempre monitorando os batimentos da Giovanna. Acho que esse foi o momento que consegui administrar melhor as contrações e isso me fortaleceu pra seguir em frente com o trabalho de parto.

Quando saí da banheira e fui avaliada continuava com 4 centímetros. A Cacau e a Julia sugeriram exercícios para ajudar a Giovanna a girar o dorso dela pra esquerda (pois estava à direita), a melhor posição para o parto normal. E depois de muitos agachamentos, exercícios, spinning babies e acupuntura, ela finalmente virou, porém a dilatação se manteve. Após 6h sem nenhuma evolução na dilação, rompemos a bolsa. Continuei com os exercícios para ajudar na descida da Giovanna (bola, degrau, agachamentos, mobilizações pélvicas, banheira de novo...). Mais duas horas se passaram e a dilatação só chegou aos 5 cm.

Como eu já estava exausta, o Dr. Gustavo sugeriu que eu recebesse analgesia, pois me ajudaria a descansar um pouco e poderia auxiliar na dilatação do colo. Eu que já tinha me convencido de não receber analgesia e estava suportando bem as dores, me surpreendi e falei: “Dr. achei que eu iria implorar pela analgesia e você que tentaria me convencer de não tomar...rs”. Mas, como tudo nessa vida, existem situações que fogem da regra e, no meu caso, (após 17h de Trabalho de Parto) a medicação era indicada para ajudar na progressão do trabalho de parto.

Minha anestesista querida Giovanna chegou após uns 15 minutos. Sentei na maca, ainda meio insegura de saber que eu poderia perder o movimento das pernas por um tempo. A Gi fez uma analgesia bem leve para tirar a dor da contração, mas ao mesmo tempo não me deixar sem poder andar ou ficar em pé. Consegui adormecer por uns 30 minutos pois as contrações vinham sem dor. Quando acordei, estava renovada, pronta pra reiniciar o trabalho de parto por quantas horas fossem necessárias.

Fui para a banqueta, comi, retoquei a maquiagem e recebi ocitocina na veia. Novamente fui examinada e a conduta tinha sido um sucesso. Evoluímos para 7 cm e um colo bem fininho, porém junto veio outra notícia preocupante, a cabecinha da Giovanna estava rodada para o lado errado, impossibilitando que ela continuasse descendo. Levantei da banqueta e fiz vários exercícios sugeridos pela Cacau e pela Julia. Elas tentaram de tudo, foram mais algumas horas fazendo spinning babies, posições e movimentos que poderiam favorecer a rotação da cabecinha dela e, consequentemente, sua descida e dilatação total. Mas parecia que minha filha não queria nascer por ali.

Nessa hora notamos uma dip 2 (quando o bebê desacelera fora da contração), e paramos por alguns segundos, mas Giovanna se recuperou e seguimos. Lembro de já começarem a me preparar para aceitar uma cesariana. Mas eu não queria, eu estava bem, a Giovanna estava bem. Escolhi insistir, fazer o que fosse possível. E o Rô me apoiava, eu sabia que se nossa filha estivesse em risco ele não me deixaria insistir no parto normal. Ela era nossa prioridade.

Continuamos monitorando os batimentos cardíacos da Giovanna com a cardiotocografia. A Cacau colocou Dirty Dancing e eu e o Rô dançamos juntinhos. Depois veio Bell Marques e outros axés em meio a muitos exercícios. Fui examinada novamente e, para minha tristeza, nada mudava!

Resolvemos ir para a banqueta fazer força, geralmente se faz a força quando chega em 10cm de dilatação, mas com o batimento da Gi oscilando, precisávamos ver se assim ela descia mais, dilatava o colo e rodava para ela nascer.

Nesse momento eu já estava sentindo tudo de novo, o efeito da analgesia tinha passado.

Eu tinha que fazer força para empurrar a bebê no momento da contração, e na terceira ou quarta tentativa ela teve uma bradicardia preocupante, durou quase um minuto, o minuto mais tenso de todo trabalho de parto.

Rapidamente colocaram oxigênio para eu respirar e a oxigenar, e assim ela recuperou os batimentos, graças à Deus!

Era quase meia noite e eu soube que o parto normal já não era mais uma opção. Todos da equipe foram unânimes, não poderíamos continuar. Havíamos feito tudo, todo o possível. E a partir daquele momento, se continuássemos insistindo, estaríamos colocando a Giovanna em risco.

Ela já dava sinais de que estava cansada, tinha poucas reservas e eu permanecia com 7 cm, longe de poder nascer de parto normal. A equipe conversou comigo e deixaram uma sala pronta, para qualquer emergência, principalmente depois da desaceleração que foi fora de contração.

Eu desabei, chorei.

Não entendia o motivo de não ter conseguido, me culpava.

O Rô me consolava, dizia que eu havia feito tudo que podia, que estava orgulhoso, mas eu não me conformava. Até que ele falou que em breve conheceríamos a Giovanna, que ela estava chegando e então eu percebi que depois de tantas horas esperando, a única certeza que eu tinha era que ela estaria nos meus braços na próxima hora, e isso me deu forças para sorrir e segurar as lágrimas.

A Julia secou meu cabelo (por causa do bisturi elétrico). A Cacau levava música, velas e outras coisas para o centro cirúrgico. Não me deixaram ir andando para a sala (normas do hospital). Tive que ir de cadeira de rodas. Lembro claramente de cada detalhe.

No caminho, o Rô me levou para ver minha família, e foi muito difícil conter as lágrimas nesse momento. Mas eu me segurei por eles, pela minha mãe.

Meu sobrinho me deu um abraço bem apertado e um beijo. Minha mãe também parecia segurar as lágrimas. Me despedi de todos e fomos para o centro cirúrgico.

Cheguei ao centro cirúrgico. Assim que levantei da cadeira, mais uma contração. Esperamos um intervalo entre elas para eu poder me sentar na maca para a Gi aplicar a anestesia. O Rô veio conversar comigo e avisou que ele iria se paramentar para receber a Giovanna e em seguida viria ficar comigo. Eu consenti.

A partir desse momento, tudo aconteceu tudo muito rápido.

Minhas pernas começaram a formigar, até que o formigamento chegou na altura do meu peito. Uma sensação esquisita. Eu sentia tudo que as enfermeiras faziam, passar a sonda, assepsia da barriga, mas tudo sem dor. Em seguida veio o campo cirúrgico e eu não conseguia ver mais nada do que acontecia lá embaixo. Comecei a ficar enjoada e a respirar fundo para segurar a ânsia. Senti o cheiro que o bisturi elétrico provoca, fiquei em dúvida se respirava fundo ou não, porque esse cheiro me enjoa. o Rô apareceu paramentado do meu lado. Olhei para ele e falei: “mas já?” Ele respondeu: “em menos de 5 minutos ela nasce!” Fiquei ansiosa e concentrada para o enjoo passar.

De repente abaixaram o campo, a Cacau levantou minha cabeça e eu vi a cena mais linda do mundo: meu marido ajudando nossa princesinha a sair da barriga da mamãe, sem puxá-la, sem pressa, bem lentamente... Em seguida entregou ela para mim! E que olhar! Ela veio me olhando, me reconhecendo... que emoção! Veio direto para o meu peito e mamou (golden hour) ainda ligada ao cordão umbilical (que só foi campleado após parar de pulsar).

Nesse momento, todas as sensações ruins que eu tinha sentido desde o momento que soube que seria uma cesárea desapareceram. Eu só tinha olhos e ouvidos para ela. Fiquei um tempo sem reação, só admirando.

O Rô veio do meu lado e ficamos um tempão curtindo nossa princesinha até a cirurgia acabar. Nem vi o tempo passar...

Ela nasceu e eu renasci. Como mulher, como mãe, como esposa... com uma força que nunca imaginei e um amor que não cabe no peito.

Percebi que na sala tinha música, velas, aromas... Que ela nasceu em um ambiente tranquilo, respeitoso e acolhedor, exatamente como eu queria que fosse, exatamente como ele merece.

A pediatra mais querida Dra Flavia Mariano estava presente na sala de parto e examinou a Giovanna ainda no meu colo. Apenas 40 minutos depois do nascimento ela saiu do meu colo para ser pesada. Cada um chutou um peso diferente e todos erraram feio, rs! O peso estimado dela no último ultrassom era por volta de 3,200kg, mas na pesagem oficial foi 3,810kg.

Optei por não levarem ela para o berçário para tomar banho, queria ficar grudadinha nela. Preferi levá-la comigo paro quarto e deixar o banho para depois, no quarto e junto com o pai.

A Cacau me ajudou a colocar minha filha para mamar mais uma vez, ao som de Isadora Canto. E que sensação maravilhosa, como Deus é perfeito!

O Dr. Gustavo e a Julia vieram se despedir e me emocionaram com suas palavras. Assim que fui liberada, seguimos para o quarto. O Rô como “motorista” da maca, a Giovanna mamando, e a Cacau e a Katia, fotógrafa, junto. Ao entrar no quarto, mais emoção ao rever a família e a alegria de todos ao conhecerem a Giovanna.

Foi lindo, foi especial, foi realmente coisa de Deus!! Sei que não foi como tinha sido planejado, e claro que isso me frustrou muito na hora e demorei alguns dias para digerir tudo. Mas foi como Deus planejou e como a Giovanna escolheu. E não existe alegria maior do que ter minha filha saudável nos meus braços."

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Sobre Priscilla Kalil:

Mãe do Nicolas, autora do blog Materhood, o melhor lugar para as conversas de mãe, sem nenhum julgamento, Priscilla também é fisioterapeuta, esteticista, especialista em neurologia e empreendedora. Já viajou o mundo trabalhando com tratamentos corporais. Já morou em Perth, na Austrália, e sua volta ao Brasil há oito anos, teve um motivo: saudade da família. Esse, aliás, é um assunto que caminha de mãos dadas com o universo da maternidade, assuntos que Priscilla domina com maestria. Autora do Materhood, o melhor lugar para as conversas de mãe, sem nenhum julgamento. Disponível para entrevistas, participação e cobertura de eventos, pois sua paixão pela escrita fez com que desenvolvesse habilidade e desenvoltura para falar sobre temas do mundo familiar e materno-infantil.


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