Doença comum, a pedra nos rins, quando tem como causa o excesso de cálcio, pode ser curada com a retirada da paratireoide
Os cálculos renais atingem cerca de 15% da população e, desse contingente, até 10% tem como causa o hiperparatireoidismo primário
Você sabia que um especialista em cirurgia de cabeça e pescoço pode ter que se envolver em um problema de pedra nos rins?
Isso porque uma parcela das pessoas com cálculos renais – as populares pedras nos rins – tem o problema por causa de uma disfunção da paratireoide, o hiperparatireoidismo primário.
As glândulas paratireoides, que geralmente são quatro, ficam no pescoço, atrás da tireoide. Sua função principal é manter o nível de cálcio do sangue dentro do limite apropriado para o funcionamento do sistema nervoso e muscular.
Quando uma delas fica aumentada, passa a produzir em excesso o seu hormônio, o paratormônio, tirando muito cálcio dos ossos e jogando no sangue. Dessa forma, os rins são sobrecarregados com excesso de cálcio no sangue e formam-se os cálculos.
Os cálculos renais atingem cerca de 15% da população. Em 80% dos casos eles são compostos por oxalato de cálcio. Dentro desse universo, até 10% têm como causa o hiperparatireoidismo primário.
Segundo o Prof. Dr. Flávio Hojaij, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, “cabe aos nefrologistas, urologistas e clínicos realizar dosagens de cálcio no sangue nos pacientes com pedra nos rins. Caso ele esteja elevado, deve-se dosar o paratormônio. Feito o diagnóstico e percebido que o problema é originado nas paratireoides, não adianta ficar somente quebrando as pedras ou retirando. Nesse caso a melhor decisão é tratar as paratireoides, ou seja, fazer uma cirurgia. Quando é apenas uma paratireoide que está aumentada, se tira somente aquela que está funcionando mal. Mas quando existe uma hiperplasia das quatro, todas precisam ser retiradas. Em geral, quando essa cirurgia é bem indicada, o paciente não voltará a ter cálculos renais, pois o problema do cálcio está resolvido”, explica o Dr. Hojaij, Livre Docente da Faculdade de Medicina da USP, onde em 1998 fez sua tese de doutorado sobre a anatomia das paratireoides.
Além de provocar cálculos renais, o hiperparatireoidismo primário e o consequente aumento de cálcio no sangue, também pode causar outras doenças, como descalcificação óssea, úlcera péptica, prisão de ventre, hipertensão arterial, zumbido nos ouvidos e depressão.
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