Como obter uma doação ou transfusão de sangue segura?
Um dos gestos altruístas mais bonitos que uma pessoa pode fazer é a doação de sangue. Ao doar um pouco de seu próprio sangue, o indivíduo está ajudando quem necessita urgentemente desse item essencial para a vida e, ao contrário do que muitos pensam, não são apenas pessoas que sofreram acidentes em que houve perda sanguínea que precisam da doação. Intervenções médicas como procedimentos oncológicos e cirurgias, além de pacientes que possuem algumas doenças, como a talassemia, também podem necessitar de sangue ou seus componentes.
De fato, tanto a doação como a transfusão de sangue constituem atividades complexas e necessitam de cuidados para que sejam feitas de maneira segura tanto para doador como para o receptor. Assim, os requisitos básicos para ser um doador incluem: ter boas condições de saúde; ter entre 16 e 69 anos; pesar no mínimo 50Kg; e até ter dormido 6 horas nas últimas 24 horas que antecedem a doação.
Segundo dados do Ministério da Saúde, 16 a cada mil habitantes são doadores de sangue no país. O percentual corresponde a 1,6% da população e está dentro da margem estabelecida pela Organização Mundial da Saúde, que recomenda uma taxa entre 1% e 3% de doadores entre a população de cada país.
Os últimos dados que o Ministério da Saúde dispõe são de 2017 e, neste ano, foram coletadas 3,4 milhões de bolsas de sangue e realizadas 2,8 milhões de transfusões de sangue. A estimava aponta que 34% dessas doações correspondem àquelas em que o indivíduo doa para atender à necessidade de um paciente familiar ou de amigos e 66% corresponde à doação totalmente espontânea. O perfil médio do doador (ou seja, 62%) é do sexo masculino.
Para oferecer o máximo de segurança para os dois envolvidos no ciclo do sangue (doador e receptor), a triagem inicia com uma entrevista concedida de forma absolutamente sigilosa pelo doador, em que este assume a responsabilidade sobre as informações prestadas.
Após a entrevista, são realizados exames laboratoriais de alta sensibilidade, com a possibilidade de três resultados: os negativos para qualquer tipo de patologia, neste caso o material pode ser aproveitado em sua plenitude. Já nos casos de exames inconclusivos ou positivos para alguma patologia, o material não pode ser aproveitado para fins transfusionais.
“Para os exames que têm como resultado inconclusivo ou positivo para alguma patologia é dever do hemocentro a imediata comunicação ao doador e o encaminhamento deste para algum centro de diagnóstico para melhor pesquisa (no caso dos inconclusivos), ou tratamento médico, com o objetivo dos direitos do doador ser preservado”. afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (ANADEM), Raul Canal.
É importante ressaltar que mesmo quando a transfusão é feita dentro dos parâmetros estabelecidos, ainda há riscos de complicações como a infecção bacteriana, sobrecarga volêmica (infusão rápida de volume sanguíneo), reações por incompatibilidade do tipo sanguíneo, entre outras.
“Também cabe ao médico responsável pelo processo a avaliação sobre a real necessidade de se realizar a transfusão, a prescrição da transfusão e a liberação de um hemocomponente pelo serviço de hemoterapia. Além disso, o processo deve ser realizado apenas em locais em que haja ao menos um médico capacitado e disponível para lidar com possíveis intercorrências”, alerta Canal.
Sobre a ANADEM
Criada em 1998, a Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (ANADEM) promove o debate sobre problemas relacionados ao exercício profissional da medicina. Por meio da análise de discussões relacionada a esse tema, a ANADEM apresenta soluções não só no campo jurídico, mas em todas as áreas de interesse do médico associado. Acesse: https://anadem.org.br
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