Em busca do movimento

A aplicação da toxina botulínica para amenizar rugas da face é um dos procedimentos mais realizado no mundo. Desde que foi utilizada na Medicina pela primeira vez para tratar o estrabismo, no final dos anos 1970, a substância nunca mais parou de ser estudada. Hoje, além do uso estético e oftálmico, é utilizada com sucesso nos tratamentos de diversas doenças, como enxaqueca, rigidez muscular crônica, mal de Parkinson, nas sequelas após acidente vascular encefálico (AVE), paralisia cerebral, entre outras. E uma das toxinas mais indicadas nesses casos é A purificada. Vários estudos mostram que por ela não incluir complexos proteicos em sua composição, torna o tratamento mais seguro, evitando uma eventual resistência ao tratamento.

Entusiasta da toxina para esses fins, o fisiatra Michael Melo afirma que os resultados são bastante animadores. “Em casos de rigidez muscular, como ocorre em quem sofre um AVC ou mal de Parkinson, por exemplo, o medicamento atua relaxando as fibras musculares, melhorando a mobilidade e a parte funcional do paciente”, explica o Dr. Michael. A toxina é aplicada nos membros que apresentam maior rigidez, como braços, mãos e pernas – e, claro, em doses maiores do que quando é usada na estética, que serão avaliadas pelo especialista. Os benefícios aparecem logo após a primeira aplicação e duram até seis meses. “É importante lembrar que o medicamento é um excelente coadjuvante nos tratamentos. Mas deve ser usado em conjunto com terapias motoras, tais como fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional. Desta forma, o paciente poderá evoluir de maneira mais funcional”, diz o médico.

É o caso do paciente Marcelo Lisboa, de 29 anos, que mora na cidade de Itabaiana, Sergipe. Com lesão cerebral causada por um acidente de carro há quase 5 anos, sentia dificuldade em movimentar a perna esquerda, principalmente o glúteo, pois faltava força na região. Devido à lesão, Marcelo tem dificuldade para falar, mas os movimentos melhoraram com a ajuda da toxina. “Ele iniciou o tratamento com toxina botulínica há 2 anos e 6 meses e desde então teve uma maior facilidade de trabalhar a musculatura da perna, o que ajudou muito na fisioterapia! A terapeuta passou a manusear melhor a área que até então era difícil movimentar e, como resultado, passou a ter evoluções satisfatórias no quadro”, explica a mãe, Maria Helijane Lisboa. Ela lembra que, nas primeiras aplicações, Marcelo usou no braço também, por conta da mesma dificuldade de movimento e, hoje, é outra área que consegue esticar muito melhor. “Impressionante”, diz.

A toxina tem se mostrado bastante eficiente também no tratamento de crianças com paralisia cerebral. Essa doença é provocada por uma lesão que ocorre numa fase em que o sistema nervoso central da criança ainda está em formação. A consequência é o distúrbio do tônus muscular - o músculo se torna contraído levando a rigidez e alterações dos movimentos. “A toxina melhora a função motora, especialmente quando combinada com terapias tradicionais, como a fisioterapia”, diz o Dr. Michael Melo.

Foi exatamente isso que aconteceu com Maria Paula, 8 anos, que mora no estado de Sergipe. Com paralisia cerebral, faz uso da toxina há 1 ano e sua mãe, Paula Regina, já consegue perceber uma melhora no quadro. “As pernas estavam atrofiando. Ela não estava conseguindo esticar mais! Foi aí que soube do tratamento com toxina botulínica por uma amiga e fui atrás de realizá-lo. Foi quando conheci o Dr.Michael Melo. Ele passou a realizar o tratamento na Maria Paula e, logo depois de algumas sessões, ela passou a esticar a perna novamente. Com isso, melhorou o trabalho da fisioterapeuta. Ela movimenta a perna e não sente mais o incômodo de antigamente. Acredito que melhorou 80% o quadro”, diz ela.

Dor de cabeça

E para quem sofre com enxaqueca crônica, como a toxina pode ajudar? “Ela bloqueia a liberação de neurotransmissores que estão associados à dor, inibindo assim os sintomas e também fazendo relaxamento de vários músculos que estão associados ao quadro clínico da enxaqueca crônica”, explica o médico. “Portanto, não cura o problema, mas alivia significativamente as crises e a dor, reduzindo intensidade das dores, reduzindo medicações orais levando a uma maior qualidade de vida ao paciente”.

Estudos e casos clínicos mostram, portanto, que a toxina passou a fazer parte do arsenal de medicamentos para tratar essas e outras doenças e, segundo o fisiatra, também atua no controle dos problemas. “Mesmo depois que o efeito da toxina passa, a condição da pessoa fica melhor. Ela nunca volta ao estágio em que estava antes da aplicação quando mantidas as aplicações dentro dos prazos mínimos de tempo entre as aplicações e mantendo as orientações médicas e fisioterápicas motoras”, diz o Dr. Michael.

Sobre Michael Melo

Médico pela Universidade Federal de Sergipe, é especializado em Fisiatria pela Santa Casa de São Paulo. Atua com reabilitação e tratamento da dor em adultos e crianças.

Atual médico fisiatra referenciado do Ifor – Rede D’or de São Bernardo do Campo, UNIMED Sergipe, São Cristóvão Saúde em São Paulo, em conjunto com Dr. Eduardo Mello na Casa Esperança Santo André e Núcleo de Dor e Reabilitação Aracaju Sergipe.

Sua experiência como Médico Fisiatra logo após sua formação na Santa Casa de São Paulo foi: Rede Lucy Montoro Campinas onde teve bastante experiência no tratamento de reabilitação com pacientes oncológicos em tratamento conjunto no Centro Infantil Boldrine, Lucy Montoro São José dos Campos onde foi preceptor na residência médica de fisiatria na instituição e por anos foi referência no tratamento com Toxina Botulínica Tipo A no Vale do Paraíba em São Paulo composta por 39 municípios.