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O papel do ferro na gestação e imunidade

​​​​​​​Por Daniel Margoni *

Sendo um dos micronutrientes mais estudados no mundo todo, o ferro é considerado vital para a saúde dos seres humanos desde 1860, pelo químico francês Boussingault. O mineral está envolvido em diversas funções e vias metabólicas, fazendo-se necessário para o transporte de oxigênio e formação do sangue, contribuindo com a produção normal de energia, desenvolvimento neurológico embrionário e crescimento, além de atuar na síntese de DNA e função imune.

Uma das principais consequências da carência de ferro é a anemia ferropriva, caracterizada pela redução dos valores de hemoglobina (proteína responsável pelo transporte de oxigênio), a níveis abaixo do normal para idade e gênero. Dentre os grupos de risco no seu desenvolvimento, podemos destacar o de gestantes, devido ao aumento na demanda de ferro durante esse período. De acordo com o Institute of Medicine, a ingestão dietética recomendada de ferro para grávidas corresponde a quantidade de 27 mg/dia.

Nesse sentido, as consequências geradas pelo quadro afetam negativamente tanto a saúde da mãe quanto a do bebê, relacionando-se diretamente com o aumento da morbidade materna e fetal. Para as mães, a anemia resulta em dificuldades respiratórias, cansaço, desmaios, maior risco de pré-eclâmpsia e hemorragias.

Para os bebês, a condição está associada com comprometimento do crescimento e desenvolvimento neurológico fetal, prematuridade e baixo peso ao nascer. Por isso, a Organização Mundial da Saúde recomenda a suplementação diária de 30 a 60 mg de ferro durante todo o período de gestação, no intuito de evitar possíveis complicações para mãe e filho.

Outra repercussão importante devido a baixos níveis de ferro no organismo diz respeito ao declínio do sistema imunológico. Apesar de ser uma relação bem descrita na literatura, os mecanismos envolvidos nesta questão ainda são pouco esclarecidos.

De acordo com alguns estudos, a carência de ferro resulta em uma maior suscetibilidade a infecções em decorrência da alteração na função normal de células brancas, prejudicando uma resposta imunológica efetiva. Embora a deficiência de ferro interfira neste sistema, é importante salientar que seu excesso também pode ser maléfico e deste modo, seu consumo deve ocorrer nas quantidades ideais em cada fase de vida.

Dada sua importância, é fundamental garantir a ingestão adequada do nutriente, preferencialmente através da alimentação.

Alimentos como carnes, vísceras, frangos e peixes são boas fontes de ferro heme (uma forma melhor biodisponível do mineral). Já alimentos de origem vegetal, como brócolis, repolho, feijões e outras leguminosas também são fontes de ferro, mas sob sua forma não heme (menos biodisponível). Logo, indivíduos vegetarianos e veganos possuem uma chance maior de possuir déficit deste nutriente. Uma dica para preservar um bom estado nutricional e melhorar a absorção do ferro proveniente de alimentos vegetais é consumi-los juntamente com alimentos cítricos ricos em vitamina C, como a laranja.

A carência de ferro é uma das deficiências nutricionais mais comuns em todo o mundo, sendo considerada um problema de ordem pública. A anemia ferropriva (último estágio da deficiência) atinge cerca de um quarto da população mundial e ocasiona disfunções importantes, especialmente nos grupos de risco, como no caso das gestantes. Por isso, a manutenção dos seus níveis adequados é indispensável no cuidado da saúde em qualquer etapa da vida. O consumo de alimentos fontes do mineral deve ser motivo de atenção, mas sempre ressaltando e preocupando-se com o conjunto da alimentação, que deve ser variada e de boa qualidade.

• Daniel Magnoni, consultor da iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), diretor de Serviço de Nutrologia e Nutrição Clínica do Hospital do Coração – Hcor, Mestre em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; especializado ainda em Clínica Médica, Nutrologia e Nutrição Parenteral e Enteral pela Associação Médica Brasileira – AMB / Conselho Federal de Medicina – CFM

Nutrientes para a Vida

Todo ser vivo necessita de nutrientes. Eles são incorporados ao seu metabolismo para manter o ciclo vital. Portanto, as plantas também precisam de nutrientes e é justamente nos fertilizantes que eles se encontram.

É para garantir que as plantas recebam todos os elementos essenciais a seu bom desenvolvimento, habilitando-se assim, para a produção de culturas de fato saudáveis para a alimentação humana que a Iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV) trabalha ininterruptamente. Sua missão é esclarecer a sociedade brasileira, com base em estudos científicos, sobre a importância e os benefícios dos fertilizantes na produção e qualidade dos alimentos bem como sua utilização adequada.

A NPV é uma extensão nacional do projeto Nutrients For Life, que já colhe importantes frutos em outros países, como Estados Unidos, onde nasceu, Canadá, México e Colômbia. Destaca o papel essencial dos diversos tipos de fertilizantes na segurança alimentar e nutricional, além de seu efeito multiplicador na produtividade de culturas.

Referências
Fisberg M, Braga JAP, Barbosa TNN, Maritins FO. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes: Ferro. São Paulo: International Life Sciences Institute do Brasil, 2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas : volume 3 / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde.– Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 604 p.
Henriques GS, de Alencar LL, Cozzolino SMF. Ferro. In: Cozzolino SMF. Biodisponibilidade de nutrientes. 5ºed. Barueri, SP: Manole, 2016. P.673- 704.
Abu-Ouf NM, Jan MM. The impact of maternal iron deficiency and iron deficiency anemia on child’s health. Saudi Med J. 2015; 36(2): 146–149.
Rodrigues LP, Jorge SRPF. Deficiência de ferro na gestação, parto e puerpério. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010; 32 (Supl. 2): 53-56.
OMS. Diretriz: Suplementação diária de ferro e ácido fólico em gestantes. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2013.
Germano RMA, Canniati- Brazaca SG. Importância do ferro em nutrição humana. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim. Nutr. 2002; 24: 85-104.
Jimenez K, Kulnigg-Dabsch S, Gasche C. Management of Iron Deficiency Anemia. Gastroenterol Hepatol. 2015; 11(4): 241–250.


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