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Embrapa e Bayer estabelecem cooperação para apoiar mercado de carbono para agricultura

A Embrapa e a Bayer estão estabelecendo uma cooperação técnica buscando apoiar a consolidação de um mercado de carbono específico para a agricultura brasileira. O objetivo da parceria público-privada é investir em ações de pesquisa científica para reduzir as incertezas e o custo na quantificação do balanço de carbono pelos produtores de soja e de milho, viabilizando assim a remuneração desses agricultores pelos benefícios ambientais produzidos com a diminuição das emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Confira a matéria completa na Agência Embrapa de Notícias

Essa iniciativa denominada “Avaliação piloto do balanço de carbono na produção de milho e soja no Centro-Sul do Brasil: cooperação Bayer e Embrapa para o desenvolvimento sustentável” será conduzida com a participação de três centros de pesquisa da Embrapa no estado de São Paulo: Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), Embrapa Instrumentação (São Carlos, SP) e Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP). O projeto de pesquisa piloto abrange o ano agrícola 2020/2021, com duração de 12 meses.

“O propósito é contribuir para a valorização, e consequente benefício econômico para o agricultor, da adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis, com balanços de carbono mais favoráveis, por meio da definição e avaliação de protocolos para estimar, projetar e monitorar a dinâmica e o balanço do carbono em sistemas de produção dessas culturas”, informa o pesquisador da Embrapa Luís Gustavo Barioni.

A agricultura brasileira já emprega diversas boas práticas que são adaptadoras da agricultura, podendo trazer ganhos de eficiência técnica e produtiva e também maior renda para o agricultor. “Essas práticas poderiam ter maior adoção com o pagamento pelos cobenefícios ambientais associados a elas, em particular a redução das emissões e o aumento da captura de carbono nos solos agrícolas”, explica Giampaolo Pellegrino, pesquisador da Embrapa e presidente do Portfólio de Mudanças Climáticas da Empresa.

“A proposta está alinhada com os desafios para inovação priorizados pelo comitê gestor do Portfólio, sobretudo quanto aos desafios vinculados à quantificação de carbono e à redução das emissões de GEE, que se configuram como as mais sustentáveis e as melhores práticas na agricultura. Uma questão importante e que temos trabalhado sempre é a adaptação da agricultura vinculada a essas ações, focadas no tripé da sustentabilidade, ou seja, em benefícios ambientais, sociais e econômicos, que representam os objetivos de inovação definidos no Portfólio”, conta Pellegrino.

Existe um enfoque na divulgação de práticas sustentáveis, para que elas sejam cada vez mais adotadas pelos agricultores, trazendo mais eficiência para o sistema agrícola e promovendo a melhoria da renda no campo. Os benefícios vão além da redução das emissões, incluindo a adaptação da agricultura, tornando-a mais resiliente e promovendo equilíbrio dos sistemas produtivos, com menos impactos em razão das mudanças climáticas. Busca-se ainda gerar uma produtividade maior em razão do manejo mais adequado, revertendo em maior rentabilidade da produção e também melhorando a qualidade de vida do agricultor.

“Os produtores podem realmente contribuir muito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, otimizando a captura e armazenamento de carbono no solo e sendo recompensados pela ação. É por isso que a Bayer está atuando em parceria com eles para trabalhar em prol de um futuro de baixo carbono na agricultura a partir da Iniciativa Carbono Bayer”, afirma o presidente da divisão agrícola da Bayer para a América Latina, Rodrigo Santos.

Por meio da adoção de práticas de baixo carbono, como o uso eficaz da terra e melhor manejo de áreas produtivas e agricultáveis, as emissões relacionadas à agricultura podem ser significativamente reduzidas e mais carbono pode ser capturado no solo – beneficiando o planeta e a rentabilidade dos produtores, pois assim eles podem produzir mais alimentos na mesma terra, além de comercializar o carbono capturado, destaca o presidente.

Fundos verdes internacionais

A expectativa é que, com a incorporação dessas características, as boas práticas agrícolas brasileiras possam ter acesso mais facilmente aos fundos internacionais focados em financiar ações sustentáveis e mitigadoras do aquecimento global, provocado pelas emissões de GEE na agricultura. Os pesquisadores alertam que esses fundos são extremamente rigorosos com relação às garantias de que a atividade financiada de fato oferece o benefício do estoque de carbono no ambiente agrícola.

Por meio da parceria, a Embrapa e a Bayer pretendem mudar esse contexto, contribuindo para a quebra dessas barreiras e oferecendo, a médio e a longo prazo, protocolos que permitam estimar e monitorar as emissões de forma ágil e com baixo custo, mas mantendo a acurácia e a credibilidade necessárias para aceitação internacional. Isso vai permitir ao Brasil avançar na direção do desenvolvimento de um mercado de carbono nacional que faça a intermediação entre os agricultores brasileiros e os fundos verdes internacionais.

“O Brasil já promove ações ousadas no estabelecimento de sistemas conservacionistas de produção, como plantio direto e sistemas integrados de produção, entre outros, que têm demonstrado aumento da matéria orgânica no solo em relação aos manejos convencionais de cultivo ou mesmo de áreas nativas, particularmente nos Cerrados, demonstrando assim capacidade de sequestrar carbono no solo”, lembra o pesquisador da Embrapa Ladislau Martin Neto. “É uma grande vitória para a pesquisa agropecuária e para os produtores rurais brasileiros, apoiados por uma indústria de insumos reconhecida globalmente”, complementa.

Conforme o chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, sustentabilidade é algo concreto, mensurável, que pode ser construído e precificado e que entrou definitivamente na agenda da agricultura. “É inevitável esse caminho. Estamos inseridos em mercados globais que exigem isso, e já temos consciência que não há outra forma de seguirmos adiante,” diz.

Morandi ressalta que, se no passado o aumento da produção era baseado na ampliação de área sem maiores preocupações com as consequências, hoje o crescimento da agricultura e da pecuária está pautado pelo ganho de produtividade e com preocupação ambiental. Para ele, os avanços em produtividade garantem efeitos poupa-recursos, além de aprofundar a consciência ambiental dos produtores.

“Com isso, essa parceria será um grande marco, porque permitirá a construção de uma métrica adequada para a estimação do sequestro de carbono no solo em condições tropicais de cultivo, em função das boas práticas agrícolas. Isso permitirá não só a mitigação dos efeitos das mudanças do clima, assim como a precificação deste serviço ambiental prestado pelo sistema produtivo, em adição ao que já é feito nas áreas de preservação. Portanto, abre um novo campo para investimentos verdes na agricultura”, avalia.

Nessa iniciativa, a Bayer contribuirá com a cessão de acesso aos dados de quantificação de carbono no solo e às informações referentes aos sistemas produtivos de clientes cujos contratos concedam tal autorização, além do financiamento das atividades a serem realizadas. A Embrapa, por sua vez, oferecerá em contrapartida uma estrutura computacional e laboratorial especializada e a competência técnica da equipe de profissionais multidisciplinares, para a geração de soluções técnico-científicas que tragam as melhorias previstas e fortaleçam o uso de tecnologias digitais, de acordo com a chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Massruhá.

Metodologias inovadoras

O projeto-piloto vai aplicar metodologias inovadoras e técnicas em modelagem agroambiental desenvolvidas pelos centros de pesquisa da Embrapa, de modo que a Bayer possa remunerar os agricultores que, ao adotarem boas práticas estimuladas pela empresa, foram capazes de melhorar a capacidade adaptativa e o balanço de carbono em seus sistemas de produção.

Porém, os pesquisadores da Embrapa ressaltam que os aprimoramentos técnico-científicos, necessários para vencer as barreiras apontadas e evolutivamente oferecer a credibilidade necessária para o reconhecimento internacional, e até possível registro em certificadora com abrangência global, permitindo o acesso a fundos verdes, serão obtidos com o desenvolvimento da etapa de médio e longo prazo, ou seja, aproximadamente quatro anos, em nova proposta da Embrapa com a Bayer, como sequência do piloto.

A pesquisadora Marília Folegatti, da Embrapa Meio Ambiente, enfatiza que para que os produtores de grãos acessem futuramente um mercado de carbono, que é a intenção da Bayer, será necessário quantificar o balanço de carbono dos sistemas de produção de grãos, mas também a pegada de carbono dos produtos. “Esta pegada de carbono é calculada pela Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), uma técnica desenvolvida para verificar o impacto de produtos no meio ambiente”, explica.

Na ACV são analisados os efeitos ambientais associados às atividades produtivas ao longo de todo o ciclo de vida do produto. Essa informação já é exigida em algumas relações comerciais internacionais. Ainda conforme a pesquisadora, essa métrica também serve como ferramenta para a gestão ambiental em nível de fazenda. “Conhecendo os aspectos que contribuem para as emissões de gases de efeito estufa dos grãos, será possível ao produtor fazer intervenções necessárias no seu processo produtivo, e com isso contribuir efetivamente para sua mitigação”, ressalta.

“As medidas de estoque de carbono no solo variam no espaço e no tempo, e levantar essas informações em larga escala e periodicamente é um grande desafio para o estabelecimento de um mercado mundial de carbono”, avalia a chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Instrumentação, Débora Milori.

A aplicação por parceiros das técnicas de espectroscopia com emissão ótica por plasma induzido por laser (LIBS), tecnologias licenciadas da Embrapa, permitirá a verificação de procedimentos sobre coleta, validação, resolução analítica das medidas de carbono, e tratamento dos dados sobre a quantificação de estoques de carbono nas propriedades rurais usando o método LIBS. Também será possível a determinação da qualidade da matéria orgânica dos solos pelas medidas de frações físicas dos solos e comparação com medidas do grau de humificação por fluorescência induzida por laser (LIFS).

Esses novos métodos, sem preparo químico da amostra, têm custo reduzido e são muito rápidos. Essas características técnicas viabilizam a avaliação rápida dos estoques de carbono no solo nas propriedades rurais e permitem um acompanhamento da evolução dos processos de acúmulo e perdas como função do tempo. Dessa forma, o produtor que trabalhar com manejos de solo conservacionistas e acumular carbono no solo poderá receber por esse serviço ambiental, observa Milori.

Além de ajudar nas estimativas dos estoques de carbono no solo, a modelagem biogeoquímica e o uso de simuladores da produtividade de culturas e da dinâmica de carbono no solo permitirão prever a quantidade esperada de variação nos estoques de carbono. As avaliações serão auxiliadas por análises de agrupamento, tipologia e caracterização dos sistemas de produção abrangidos pelo projeto, considerando os dados e parâmetros demandados pelos modelos biogeoquímicos e de ACV. Também será possível gerar inventários de processos e Inventários de Ciclo de Vida (ICV) para estimar a pegada de carbono, por meio da ACV, para os sistemas de produção típicos.

Entre as metodologias adotadas no projeto-piloto, estão protocolos para quantificação de estoques de carbono no solo, com a análise de métodos nacionais e internacionais, no intuito de gerar um protocolo nacional de referência, além da aplicação de técnicas inovadoras e de baixo custo para monitoramento e verificação desses estoques. Serão gerados relatórios técnicos sobre a tipificação dos sistemas produtivos, avaliação de modelos biogeoquímicos e estimativa da variação dos estoques de carbono e incertezas, que permitirão testar e atestar o uso de soluções computacionais e simulação matemática como solução para a estimação da dinâmica do carbono de forma objetiva, acurada e de baixo custo.

“A Bayer está intensificando uma abordagem transparente, colaborativa e baseada em ciência, para ajudar os produtores na adoção de práticas agrícolas sustentáveis, por meio do estabelecimento de iniciativas de carbono. O objetivo da empresa é liberar fluxos de receita adicionais para os produtores, dando ao mesmo tempo sua contribuição para a mitigação das mudanças climáticas”, afirma Santos. “A Bayer continuará trabalhando com vários elos da cadeia de valor e especialistas em clima, visando criar condições para projetos de carbono, que tenham a ciência como base, favorecendo os produtores técnica e economicamente, bem como parceiros dispostos a participar do mercado de carbono”, enfatiza.


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