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Reuniões online validam datas de semeadura do milho no DF, Entorno do DF e Oeste da Bahia

As novas datas recomendadas para o plantio do milho de 1ª e 2ª safras na região do Distrito Federal e Entorno, e do milho 1ª safra para o Oeste da Bahia, para a safra 2020/2021, obtidas pelo método Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), foram discutidas e validadas em reuniões técnicas realizadas via web conferência no dia 23 de junho.

Os encontros virtuais tiveram a participação de cerca de 60 pessoas no total, entre técnicos de cooperativas, agrônomos de entidades representativas, representantes de secretarias de agricultura, órgãos de gestão do crédito agrícola, pesquisadores da Embrapa e representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). “A participação efetiva dessas instituições têm contribuído de forma significativa para a melhoria do zoneamento de risco climático”, ressaltou o pesquisador da Embrapa Cerrados (DF), Fernando Macena.

Ele enfatizou que o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) é um instrumento de política pública que indica as épocas de semeadura com menores riscos climáticos às culturas, visando estabelecer as áreas e períodos mais convenientes à utilização econômica dessas culturas e indicando condições ambientais favoráveis às cultivares em uso para expressarem o potencial genético para produtividade.

Macena explicou que a relevância das reuniões técnicas de discussão do ZARC se deve à necessidade de geração das janelas de semeadura da cultura do milho para as diferentes regiões produtoras. “Depois de validados aqui, esses resultados são encaminhados ao MAPA, que edita as portarias que norteiam o acesso dos produtores ao crédito e ao seguro agrícola. Portanto, é importante a discussão para que essas portarias sejam editadas da forma mais assertiva para que as reclamações e as perdas sejam mínimas”, apontou, acrescentando que a Superintendência de Seguros Privados (Susep) também está iniciando o uso da tecnologia para os seguros privados.

O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, Marcelo Ayres, ressaltou a importância do sistema ZARC para a produção agrícola nacional. “É uma ferramenta, antes de mais nada, para se fazer análise de risco considerando variabilidades climáticas, do solo e características ecofisiológicas das culturas, o que contribui bastante para quantificar o risco associado à época de semeadura em cada local”, afirmou.

Ele acrescentou que o ZARC já há muito tempo vem sendo utilizado como instrumento de transferência de tecnologia, contribuindo para a racionalização do crédito agrícola e do seguro rural com a redução de perdas. “Além disso, o plantio na época certa, de acordo com o ZARC, também traz um impacto significativo nas produtividades, o que muitas vezes não é considerado quando se avalia o quanto essa tecnologia contribui do ponto de vista financeiro. A cada ano os pesquisadores refinam seus modelos, o que permite que o produtor tenha uma indicação cada vez mais correta da data de semeadura mais propícia”, comentou.

O superintendente federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Distrito Federal, William Barbosa, enalteceu a parceria com a Embrapa na elaboração do ZARC para o milho na região e reafirmou o apoio da SFA/DF às ações. “Reconhecemos da importância do milho para as cadeias produtivas do agronegócio e o ZARC é fundamental para sabermos o momento certo de plantar e os riscos”.

O coordenador-geral do Departamento de Gestão de Riscos do MAPA, Hugo Borges, lembrou que a observância das datas de plantio preconizadas pelo ZARC é obrigatória para o produtor que acessa o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e o Programa de Subvenção ao Seguro Rural (PSR), ambos do governo federal.

“O Proagro é um seguro que vai cobrir o crédito. Se o produtor perdeu a safra e não seguiu as recomendações do ZARC, não terá direto à indenização da seguradora. E no caso do seguro privado, ainda terá que devolver o valor subvencionado pelo governo federal”, observou, acrescentando que alguns bancos privados também condicionam a liberação do crédito rural às janelas de plantio recomendadas pelo ZARC.

Importância do ZARC

Fernando Macena detalhou a metodologia ZARC, enfatizando que o clima é o fator controlador da produtividade na agricultura. “O clima é importantíssimo e temos que entendê-lo bem para sabermos a melhor data de semeadura e como a planta irá se desenvolver de forma satisfatória. Se não tivermos uma data adequada para o plantio, pode haver consequências na produtividade final da cultura”, alertou.

Ele lembrou que, para obter o melhor desempenho do cultivo, o ser humano pode intervir sobre diversos fatores, como preparo de solo, sistema de plantio, adubação, escolha da cultivar, população de plantas e controle de pragas e doenças – mas o clima é o fator preponderante que não pode ser controlado. “Não podemos dizer a que horas vai chover, nem agir sobre as temperaturas elevadas, que podem prejudicar a floração, ou sobre a radiação solar, que é a principal fonte de energia para as plantas transformarem água em biomassa e em grãos por meio da fotossíntese. É impossível controlar o clima, mas podemos entendê-lo para não sacrificar a produtividade”, explicou.

Nesse sentido, o ZARC é uma ferramenta que auxilia o produtor na tomada de decisão para diminuir os riscos climáticos, que nunca poderão ser totalmente eliminados. “A ferramenta pode nos ajudar a definir as melhores datas de semeadura para que possamos fugir de eventos climáticos adversos nas épocas mais críticas do ciclo da planta. Também podemos indicar, para um período e uma região ou município, se o clima favorece duas ou três safras. Com isso, fazemos a gestão do risco”, afirmou.

Segundo o pesquisador, o ZARC também permite informar o tipo de solo mais favorável ao cultivo quanto à reserva de água para as plantas, bem como indicar as cultivares mais adaptadas à região. “Costumamos dizer que o zoneamento de risco climático não é só um indicador de data de semeadura. Ele induz tecnologia, orienta o produtor a adotar outras práticas para obtenção de boas produtividades”, afirma.

Para mais informações sobre a Política Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático, clique aqui.

Metodologia

Os dados que alimentam o ZARC advêm do balanço hídrico diário da cultura, realizado por um modelo agrometeorológico que quantifica a disponibilidade de água para a planta a cada dia. A quantidade de biomassa e grãos produzidos pelo cultivo, por meio da fotossíntese, se dá em função da quantidade de água que a planta retira do solo. Assim, quando a planta transpira ao máximo, poderá expressar o potencial máximo quando os outros fatores de produção são considerados ótimos, segundo Macena.

O balanço hídrico contempla informações sobre o clima, com séries de pelo menos 15 anos de dados diários sobre precipitação pluviométrica e evapotranspiração de referência; o solo, com a profundidade efetiva do sistema radicular e a capacidade de armazenamento de água; e a cultura – ciclo; fases fenológicas; coeficiente de cultura (Kc), que é o parâmetros que representa o consumo de água pela planta (por dia e por fase fenológica); e a profundidade do sistema radicular.

Os solos são classificados em tipo 1 (arenosos, com baixa capacidade de retenção de água), tipo 2 (de textura média) e de tipo 3 (argilosos, com alta capacidade de retenção de água). Os ciclos da cultura são classificados em 1 (precoce, 100 dias), 2 (médio, 120 dias) e 3 (tardio, 140 dias), e divididos em quatro fases fenológicas – semeadura/germinação (1), crescimento vegetativo (2), florescimento/enchimento de grãos (3) e maturação e colheita (4), sendo as fases 1 e 3 (na qual o Kc é mais elevado) as mais críticas.

“É preciso haver água suficiente para a planta germinar e se desenvolver inicialmente. E se faltar água na fase de enchimento de grãos, a planta não terá como reagir, levando a perdas. Nosso trabalho é justamente entender as adversidades que ocorrem nessas duas fases e mostrar ao produtor como diminuir os riscos”, explicou o pesquisador.

O modelo estima os índices de satisfação da necessidade de água (ISNA), definidos como a relação entre evapotranspiração real (ETr) e a evapotranspiração máxima (ETm) para cada fase fenológica da cultura e para cada estação pluviométrica. “Se a oferta hídrica for satisfatória durante todo o ciclo, a planta vai transpirar o máximo e expressar todo o seu potencial produtivo”, resumiu Macena.

A definição das áreas de maior ou menor risco climático para a cultura do milho foi associada à ocorrência de déficit hídrico nas duas fases consideradas críticas para o cultivo, a fase 1 (semeadura/germinação) e a fase 3 (florescimento/enchimento de grãos) para cada decêndio (período de 10 dias) durante o ano. O déficit hídrico nessas fases impede uma boa germinação e dificulta o desenvolvimento inicial das plantas com repercussão na má formação da safra.

De acordo com dados de pesquisa, no caso da cultura do milho, na fase I, o ISNA deve ser maior que 0,6 tanto na 1ª como na 2ª safra. Na fase 3, é considerado o ISNA maior que 0,55 para a 1ª safra e maior que 0,50 para a 2ª safra. Os ISNAs calculados para essas fases passam por uma análise frequencial para obtenção das frequências de 80%, 70% e 60% de ocorrência dos índices. Em seguida, os valores de ISNA são georeferenciados por meio da latitude e longitude e, com o uso de um sistema de informações geográficas (SIG), são especializados e interpolados para a determinação dos mapas temáticos que representam as melhores datas de semeadura por município.

O município é considerado apto se a área apta for igual ou superior a 20%. A tabela municipal é então cruzada com tabelas de restrições e os resultados são armazenados em bancos de dados. A modelagem dos dados é feita pela Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP). Macena acrescentou que o ZARC contempla apenas as áreas do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) das culturas, muito usado no Norte do País, além dos vazios sanitários da soja e das restrições sanitárias em função do surgimento de novas doenças.

Os dados baseiam mapas que indicam, em cada município, as taxas de probabilidade de sucesso do plantio de determinada cultura em cada decêndio de cada mês do ano. Somente são contemplados com o crédito rural os plantios realizados em decêndios com probabilidades de 60% (seis anos de sucesso no cultivo a cada 10 anos, ou risco de 40%), de 70% (sete anos de sucesso a cada 10 anos, ou risco de 30%) e de 80% (oito anos de sucesso a cada 10 anos, ou risco de 20%). Essas informações são publicadas nas portarias editadas pelo MAPA.

Resultados no DF e Entorno

O pesquisador Aryeverton de Oliveira, da Embrapa Informática Agropecuária, esclareceu que o ZARC, após entendimento da equipe técnica com o MAPA, passou a trabalhar com a definição de milho safra ou de 1ª safra para o cultivo que não foi semeado em sucessão a outra cultura, sendo, portanto, a cultura principal de verão. Já o milho safrinha ou de 2ª safra é aquele semeado em sucessão a outra cultura, como a soja.

“Com essa diferenciação dos sistemas, está começando a ocorrer a sobreposição das janelas de plantio. Há situações no Brasil em que o milho safrinha tem sido plantado no final de dezembro. Após entendimento com o MAPA, ficou claro que poderíamos fazer essa diferenciação no sistema atual”, pontuou.

Oliveira e Macena apresentaram os mapas com resultados do ZARC indicando as janelas de plantio do milho de 1ª e 2ª safras em solos de textura média e argilosos, que são os encontrados no DF e Entorno.

De acordo com os mapas gerados com a metodologia, a janela de plantio do milho de 1ª safra para cultivares de milho de ciclo médio se inicia, para ambos os solos, no primeiro decêndio de outubro (dia 1º ao dia 10) no Distrito Federal, quando o fator de sucesso da cultura é de 60% e, nos municípios do Entorno, de 70%. Antes desse período, não há probabilidade de sucesso, conforme os levantamentos. No segundo decêndio de outubro (dia 11 ao dia 20), o índice de sucesso chega a 80%, diminuindo ainda mais o risco. A janela se encerra no terceiro decêndio de dezembro (dia 21 ao dia 31), já que nos decêndios seguintes o risco aumenta.

Para o milho de 2ª safra ou safrinha em solos de textura média e argilosa, o plantio do milho de ciclo médio no último decêndio de dezembro e nos dois primeiros decêndios de janeiro (dia 1º ao dia 10 e dia 11 ao dia 20) tem 80% de sucesso. No terceiro decêndio de janeiro (dia 21 ao dia 31), a probabilidade de sucesso é de 80% em solo argiloso e de 70% de sucesso em algumas áreas de solo de textura média. Já no segundo decêndio de fevereiro (dia 11 ao dia 20), ainda é possível o plantio em solo argiloso (sucesso de 60%), mas não mais no solo de textura média, caracterizando o final da janela de plantio.

Já para o milho safrinha de ciclo precoce, o plantio no segundo decêndio de fevereiro (dia 11 ao dia 20) terá taxa de sucesso de 70% no solo de textura média e de 80% no solo argiloso, assim como no decêndio seguinte (dia 21 ao dia 29). Se o plantio ocorrer a partir de março, a probabilidade de sucesso é inferior a 60%, caracterizando alto risco (superior a 40%).

Os resultados foram discutidos e validados pelos participantes da reunião e serão encaminhados ao MAPA para publicação das portarias. Para Kayla Goulart, técnica da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (Coopa-DF), os dados apresentados são coerentes com a realidade dos produtores que integram a entidade. “Agradecemos pela oportunidade de participar da reunião e expor a opinião de nossos associados e dos agricultores da região”, disse.

Resultados no Oeste da Bahia

A validação do ZARC para o Oeste da Bahia, que apresenta solos predominantemente de texturas média e arenosa, mostrou que a janela de semeadura para a cultura do milho 1ª safra se inicia em parte da região no período de 21 a 31 de outubro, com elevado risco climático (40%), para os dois tipos de solos. “Porém, no período de 1º a 10 de novembro, grande parte da região apresenta-se favorável à semeadura, com risco de apenas 20%, sendo esse o melhor período para a semeadura do cultivo”, afirmou Macena.

A janela se fecha, praticamente, para toda a região no primeiro decêndio de fevereiro (1 a 10 de fevereiro), com riscos elevados (40%), considerando-se os solos arenosos, enquanto que para os solos de textura média a semeadura é permitida em uma pequena parte da região, também com riscos de 40%, até o 2º decêndio de fevereiro (11 a 20 de fevereiro). “Em virtude da baixa oferta pluviométrica no Oeste da Bahia e de a abrangência do ZARC ser apenas para cultivos de sequeiro, não foi possível a geração de resultados para o segundo cultivo do milho (2ª safra)”, pontuou.

“Estamos aqui para buscar indicar as datas de semeadura para a cultura do milho por município, considerando as características do clima, dos tipos de solo, dos ciclos das cultivares recomendadas para o Oeste da Bahia, de modo que as plantas consigam fugir das adversidades climáticas. Se conseguirmos fazer que elas não coincidam com a fase mais sensível da cultura, conseguiremos minimizar as perdas agrícolas dos produtores. E esse é o nosso objetivo”, enfatizou Macena durante a reunião.

Além de poder verificar na página do MAPA as portarias que serão publicadas, o produtor terá acesso a todas as informações geradas pelo ZARC baixando gratuitamente o aplicativo móvel ZARC Plantio Certo, disponível na versão Android – a versão iOS está em desenvolvimento.


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