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Como passar pelo luto e superar a perda?

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Psicólogas e coordenadoras da pós-graduação em psicologia hospitalar da Faculdade IDE explicam até onde essa tristeza é normal e como lidar com essa dor

Segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen), morreram no último ano cerca de 1,45 milhões de brasileiros e cada indivíduo que se foi deixou familiares, amigos e conhecidos que sentiram a dor da separação e precisaram viver o tempo do luto. Essa ausência é sentida de diferentes formas e para algumas pessoas é mais complexo do que para outras e o tempo para conseguir seguir em frente pode ser diferente, mas é importante entender o que é o luto e até onde algumas reações fazem parte do processo natural diante de uma perda.

“O luto é um conjunto de reações diante de uma perda e é considerado normal. Seja por morte de um ente/familiar querido, seja por uma separação numa relação amorosa ou de amizade, aposentadoria, perda de um animal de estimação, emprego, perda de saúde em diagnósticos de doenças graves ou em casos de amputações de órgãos e membros. Também diante de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, que exigem adaptações e mudanças no estilo de vida, então teremos o luto como reação esperada e normal”, esclarece a psicóloga e coordenadora da pós-graduação em psicologia hospitalar da Faculdade IDE, Cristina Cabana.

Cada pessoa tem seu tempo para lidar com a partida de alguém querido, mas a especialista explica sobre uma média e alerta sobre os perigos da cobrança em se recuperar muito rápido. “Esse tempo vai ser muito particular e dependerá das circunstâncias em que se deu a perda. Perdas por mortes súbitas, repentinas, acidentais, por violência, como homicídios e suicídios, sempre serão mais difíceis de elaborar! A literatura aponta, que, em torno de dois anos espera-se que o enlutado, aos poucos, vá retomando suas atividades e podendo reassumir e/ou assumir suas funções. Contudo, nos últimos tempos, há uma pressa na sociedade para que tudo seja acelerado e isso sim é um risco à saúde mental”.

A maioria das pessoas opta por ficarem quietas com os seus sentimentos e a legislação trabalhista acoberta os trabalhadores, por alguns dias, quando alguém da família se vai para que se afaste e possa tentar melhorar. E para Tarciana Cavalcante, psicóloga e coordenadora da pós-graduação em psicologia hospitalar da Faculdade IDE, isso é muito importante. “É imprescindível a atenção ao luto, respeitando-se o recolhimento do enlutado, sem dúvida alguma. O afastar-se das atividades de rotina, sobretudo do trabalho, pode ser muito necessário, contudo, vai depender de cada indivíduo, do tipo de trabalho exercido e como o luto está atrelado também às circunstâncias/contexto em que a perda ocorreu. É importante observar cada caso em suas particularidades. O tipo de vínculo estabelecido entre o enlutado e a pessoa perdida, no caso de luto por morte, também influencia muito o processo de luto”.

Lidar com tudo isso não é fácil, mas é preciso entender que isso tudo faz parte da vida. “Não precisamos ter tanto medo da tristeza e do sofrimento. É tão esperado esses sentimentos e reações frente a dor da perda... Essa cultura do sempre feliz, não respeita, nem ajuda quem está de luto. A presença de amigos, familiares, a ajuda para resolver pendências, apoio em decisões que precisam ser tomadas, a colaboração entre os enlutados ou para com o enlutado, disponibilizar-se para ficar ao lado, fazer atividades da rotina do enlutado junto com ele pode ser muito bom, mas também respeitar o limite que o enlutado impõe é salutar. Terão momentos de solidão que são necessários para algumas pessoas”, orienta Tarciana.

O luto pelas vítimas da pandemia

Milhões de pessoas tiveram suas vidas interrompidas por causa do coronavírus em todo o mundo e por se tratar de uma doença que leva até as pessoas mais saudáveis de repente, é difícil para quem fica. “Algo de inesperado, violento, súbito é sempre muito desorganizador emocionalmente. O luto, nestes casos, pode ser um processo mais delicado, necessitando de maior atenção e cuidados. A pandemia, sem dúvida alguma, veio chamar atenção para a importância do respeito ao luto que tinha se perdido ao longo do tempo... Perdas de forma trágica, rápida, perdas de muitos entes queridos em curto espaço de tempo, e, ainda mais quando a materialidade do corpo a ser velado não é possível, certamente afetará o processo de luto e sua elaboração”, explica Cristina.

As especialistas da Faculdade IDE continuam falando sobre como esse processo doloroso pode ser visto na sociedade. “Famílias que, em vários fatos de nossa história, e na história de outros países perderam familiares e não tiveram a possibilidade de ‘enterrar seus mortos’, relatam o intenso sofrimento que é a impossibilidade, na maioria das vezes, de fechar o processo de luto. O que teremos no futuro? O futuro, claro, é daqui a um instante. E ainda não podemos nem dimensionar as cicatrizes que esse cenário pandêmico está deixando em cada um de nós. As chances de formas variadas de expressão de sofrimento psíquico estão postas em nosso cotidiano. Já estamos vendo tanto sofrimento... E uma das respostas de defesa é a negação desta dura realidade, que tanto estamos observamos no comportamento social de aglomeração, uso inadequado ou o não uso de máscaras e negação à vacina”.

Quando a perda pode trazer complicações psicológicas?

Existem alguns casos em que a pessoa pode não conseguir superar o luto e aí é preciso atenção e ajuda das pessoas que estão ao redor. “A tristeza, o afastamento de algumas atividades é natural frente à experiência de perda. A família que conhece o enlutado, e também estará enlutada quando a perda é na família, precisa permitir a expressão de sentimentos, que se fale da experiência de perda, compreendendo que as pessoas não vão reagir da mesma forma. Então, pode ser uma oportunidade de desenvolver respeito pela singularidade, respeito pela necessidade que uns terão de falar e que outros, por sua vez, terão de calar. O isolamento pode ser uma necessidade para alguns, mas não para todo, mas quando o isolamento for perdurando ao longo de meses e acentuando ao longo do tempo, quando as atividades não forem possíveis de serem retomadas, quando outras experiências e pessoas não tiverem ‘espaço’ na vida do enlutado, mesmo com o passar do tempo, a família precisa falar, oferecer escuta e oferecer ajuda profissional como o acompanhamento psicológico, compreendendo que psicologia não é apenas para quem está em sofrimento naquele momento, é para a vida, para o autoconhecimento”, alerta Tarciana.

“É importante o apoio de familiares, amigos, do seu grupo de trabalho. Precisa de pessoas disponíveis a oferecer presença e escuta. Isso, TODOS podem fazer. Suportar ver alguém em sofrimento é acolher uma dor que cada um/uma de nós já experimentou ou vai experimentar na vida. É do humano! É da vida humana! Claro que pode necessitar de ajuda profissional. E isso pode ser identificado pelo próprio enlutado, bem como, pelos demais familiares e amigos. Se o enlutado se disponibiliza, sem preconceitos, sem pré-julgamentos, a receber ajuda de quem está fazendo parte de sua vida, de seu momento, também assim, pode permitir-se buscar um acompanhamento psicológico e também, psiquiátrico, em alguns casos. Mas lembro que luto não é doença! As circunstâncias em que se dá a perda, a personalidade do enlutado, a relação entre quem partiu e o enlutado é o que vai direcionar a forma de cuidado”, finaliza Cristina sobre como quem está ao redor pode ajudar.


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