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As intervenções estrangeiras no Afeganistão

André Frota (*)

Após vinte anos do ciclo intervencionista aplicado pelos Estados Unidos no Afeganistão, agora em 2021 os americanos retiram suas tropas e entregam o país para o grupo Talibã. George W. Bush, Barack Obama, Donald Trump e Joe Biden foram os presidentes que estiveram à frente da Casa Branca ao longo deste período. Partiram de uma “Guerra ao Terror” iniciada após o atentado de 11 de setembro de 2001 e formada por uma coalização ocidental contra o terrorismo. Passando por uma operação falida de “Nation Building” com a participação e financiamento de organizações internacionais. E chegando à catástrofe humanitária representada pela retirada das tropas de Cabul vista nos últimos dias e que fecha o ciclo de participação militar dos EUA nesse país.

Do ponto de vista histórico esse foi um ciclo curto e trágico. A cronologia de intervenções estrangeiras no país retrocede ao século XIX, quando da primeira guerra anglo-afegã entre 1839-1842, ou a segunda entre 1878-1880 e ainda uma terceira entre maio e agosto de 1919. Todas demarcam sua independência dos britânicos. Já entre 1939 e 1945 o país manteve-se neutro diante da maior guerra da história (a II Guerra Mundial) que foi sucedida pela Guerra Fria, um período que o Afeganistão se tornou um teatro de guerra entre EUA e URSS. A República Democrática do Afeganistão durou de 1978 a 1992 e estabeleceu um conjunto de medidas internas para formação de um estado de base socialista, desconexas das tradições religiosas dos afegãos.

A rivalidade entre o Partido Democrático do Afeganistão (apoiado pelos soviéticos) e os futuros Senhores da Guerra Afegãos (os mujahedins apoiados e subsidiados pelos norte-americanos) culminou na retirada das tropas soviéticas em fevereiro de 1989. O período entre a retirada soviética e a intervenção americana em 2001 é marcado por uma guerra civil e o controle do estado pelos Talibãs no final dos anos 2000.

Quando saímos do ciclo curto de intervenção norte-americana e voltamos aos dois últimos séculos de história afegã, constatamos a perenidade da guerra na história dessa população. Os ciclos britânico, soviético e norte-americano forjaram a relação dessa população com as potencias estrangeiras e evidenciaram como esse país foi usado como teatro de operações de guerra por mais de um século.

Os objetivos de proteção humanitária, da valorização da vida humana, da proteção dos civis e o respeito as liberdades religiosas sempre estiveram abaixo dos interesses estratégicos das grandes potências para o Afeganistão. As imagens da semana, além de demonstrarem o fim de uma operação falida, reforçaram uma infeliz regra de ouro na história das relações internacionais: os interesses estratégicos estão acima dos direitos humanos.

(*) André Frota é professor de Relações Internacionais e Geociências do Centro Universitário Internacional UNINTER


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