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Capacitação no modo on

Fernando Valente Pimentel*

À medida que for sendo superada a crise do novo coronavírus, com a retomada plena das atividades, uma das grandes prioridades, no Brasil e no mundo, será a recuperação dos mercados de trabalho, conforme evidencia o "Documento Político Covid-19", das Nações Unidas, recém-divulgado, no qual consta a perda de 500 milhões de empregos devido à enfermidade. No nosso país, segundo o IBGE, estamos com cerca de 14 milhões de pessoas sem trabalho.

Os números demonstram que será ainda mais complexa a tarefa de equacionar a questão do emprego na irreversível agenda da Quarta Revolução Industrial. As transformações em curso nos processos produtivos são marcadas por intenso aporte de novas tecnologias, inteligência artificial, internet das coisas, big data, Blockchain e outras plataformas. Fica claro, portanto, que a capacitação profissional, sempre necessária como fator inclusivo e de ganhos de produtividade, torna-se absolutamente imprescindível para se evitar o agravamento do chamado desemprego tecnológico, bem como para resgatar os postos de trabalho implodidos pela pandemia.

Diante de tal cenário, na condição de representante de um setor intensivo em mão de obra e preocupada com os desafios a serem enfrentados, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), junto com o Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai CETIQT), solicitou estudo abrangente ao Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getúlio Vargas. Objetivo foi radiografar a estrutura ocupacional, visando à melhor compreensão dos caminhos a serem seguidos, sob as óticas tecnológicas, humanas e sociais.

O relatório, intitulado "Estudo do Perfil dos Trabalhadores da Cadeia Têxtil e de Confecção Brasileira", mostra que o setor representa 19,4% do total de postos de trabalho da indústria de transformação brasileira. É uma participação expressiva. São 2,3 milhões de pessoas (junho de 2019) empregadas nos dois segmentos, distribuídas em todo o País, dada a capilaridade da atividade. Confirmou-se que a formalidade dos vínculos empregatícios prevalece nas unidades fabris de caráter empresarial.

No contingente relativo à atividade não industrial, predomina o trabalho autônomo, executado, em sua maioria, por mulheres donas de casa acima de 50 anos e em tempo parcial, abaixo de 30 horas semanais. Muitas delas são arrimos de família, conseguindo conciliar o ganho na cadeia produtiva com outras atividades. O trabalho, nesse universo, também é ligado a métodos tradicionais e familiares de produção, transmitidos às novas gerações por pessoas mais experientes.

O estudo apontou outro fator importante para a agenda de adequação da estrutura ocupacional à Indústria 4.0: nos desligamentos de trabalhadores entre 2012 e 2019, os fluxos dentro do próprio setor representam mais de 50% do total de movimentações de saída do segmento têxtil, ante parcela de 25% que vão para o grupo da População Não Economicamente Ativa (PNEA) e 20% que passam a trabalhar fora da cadeia produtiva. Na confecção, respectivamente, são 70%, 20% e 15%.

No tocante às admissões, os fluxos de entrada intrassetoriais no segmento têxtil representam mais de 50%, contra 25% de ingressos provenientes da PNEA e 20% de entrada advindos de fora da cadeia. Paralelamente, do total de admitidos na área da confecção, mais de 70% são movimentações intrassetoriais, contra 20% de contratações originárias da PNEA e 15% de outras atividades. Como tais fluxos de admissões e saídas são majoritariamente dentro do próprio setor, favorece-se a capacitação e a educação continuada dos recursos humanos no âmbito da cadeia produtiva.

Sem dúvida, a busca pela formalidade nas diversas formas atuais de trabalho, em todos os setores de atividade, é importante e necessária. No Brasil, particularmente, a retomada de níveis mais substantivos de crescimento econômico, para o qual são decisivas as reformas estruturantes, em especial a tributária e a administrativa/fiscal, contribuirá muito para esse objetivo.

Porém, é igualmente prioritária a formação adequada das novas gerações, que começa no Ensino Fundamental e vai até a universidade e/ou formação técnica, bem como a requalificação dos trabalhadores atuais e a educação continuada de todos os recursos humanos. A indústria têxtil e de confecção, pelas peculiaridades e dimensões de seu universo laboral, tem compromissos relevantes nesse contexto.

Assim, o setor tem trabalhado muito nesse sentido, sendo aderente aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), dentre os quais o de número 8: "Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos". Tais metas são prospectadas em várias frentes, incluindo eventos, seminários, palestras, estudos, parcerias com universidades e organismos técnicos. Um exemplo é a participação da Abit em projeto realizado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), que visa fornecer apoio técnico aos parceiros do setor para projetar e implementar estratégias na formação profissional.

A capacitação de todos, imposição já anterior à Covid-19, movida pelo boom tecnológico e a transição à Quarta Revolução Industrial, tornou-se ainda mais imperativa no contexto da pandemia, que enfatizou uma demanda inexorável da humanidade: trabalhadores e empresas precisam manter a busca pela educação e conhecimento permanentemente no modo on.

*Fernando Valente Pimentel é o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).


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