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'Coaching não é terapia', por Andréa Ladislau, doutora em psicanálise

Muito se questiona sobre qual o real papel de um profissional de coaching. Apesar de trabalharem em prol do auxílio à conquista de uma vida melhor para seus coachees (nome dado a quem é atendido por um coach), ainda é muito comum as dúvidas e confusões misturando as atribuições na atuação deste profissional com profissionais da área de saúde mental, que lidam com os males relacionados ao cérebro e ao inconsciente, como psicólogos, psicanalistas e psiquiatras.

Mas o Coaching nada mais é que um método fundamentado em treinamentos. Limita-se a treinar o comportamento. O coach é o orientador/ motivador para que seu cliente atinja o objetivo desejado, seja ele em que área da vida for. Ele vai trabalhar técnicas de motivação para que essa pessoa encontre suas respostas e potencialidades, e se direcione para o resultado que almeja. Mas que fique claro que esse tipo de acompanhamento nada tem a ver com terapia. A terapia é desenvolvida por psicanalista, psicólogo ou psiquiatra que movimentam questões bem mais profundas que exigem maior cautela no cuidado para que a elaboração seja feita de forma a eliminar todos os traumas e neuroses causados na mente de um paciente. O repertório do Coach não está baseado em uma ciência rigorosa que favorece o controle e equilíbrio da saúde mental do indivíduo. Suas diretrizes propiciam um padrão de comportamento a ser administrado e perseguido pelo cliente através de técnicas e estratégias específicas e padronizadas de forma disciplinar. No entanto, o tratamento das emoções de uma pessoa não cabe no rol de tarefas do coach.

Enquanto isso, a psicanálise é a busca pelo autoconhecimento. É a ciência que direciona o indivíduo a se aprofundar em seus recalques, suas crenças limitantes que impedem o crescimento, seus medos, neuroses enraizadas e todo o universo que permeia o inconsciente na busca e no encontro com o seu “eu”. O objetivo maior é descortinar complexos, desejos, traumas ou qualquer conteúdo mental que perturba o equilíbrio emocional e que possa estar reprimido no inconsciente.

A psicanálise visa a reeducação emocional da pessoa, através da conscientização dos motivos que a levam a ter determinados comportamentos ou sintomas. Além disso, consiste na interpretação do significado inconsciente das palavras, ações e produções imaginárias (sonhos, fantasias, etc.) de um indivíduo. Seus resultados baseiam-se na consolidação do autoconhecimento e autocontrole, com vistas a melhorar sua qualidade de vida, reduzir sintomas conflitantes e promover o bem-estar através do equilíbrio e do melhor gerenciamento das emoções. A função do psicanalista é equilibrar e tornar mais clara a relação do “eu” interior do paciente com seus questionamentos internos e com os problemas do mundo. Baseada nos estudos do médico austríaco Sigmund Freud, a Psicanálise busca o autoconhecimento para, a partir daí, responder e lidar com as questões e fatos do mundo à sua volta.

O diferencial do psicanalista está no seu recurso primordial de trabalho: a interpretação do conteúdo do inconsciente bem como dos seus efeitos nas ações, palavras e pensamentos do indivíduo, o que se faz pelo manejo de duas ferramentas principais: a fala e a escuta. A literatura revela que o psicanalista é um grande escavador da mente humana. Ele busca no inconsciente respostas através da associação livre de ideias, e a dinâmica psicoterápica acontece quando, através da fala, o paciente faz uma seleção das palavras que quer utilizar para criar um sentido coerente com a mensagem que pretende compartilhar. A partir desse processo de seleção, que é mais ou menos rápido, costumam aparecer as falhas na linguagem. Alguns exemplos são os atos falhos, lapsos, esquecimentos, as repetições, etc. Estas falhas nas conversas fora do contexto terapêutico não costumam ser analisadas no contexto analítico, porém, elas têm enorme importância para classificar sintomas e traumas.

Já a Psicologia tem como objeto de trabalho, o estudo da mente humana e o seu funcionamento – saudável e patológico – através da análise do comportamento. Teoricamente, ela refere-se à um campo das ciências humanas, enquanto a psicoterapia se refere ao conhecimento desenvolvido por esta ciência e sua aplicabilidade. Vale dizer que existem vários tipos, formas e métodos de psicoterapias cujas qualidades definem as diferentes escolas de pensamento da Psicologia. O psicólogo faz uso de métodos e técnicas psicológicas com o intuito diagnóstico, para facilitar a abordagem de orientação e seleção profissional, orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento, caso necessário.

E temos também um outro profissional de saúde mental que possui destaque neste cenário: o Psiquiatra. Ele é formado em Medicina com especialização em Psiquiatria. Habilitado para lidar com problemas de ordem mental, pode receitar o uso de medicamentos que interferem no funcionamento do cérebro através de suas substâncias químicas. A psiquiatria trabalha o lado da doença propriamente dita. O Psiquiatra lida com os sofrimentos mentais de natureza orgânica ou funcional para fins de prevenção, tratamento ou reabilitação do sujeito acometido por manifestações psicológicas mais ou menos severas. Seu trabalho consiste no alívio do sofrimento e na promoção do bem-estar psíquico amparado por auxilio medicamentoso.

Enfim, entender qual a função de cada profissional ligado à saúde mental é primordial para iniciar a busca pela melhora do quadro ou da queixa do cliente/paciente. É sempre indicado procurar, de forma adequada, ajuda na construção de uma qualidade de vida aceitável e em maneiras de enxergar a si mesmo e aos outros, sempre com o cuidado de separar corretamente os papéis de cada personagem, ajustando a necessidade ao profissional correto, considerando-se os fatores suscitados sobre as especificidades e atuações de cada um, na área física, mental ou pessoal. Fica claro, portanto, que existe uma linha tênue que deve ser observada para não misturar terapia com métodos de coaching, correndo o risco de mascarar déficits psíquicos que podem levar o indivíduo a desenvolver traumas e transtornos sérios. Afinal, com a saúde mental não se brinca. Busque métodos e práticas psicológicas que investiguem ou estudem os processos psíquicos mais profundos, visando a resolução ou tratamento dos problemas através do amadurecimento do ego e da desconstrução do inconsciente. Benefícios estes que podem ser adquiridos através da terapia a partir do controle emocional, uma vez que ela é uma ciência de métodos próprios que promovem o autoconhecimento e a cura pelas palavras.

Dra. Andréa Ladislau
Psicanalista

* Doutora em Psicanálise

* Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de
Ciências Sociais

* Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde

* Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social

* Professora na Graduação em Psicanálise

* Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US
Ambassador In Niterói

* Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em
Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo.

* Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint
Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada,


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