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Cepal escolhe projeto da Embrapa entre os mais transformadores para a sustentabilidade

Um projeto desenvolvido na região amazônica pela Embrapa há quase três décadas foi selecionado entre os de maior potencial para impulsionar a sustentabilidade ambiental no País. O Tipitamba, voltado a orientar produtores familiares a adotar práticas sustentáveis, está entre as 15 propostas selecionadas pelo Big Push Ambiental no Brasil da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), braço da Organização das Nações Unidas (ONU). Com isso, o trabalho passou a compor a publicação “Investimentos transformadores para um estilo de desenvolvimento sustentável: estudos de casos de grande impulso (Big Push) para a sustentabilidade no Brasil”.

Acesse a matéria completa na Agência Embrapa de Notícias

O Tipitamba nasceu em 1991 propondo viabilizar um futuro sustentável aos produtores familiares da Amazônia, por meio do manejo sustentável da mata secundária, a capoeira, no preparo da área para plantio e no pousio. Essa vegetação deu nome ao projeto. Tipitamba, na língua dos índios Tyriós, significa vegetação secundária, exatamente as áreas que eram tradicionalmente derrubadas e queimadas para o plantio, principalmente, das culturas de mandioca.

Além de ambientalmente mais sustentáveis, as tecnologias passadas aos produtores familiares se mostraram mais rentáveis que os métodos anteriores, melhorando a qualidade de vida dessas populações. As ações do Tipitamba envolvem transferência de tecnologias voltadas a recuperação de áreas alteradas, redução do uso de agrotóxicos, transição produtiva agroecológica, sistemas agroflorestais, diversificação da produção agrícola, segurança e soberania alimentar, melhoria da renda, mitigação dos impactos ambientais e o compartilhamento de conhecimento entre todos os atores envolvidos.

29 anos de transformação participativa

O projeto teve início quando a Embrapa Amazônia Oriental (PA) assinou uma cooperação técnico-cientifica com as universidades alemãs de Göttingen e de Bonn por meio do programa Studies of Human Impact on Forest and Floodplains in the Tropics (Shift). Ao longo dos anos, o Tipitamba transformou-se em uma rede mantendo o objetivo de propor alternativas tecnológicas, socioeconômicas e ambientalmente sustentáveis para a agricultura familiar amazônica.

A pesquisadora da Embrapa Tatiana Sá, uma das idealizadoras do projeto, se emocionou com a seleção e considera que o reconhecimento se deu por causa de seu pioneirismo e pela trajetória continuada. “Nossa atuação aborda, ao longo dos anos, em caráter multidisciplinar e interdisciplinar, temas associados às diversas dimensões da sustentabilidade, como a formação de pessoal, em vários níveis, e a preocupação com formulação e aplicação de políticas públicas”, explica a cientista.

O artigo científico que permitiu à experiência paraense figurar entre os 15 mais do Big Push Sustentabilidade da Cepal foi intitulado “Projeto Tipitamba – Transformando paisagens e compartilhando conhecimento na Amazônia”. “Esse resumo diz muito sobre a própria evolução e transformação do projeto,” lembra o pesquisador Osvaldo Kato.

“O aprendizado é que é possível viver essa transformação, com trabalhos de longa duração, promovendo ações de desenvolvimento territorial sustentável para pequenas e médias propriedades na Amazônia. Tipitamba é a prova de que o sonho da sustentabilidade é realizável”, enfatiza Kato.

A mudança responsável pelo sucesso do programa, de acordo com o cientista, é a valorização do conhecimento do agricultor, o que possibilita que ele seja o agente da transformação. “De produtor para produtor, com a pesquisa atuando como mediadora, sistematizando processos e tecnologias, é mais fácil fazer a inovação chegar aos produtores e ser aceita por eles”, pondera o pesquisador, ressaltando que a participação do produtor continua sendo uma das características mais fortes do projeto

A seleção

Foram inscritas 131 experiências e projetos. Destes, 66 foram selecionados e incluídos no Repositório de casos sobre o Big Push para a Sustentabilidade no Brasil. Além de figurar nesse grupo, o projeto desenvolvido pela Embrapa ainda se classificou entre os 15 estudos de casos mais transformadores.

De acordo com a Cepal, para integrar essa última lista, os projetos precisavam comprovar indicadores reportados nas dimensões social, econômica e ambiental, além de se submeterem à análise dos vínculos do caso estudado com o Big Push para a Sustentabilidade e com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Foram escolhidos trabalhos que apresentam uma abordagem renovada para apoiar os países da região na construção de estilos de desenvolvimento mais sustentáveis e baseados na coordenação de políticas de promoção de investimentos transformadores. “Unindo teoria e prática, esses casos ilustram as amplas possibilidades para a realização de investimentos sustentáveis em várias práticas e tecnologias sustentáveis (desde sistemas agroflorestais até o desenvolvimento da indústria eólica) e por meio de uma rica pluralidade de medidas, políticas, arranjos de governança, fontes de financiamento e escalas de atuação”, ressalta o texto oficial da Cepal

Vidas e paisagens transformadas

Luciano Braga Rocha, agricultor familiar e técnico agrícola de 38 anos, ainda era um menino quando acompanhava a dura lida do pai, Elias Pinto Braga, no sítio de 25 hectares, no município de Igarapé-açu, nordeste do Pará. Todos os anos, ele via o pai derrubar a capoeira e tocar fogo para plantar mandioca, feijão e milho. Trabalho penoso que exauria o chefe da família, mas também a terra, que ficava menos produtiva e menos verde.

A mudança começou a ocorrer quando em meados da década de 1990 pesquisadores da Embrapa chegaram à região propondo uma mudança no modo tradicional de cultivo da terra. No princípio, Rocha lembra que a família desconfiou e demorou a aceitar a ideia de “plantar pau”, como chamavam o plantio de árvores, e não mais queimar a capoeira para fazer as roças. Aos poucos e com muita conversa, foram transformando e adaptando o modo de fazer, aliando as novas tecnologias que eram propostas pelos pesquisadores ao estilo de vida e cultivo tradicional da região.

O fogo deu lugar ao corte e à trituração da vegetação para a limpeza das áreas de plantio. Mudas de espécies florestais e frutíferas, já conhecidas e até comuns nos quitais ao redor das casas, foram enfileiradas no terreno que antes só recebia as culturais anuais, que também continuaram lá. Só que o feijão, o milho e a mandioca passaram a ser consorciados com uma variedade de espécies.

Passados quase 30 anos, a propriedade se transformou em modelo e vitrine para os vizinhos e hoje colhe uma diversidade de produtos, que vão de frutas, horta, farinha e grãos até pequenos animais. O verde voltou ao sítio, assim como melhorou a qualidade de vida e renda da família Rocha.


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