Conheça Rozana Barroso, a nova presidente da UBES

Devido a pandemia este ano não aconteceu o 43º Conubes (Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), que tinha data prevista para acontecer entre 30 de abril e 3 de maio. Mas a entidade foi a primeira a fazer a transição de diretoria dos movimentos sociais neste momento e para quem assume para comandar a Ubes, provisoriamente, é a estudante de cursinho pré-vestibular, Rozana Barroso. Mulher e negra, a estudante chamou para si a tarefa de estar a frente da entidade que representa 42 milhões de estudantes brasileiros ( nível fundamental, médio e pré-vestibular).

Rozana tem 21 anos, é formada no ensino médio e no técnico em Análises Clínica, e assumiu a direção da UBES em um momento que exigia grande mobilização, o adiamento do Enem e o pedido prorrogação do período de inscrições do exame por conta da pandemia da COVID-19. Devido sua articulação com estudantes secundaristas, a entidade foi uma das responsáveis por fazer o governo recuar e adiar a prova em até 60 dias.

"Consideramos uma vitória, porém estou em constante estado de alerta quanto a sua aplicação, para reivindicar uma data que não prejudique nenhum estudante, afinal não sabemos até quando as aulas estarão suspensas, então o exame deve levar em conta o ano letivo de 2020. E também defendo a criação de uma comissão formada por especialistas em educação, professores, estudantes, secretários da área para debater com o INEP as melhores datas", observa Rozana.

Conheça a nova presidente

Natural de Campos de Goytacazes, Rio de Janeiro, ela se prepara para o Enem em um curso pré-vestibular popular. Rozana também já cursou o Ensino Técnico em Análises Clínicas, após o ensino médio. Seu objetivo agora é entrar em Biomedicina.

"Comecei a trabalhar com 14 anos e serei a primeira da minha família a ingressar no ensino superior, por isso entendo a urgência em defender o seu acesso democrático. Minha militância é bastante centrada no desafio de criar condições a levar os jovens à universidade ", acrescenta.

A estudante tem três irmãos secundaristas em escola pública, além de seus pais, que atualmente cursam o Ensino de Jovens e Adultos (EJA). “Esse é um dos motivos que me impulsionam a defender uma educação pública de qualidade”, conta Rozana, que participa do movimento estudantil desde 2013.

Ainda criança, Rozana sonhava em ser professora, já que a avó lecionava matemática. "Foi nesta época que me encantei pela educação como um todo. E percebi a urgência de lutar por sua qualidade, gratuidade e acessibilidade a todos e todas."

Desde 2017 Rozana já compunha a Direção da UBES, na pasta de Escolas Técnicas. A estudante ganhou destaque por conta da sua força de mobilização, pois esteve à frente de uma das maiores manifestações populares recentes: o Tsunami da Educação, contra os cortes de verbas na educação, incluindo os Institutos Federais.

Preparada para a luta

Para a gestão que começa, Rozana conta que irá amplificar a luta para garantir a perspectiva de futuro da juventude, com educação e emprego. "O caminho envolve criar condições para conter a evasão escolar e defender a qualidade das escolas. Além disso, lutar para o acesso universal da educação, pela juventude periférica, rural, negra, indígena e LGBT´s. Tudo isso, reforçando a luta contra o machismo e pelo igualdade de gênero”, explica.

Mas como Rozana assumiu no “olho do furacão” de uma pandemia mundialmente histórica, duas pautas se fazem urgentes. “O acesso irrestrito à internet pelos estudantes é fundamental, assim como a alimentação por meio das merendas escolares. Essas são condições essenciais para diminuir a desigualdade e oferecer mais oportunidades para todos os estudantes secundaristas”, diz.

Outra prioridade para a UBES nesta gestão é o combate à desinformação, desde às fake news, quanto a negação da história brasileira. "Isso aliado a continuidade da construção de grandes lutas como o combate à violência nas escolas e a luta contra o genocídio da juventude negra".