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Como lidar com o machismo cultural e estrutural?

Por que ainda somos a família que educa o motorista do aplicativo?

Há algumas semanas uma menina pegou um carro de aplicativo e durante sua viagem, apesar de demonstrar claramente que não queria as investidas do motorista, passou por uma situação de assédio sexual.

O individuo alegou que a culpa do assédio era da adolescente, porque ela estava vestindo um short curto, como também culpou a forma como ela estava sentada.

Esse triste e lamentável fato mostra como o machismo cultural e estrutural faz parte da sociedade, enrustido na piadinha de todos os dias, até a violência declarada, como neste caso.

Machismo é um preconceito, expresso por opiniões e atitudes, que se opõe à igualdade de direitos entre os gêneros, favorecendo o gênero masculino em detrimento ao feminino. O pensamento machista é cultural e inerente aos diversos aspectos de uma sociedade, como a economia, a política, a religião, a família, a mídia, as artes, etc. Tendo sido normalizado por muito tempo, há apenas algumas décadas esse comportamento é problematizado, pelos movimentos, que buscam pela igualdade de gênero, isto é, pela extinção da cultura machista nos diversos âmbitos da sociedade. Mas não é todo mundo que concorda que o machismo deve ser combatido, o que faz com que, apesar dos esforços, ele ainda esteja presente em tantos ambientes.

De acordo com a Educadora em Sexualidade Lilian Macri , o machismo tem sido a causa de muitos abusos e crimes cometidos contra o gênero feminino. “Claro, fiquei revoltada e até enjoada quando vi o vídeo e imaginei minha filha de 16 anos naquela situação! Mas, outra pergunta veio à minha mente: o que estou fazendo para que meu filho de 9 anos não seja o motorista do aplicativo? Nossos filhos não nascem machistas e não existe trabalho científico sério e ético que sustente que a testosterona é a causa deste tipo de comportamento. Quero dizer que educamos nossos filhos para isso, em relações abusivas que existem em número muito maior e muito mais próximo de nós que imaginamos e às vezes estamos numa sem nem percebermos. E quando falo em relação abusiva muitas vezes não é aquela onde existe violência declarada com luta física, e sim aquela velada, onde o pai decide que roupa a mãe usa (maquiada pela crença que ele me ama e tem ciúmes de mim), onde pais e mães deixam o irmão decidir a roupa da irmã, onde as liberdades de uma mulher são retiradas aos poucos em nome do amor. E você acha que seu filho não está vendo nada? Na verdade, ele esta aprendendo um modelo de se relacionar com mulheres onde há objetificação dela, no dia a dia”, explica a educadora.

Macri acrescenta que o machismo não impacta somente as mulheres. “O machismo é prejudicial também para os homens, desde, não ter os devidos cuidados com a saúde até a exposição à violência nas ruas que aumenta quando criamos o menino para não levar desaforo para casa. Aprendemos a relacionar autocuidado com o corpo e sentimentos com fraqueza. Na ânsia de cuidar para que nossos meninos sejam “machos de verdade” e não seres humanos com sentimentos e necessidades, nós nos perdemos no caminho. Não podemos mais negar que tenhamos de fazer diferente. A grande questão é que para fazermos diferente precisamos aprender a lidar com as nossas próprias dificuldades e sentimentos e não fomos treinados para isto. As gerações anteriores lidavam com sentimentos de forma prática: simplesmente os negavam e tocava o barco. Se não consigo lidar com meus próprios sentimentos e dificuldades, como vou conseguir ajudar meus filhos, netos, sobrinhos, alunos?”, reflete.

Para a especialista a forma de combater o machismo cultural e estrutural é a disposição que os pais têm para entender a necessidade da mudança e voltar a serem alunos e aprender por seus filhos. E assim, oferecer uma educação sadia, livre de preconceitos e crenças que limitam e reprimem.

Sobre Lilian Macri

Mãe, médica (CRM 99193), pós-graduada em sexualidade pela Universidade de São Paulo, em educação em sexualidade pela UNISAL e especialista em terapia sexual pela SBRASH.

Autora do livro "Mamãe, o que é sexo? Vem que eu te ajudo com a resposta!", com a proposta de sanar dúvidas, esclarecer o papel da família e da escola, alertar sobre a prevenção de abuso sexual infantil e ajudar pais e educadores, através de uma metodologia, desenvolver uma educação em sexualidade sadia e eficiente.

Atua como colaboradora do Projeto Afrodite da UNIFESP, no ambulatório de disfunções sexuais femininas. Atende em seu consultório e ministra palestra sobre sexualidade pelo país, com foco em orientação de famílias e educadores sobre a sexualidade infantil.

É idealizadora do Método Educando para a Vida, que visa à inclusão da família e da escola na construção de valores éticos com os filhos/alunos, priorizando a humanização das relações e pessoas envolvidas. A ideia é trabalhar os três pilares: família, escola e filhos/aluno.


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