Nadadora gaúcha estreia em desafio no Amazonas

O desejo de se desafiar e vencer obstáculos é o combustível de qualquer atleta. Não seria diferente para a nadadora ultramaratonista Sabrina Mazzola, 38, que será a primeira gaúcha a participar do Amazon Challenge 30km. Realizado no Rio Negro, no Amazonas, o trajeto é conhecido por adversidades como alta temperatura, elevado grau de acidez, água densa e fortes correntezas. A janela já está marcada: Sabrina se prepara para encarar o percurso entre os dias 7 e 11 de agosto – como é um desafio e não uma competição, será apenas ela e o barco de apoio.

Existem três ultramaratonas na modalidade solo (desafio) no Brasil, e Sabrina já fez duas delas – ambas no mar, com temperatura da água baixa. Se até agosto nenhuma mulher fizer as três provas, ela será a primeira mulher a completá-las. “Nado travessias desde os 13 anos, mas desde os 31 venho aumentando os meus desafios. Quando comecei a nadar ultramaratonas, descobri que a preparação deve ser levada muito mais a sério, exigindo disciplina em dobro, e me apaixonei por tudo isso. Sinto que minha vida fica mais organizada e que tudo é possível quando estou focada em um desafio”, comenta a nadadora. “Superar tantas dificuldades durante a preparação e na prova em si me dá forças para enfrentar os obstáculos da vida, me sinto muito capaz. Por isso, estou muito animada com o Amazon Challenge”, acrescenta.

Para fazer bonito em sua estreia, Sabrina Mazzola mantém uma rotina intensa de treinos e exercícios sempre que pode. “Nado em piscina de seis a sete vezes por semana e, eventualmente, também em águas abertas – principalmente no Rio Guaíba e na Lagoa dos Patos”, comenta. Terapia Funcional do Esporte, pilates, alongamentos, auto liberação miofascial e acompanhamento com nutricionista completam os cuidados de Sabrina com a saúde do corpo e da mente.

Um nado possível

Os custos de um desafio como o Amazon Challenge são bastante elevados, especialmente para uma atleta como Sabrina, que, literalmente, atravessará o país. Além da inscrição, ela terá despesas com deslocamento, acomodações e preparação. “Sou nadadora amadora, ou seja, nado nas horas vagas do meu trabalho, então faço um grande esforço para encaixar o treinamento na rotina e uma super ginástica para fazer tudo caber no meu orçamento. É bem sacrificante, mas amo nadar e amo desafios. Não consigo imaginar minha vida sem tudo isso”, salienta.

Para essa braçada ser possível, Sabrina busca parcerias com empresas, oferecendo cotas de patrocínio Bronze (R$ 250), Prata (R$ 500) e Ouro (R$ 1.000), além de apoio com produtos ou serviços. Entre as contrapartidas estão postagens no Instagram @atletasamazzola (feed e stories), roupas personalizadas (camiseta, maiô e touca) e chamada com nome e segmento da empresa em apresentações e palestras realizadas por ela. Entusiastas do mundo esportivo também poderão contribuir adquirindo itens que em breve estarão à venda no site da nadadora (sabrinamazzola.com.br).

Trajetória da atleta

Brasileira nascida em Porto Alegre e cidadã italiana, Sabrina Mazzola ingressou no mundo aquático desde quando nasceu, em 1982: seus pais a colocaram nas aulinhas de natação aos 6 meses de vida e, desde então, houve poucas interrupções na prática do esporte. Aos 12 anos foi convidada a integrar a equipe federada do clube Grêmio Náutico Gaúcho, da qual fez parte até os 21, quando passou a competir pela equipe Master do mesmo clube. Sabrina nadou sua primeira prova de águas abertas aos 13 anos, a Travessia de 3km em Tapes (RS). Dois anos mais tarde fez sua primeira prova longa, a tradicional Travessia do Pontal de Tapes, de 7,6km.

Apesar de as competições em piscina terem sido o foco até praticamente seus 31 anos, nesse período a nadadora participou de diversas provas de águas abertas, inclusive consagrando-se campeã da categoria Sênior nos Campeonatos Brasileiro e Gaúcho em 2002, ano no qual nadou sua primeira maratona (10km). Nesse mesmo período, as experiências em águas abertas aumentaram em número e distância, tendo como palco águas de várias regiões do Brasil e da Itália.

Em 2016, Sabrina nadou sua primeira ultramaratona na Travessia 14 Bis 24km, em São Paulo. No ano seguinte, tornou-se a segunda mulher a nadar a Travessia do Leme ao Pontal 36km, no Rio de Janeiro. Já em 2019 foi a terceira mulher a nadar a Travessia da Ilha do Arvoredo 25km, em Santa Catarina. A oportunidade de novas experiências, desafios e superação de limites fez com que a nadadora se apaixonasse pelas ultramaratonas aquáticas, tendo essas provas como meta principal atualmente.