Como investidores vêem o empreendedorismo feminino?

Os fundos de venture capital escolhem startups altamente promissoras para transformá-las em corporações valiosas, tomando risco para multiplicar o retorno de seus investidores. Foi assim com o Facebook, por exemplo, criado em 2004 e investido pelo fundo Accel.

Em 2014, os fundos de venture capital somaram US$ 87 bilhões de dólares em investimentos no mundo, sendo que os fundos americanos foram responsáveis por 60% desse valor, com US$ 52,1 bi investidos, e os europeus por 12%, com US$ 10,6 bi investidos.

Já em 2016 os fundos americanos investiram cerca de US$ 60 bilhões, porém apenas 2% desse total foi investido em empresas lideradas por mulheres, embora elas sejam 38% do total de empreendedores nos Estados Unidos.

Esses dados levantam uma pergunta: por que as mulheres estão recebendo tão pouco investimento?

Duas pesquisas, uma americana e uma sueca, se propuseram a responder esta pergunta através da observação de interações entre investidores de VCs e empreendedores. A primeira pesquisa consistiu em analisar quais perguntas os investidores faziam para empreendedores e empreendedoras em uma competição de startups. A segunda pesquisa consistiu em analisar os comentários que investidores realizavam em reuniões fechadas, após a apresentação das startups.

O que diz a pesquisa americana

É importante notar que a pesquisa americana também mostrou que os empreendedores da amostra receberam 5x mais investimentos do que as empreendedoras nas rodadas acompanhadas. A análise das perguntas que os investidores fazem aos empreendedores foi feita de acordo com a teoria do foco regulatório, que divide as abordagens entre:

Orientação de promoção, que significa que a abordagem se concentra em esperanças, conquistas, avanço e ideais

Orientação de prevenção, que significa que a abordagem se concentra em segurança, responsabilidade e vigilância

A pesquisa americana descobriu que 67% das questões colocadas para os empreendedores homens eram orientadas para a promoção, enquanto 66% das perguntas para empreendedoras estavam orientadas para a prevenção. Por exemplo, ao perguntar sobre projeções para os homens, os investidores focaram em possibilidades de crescimento; para as mulheres os investidores focaram em estabilidade:

Esta diferença de questionamento parece ter consequências substanciais de financiamento para as startups. Ao responder a questões de promoção, os empresários masculinos reforçam sua associação com o domínio favorável dos ganhos. Já as mulheres, que respondem a questões de prevenção, involuntariamente penalizam suas startups permanecendo no domínio das perdas. No que diz respeito ao financiamento de risco como venture capital, os empreendedores precisam convencer os investidores do potencial de suas startups, não basta simplesmente demonstrar que eles não perderão dinheiro.

Os pesquisadores calcularam que, para cada pergunta de prevenção adicional direcionada a um empreendedor, sua startup captou U$ 3,8 milhões a menos, em média, controlando outros fatores como necessidades de capital, qualidade das startups e experiência dos empreendedores. Descobriu-se que a prevalência de questões de prevenção explicava a relação entre gênero do empreendedor e o investimento em sua startup.

O que diz a pesquisa sueca
No caso da pesquisa sueca, que analisou os comentários que investidores de VCs realizavam em reuniões fechadas, as evidências foram ainda mais desconcertantes. Com exceção de poucos investidores, a maioria reproduz estereótipos de mulheres como tendo qualidades opostas às consideradas importantes para ser empreendedor, questionando a credibilidade, experiência e conhecimento delas.

Por outro lado, ao avaliar os empreendedores homens, os investidores se basearam em crenças estereotipadas sobre homens que reforçaram seus potenciais como empreendedores. Foram geralmente descritos como assertivos, inovadores, competentes, experientes, sábios e com redes de contato estabelecidas.

Baseadas nas descobertas, os pesquisadores então desenvolveram personas para os empreendedores, que estão ilustradas abaixo com citações de falas dos investidores.

Esta diferença de questionamento parece ter consequências substanciais de financiamento para as startups. Ao responder a questões de promoção, os empresários masculinos reforçam sua associação com o domínio favorável dos ganhos. Já as mulheres, que respondem a questões de prevenção, involuntariamente penalizam suas startups permanecendo no domínio das perdas. No que diz respeito ao financiamento de risco como venture capital, os empreendedores precisam convencer os investidores do potencial de suas startups, não basta simplesmente demonstrar que eles não perderão dinheiro.

Os pesquisadores calcularam que, para cada pergunta de prevenção adicional direcionada a um empreendedor, sua startup captou U$ 3,8 milhões a menos, em média, controlando outros fatores como necessidades de capital, qualidade das startups e experiência dos empreendedores. Descobriu-se que a prevalência de questões de prevenção explicava a relação entre gênero do empreendedor e o investimento em sua startup.

O que diz a pesquisa sueca
No caso da pesquisa sueca, que analisou os comentários que investidores de VCs realizavam em reuniões fechadas, as evidências foram ainda mais desconcertantes. Com exceção de poucos investidores, a maioria reproduz estereótipos de mulheres como tendo qualidades opostas às consideradas importantes para ser empreendedor, questionando a credibilidade, experiência e conhecimento delas.

Por outro lado, ao avaliar os empreendedores homens, os investidores se basearam em crenças estereotipadas sobre homens que reforçaram seus potenciais como empreendedores. Foram geralmente descritos como assertivos, inovadores, competentes, experientes, sábios e com redes de contato estabelecidas.

Baseadas nas descobertas, os pesquisadores então desenvolveram personas para os empreendedores, que estão ilustradas abaixo com citações de falas dos investidores.