O que você precisa saber para começar a montar uma carteira de investimento em 2018

Agora que 2018 começou oficialmente, é preciso preparar o bolso para um ano que promete fortes emoções, algumas turbulências e, com certeza, muitas incertezas. A palavra de ordem para o ano vigente é prudência: é preciso ter bastante cautela na hora de investir para evitar baixos retornos, ou, ainda pior, prejuízo.

O cenário é de oscilação e certa insegurança: o ano de eleições, principalmente quando o consideramos no início, é marcado por agitação tanto no âmbito político, quanto no econômico; por isso, os impactos nos investimentos serão mais significativos nesse ano. Para José de Oliveira, especialista em finanças, é época de ter equilíbrio: "existem aplicações mais rentáveis, com menos riscos, e elas devem ser usadas para balancear a carteira".

Diante das oscilações na conjuntura do país, o mais indicado é garantir a diversificação nos investimentos. Segundo relatório da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), serão necessários ainda mais esforços dos agentes financeiros para garantir a estabilidade necessária, ainda que a trajetória de crescimento das carteiras, de maneira geral, tenha sido elevada no primeiro mês de 2018.

Mas como montar uma carteira que seja adequada ao perfil de investidor? Segundo José, o ideal é fazer uma análise detalhada sobre suas finanças pessoais. "Quanto mais familiaridade você tem com seu orçamento, suas contas e seus objetivos, melhor pode administrá-los", completa. Desse modo, não é válido adquirir a mesma carteira que outras pessoas, pois não necessariamente ela será adequada para suas metas.

Segundo boletim da ANBIMA Private Banking 2017, a carteira de ativos dos brasileiros possuía, em média, a seguinte porcentagem:

Fundos de Investimentos: 33,6%;
Títulos e Valores Mobiliários: 33,9%;
Poupança:26,5%,
Renda variável: 6%.

Para esse ano, contudo, a carteira de investimentos deve sofrer algumas modificações a fim de garantir melhores resultados. Como demonstrado no boletim de fundos da ANBIMA, as rentabilidades mais significativas ocorreram nos fundos de ações, com acréscimo de 5,2% a 12,8%. As carteiras de renda fixa e multimercados também merecem destaque com relação aos rendimentos, porém não tão consideráveis quanto os primeiros.

Com a Selic estagnada em 7% ao ano, de acordo com a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a poupança não é um investimento tão rentável e, por isso, muito embora seja um dos investimentos mais queridos entre os brasileiros, deve sofrer uma queda nas carteiras.
Política Nacional
É importante salientar que o cenário pode ser modificado diversas vezes ao longo do ano. Isso porque, segundo relatório da Órama, os candidatos à eleição considerados mais "radicais" possuem mais chances de chegarem ao segundo turno. Como sabemos, as decisões políticas estão fortemente atreladas à economia e, por isso, esta pode sofrer grande impacto, principalmente quando consideramos o câmbio.

Para o analista de importações e especialista em relações internacionais, Lucas Bastos, as mudanças políticas impactam consideravelmente na economia. "É bastante comum que quaisquer decisões políticas resultem em mudanças econômicas. Por exemplo, com as delações na Lava Jato, houve um Circuit Breaker na Bovespa, algo que não tinha acontecido há cerca de 20 anos".

Circuit Breaker é quando a Bovespa interrompe as negociações por certo tempo devido a uma queda generalizada no preço das ações, em períodos de muita turbulência, para proteger os investidores. "Isso só prova como esse cenário de incerteza em 2018 pode impactar no bolso das pessoas fortemente", completa Lucas.

Outro ponto fundamental apresentado no relatório da Órama, feito pelo economista Alexandre Espirito Santo, é a situação fiscal brasileira, pois serão necessários investimentos expressivos de empresários para ajustar o crescimento do país. No entanto, para José de Oliveira, não é o momento de arriscar, "o perfil de investidor é fundamental para entender onde aplicar seu dinheiro. É preciso ter cuidado, não dá para sair arriscando todas as fichas em uma única aposta", acrescenta.
Mudanças nos Estados Unidos
As mudanças no cenário internacional também impactam diretamente os investimentos, ainda mais com a mudança de comando do FED, Banco Central Americano, agora em fevereiro. Isso porque ele é o responsável por definir o valor do dólar e, por conseguinte, o valor do dinheiro que circula pelo mundo todo. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nomeou Jerome Powell como novo presidente do FED e os impactos relacionados aos juros americanos podem influenciar negativamente o fluxo de recursos direcionados para outros países, como o Brasil.

Apesar da instabilidade, José de Oliveira concorda com o relatório da Órama quanto à recessão. "Devemos ter cuidado nos investimentos, mas há um clima otimista para 2018". Como visto anteriormente no relatório da ANBIMA, o mercado financeiro apresenta sinais claros de crescimento e a crise parece ter ficado em 2017.
Como montar a carteira?
Apesar de conturbado e incerto, quem diversificar os investimentos pode garantir melhores retornos em 2018. No ano passado, conforme mostra no relatório da Órama, quem investiu em carteiras de investimentos equilibradas, conseguiu retorno acima de 10% ao ano, isto é, mais do que o CDI.

Assim, de maneira generalizada, para balancear os investimentos e sobreviver ao cenário conturbado, o ideal é dividir a maior parte do seu patrimônio em renda fixa, até 60%, até 30% em renda variável é e não se esquecer de fundos e multimercado. Como lembra José de Oliveira, "basta ajustar essas proporções de acordo com seu perfil: se prefere arriscar mais, diminua um pouco a renda fixa".

De maneira geral, o ano está apenas começando e as mudanças no âmbito político podem se agravar ou, surpreendentemente, manterem-se mais estáveis. Os riscos e impactos que podem causar nos investimentos ainda são difíceis de serem avaliados e, por esse motivo, é imprescindível ter bastante cautela.

De qualquer modo, é sabido que, ao investir bem, por causa da volatilidade do mercado, é possível garantir bons retornos, mas, o mais importante, é contar com a orientação de profissionais qualificados e experientes.

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